Extrema a Fechados: uma rota estratégica!

A Cachoeira do Horizonte em Fechados
Que o Espinhaço é um Mundo ninguém duvida. Difícil é escolher qual rota seguir primeiro, tamanha são as suas possibilidades; sempre com beleza e diversão garantidas!

Porém, o mais interessante de tudo isso é que, com o passar do tempo o caminhante pode adquirir bom conhecimento de grandes áreas; e no futuro interligá-las ao seu bel prazer. É como se fosse a montagem de um quebra cabeças, uma brincadeira de criança...

A Travessia Extrema a Fechados é um exemplo dessa possibilidade; que embora seja uma rota antiga, infelizmente é ainda pouco realizada por Montanhistas.

Sua importância se dá na sua estratégica localização, permitindo que em outras ocasiões o caminhante possa explorar com maior confiança toda aquela banda que nomeou essa importante área do Espinhaço: a verdadeira Serra do Cipó!

Relato Dia 1

Capela de São Sebastião no Arraial de Extrema
Com o objetivo de apresentar novas áreas e possibilidades aos amigos montanhistas, partimos de Belo Horizonte por volta de 2h00 da madrugada do dia 22 de outubro com destino ao arraial de Extrema, município de Congonhas do Norte.

Viagem tranquila, pouco antes das 6h00 chegamos ao pacato lugar, estacionando nos fundos da Igrejinha de São Sebastião.

Fiz questão de passar por lá porque ali é o ponto inicial dessa Travessia; sobretudo para quem estiver à pé! Àquela hora, tudo estava quieto pelo lugar, inclusive o comércio que existe por lá, resumido a uns dois butecos!

Nota: Algumas imagens desse relato são de outra ocasião; pois dessa vez perdi parte dos registros. De toda forma, as imagens retratam os pontos principais referidos no relato.


Rota realizada e disponibilizada no Wikiloc
Além de possibilitar estudar e visualizar a região, você poderá baixar este tracklog (necessário se cadastrar no Wikiloc); e inclusive utilizá-lo no seu GPS ou smartphone (necessário instalar aplicativo). Recomendamos que utilize esta rota como fonte complementar dos seus estudos. Procure sempre levar consigo croquis, mapas, bússola e outras anotações que possibilitem uma aventura mais segura.
Caso não sinta seguro o suficiente para realizá-la, é altamente recomendável contratar um guia ou um companheiro de viagem. Quanto melhor for o seu planejamento, melhor será o seu aproveitamento. Recomendável que leia este relato para melhor compreender esta rota.
Pratique a atividade aplicando os Princípios de Mínimo Impacto

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Apenas alguns registros da Capelinha e novamente reembarcamos, percorrendo a via principal do arraial que é a mesma da chegada. Rapidamente chegamos em uma bifurcação. Tomamos à esquerda, adentrando pelo início da Estradinha Transamante.

Seguimos nesta por menos de 1 km; quando chegamos aonde há um mataburro com uma porteira; sendo rodeada por uma matinha. É nesse ponto que desmama a trilha da Travessia Extrema a Fechados. Desembarcamos, fizemos desejum, ajeitamos as tralhas e despedimos do nosso resgate.

O início da trilha ao lado direito da Transamante
Beirava 7h00 quando começamos a caminhada pela trilha batida que parte à direita da Transamante. Contornamos a vizinha capoeira e logo à frente tomamos novamente à direita, entrando pelos campos suaves do Espinhaço.

O tempo estava parcialmente nublado e a temperatura agradável; ideal para caminhadas.

Em pouco mais de dez minutos de caminhada chegamos até um casebre de placas pré fabricadas à esquerda da trilha. Poucos metros abaixo do casebre e com fina matinha ciliar cruzamos a primeira água do dia, quando aproveitamos para nos abastecer.

Metros adiante cruzamos uma porteira e saímos novamente pelos campos. À nossa direita e mais abaixo terras mais úmidas e por isso recoberta por capoeiras. Algumas casas e sítios estão à nossa direita, um pouco distantes da trilha.

Casa da Dona Geralda
Ao fundo, face leste da Serra Talhada
Vamos nos mantendo na trilha principal sentido oeste, ignorando eventuais saídas para a direita ou esquerda, que normalmente levam a casas de locais ou a algum outro ponto.

Cruzamos nova porteira e a trilha apresentou suave declive; para logo à frente subir discretamente; quando cruzamos outra porteira.

Aliás, uma das características dessa rota é o grande número de porteiras e tronqueiras a cruzar; fora aqueles pontos em velhas cercas que certamente até bem pouco tempo havia uma porteira!

Após a porteira tomamos a trilha da esquerda, ignorando a larga saída à direita e que leva para o Distrito de Santa Cruz dos Alves; ou apenas Alves como é conhecido.

Virando o cocuruto tivemos amplo visual das encostas do Espinhaço; em especial o caminho que percorreríamos em subida da face leste da Serra Talhada. Descemos um curto lance e chegamos à casa da Dona Geralda às 7h40. Apesar da barulhada dos cachorros não vimos alma viva no lugar...

Cachoeira Carapinas no Ribeirão Congonhas
Cruzamos uma tronqueira à direita da casa e pela discreta trilha em campos fomos descendo em direção ao vale, chegando à Cachoeira Carapinas às 7h45. Fizemos uma parada para descanso e registros.

A Carapinas é uma pequena queda no Ribeirão Congonhas, porém o lugar é muito bonito e propício a banhos, graças aos bons poços nos remansos do riacho; quase todos rodeados por rochas.

Pelo horário e como o tempo estava nublado, ninguém se animou a experimentar suas águas. Às 7h55 retomamos a caminhada cruzando o próprio Congonhas pelas lajes pouco acima da pequena queda. No leito superior do riacho outro convidativo remanso; dessa vez rodeado por viçosa matinha ciliar.

Trecho percorrido
Tendendo à direita a Casa da Dona Geralda
Passamos por uma abertura na cerca velha e continuamos nossa caminhada rumo leste, agora em suave aclive por um longo e bonito campo. A trilha torna-se bastante discreta, sinal do pouco uso.

Para trás, linda paisagem nos arredores da casa da Dona Geralda; além do lado norte, com vistas para as bandas de Congonhas do Norte e encosta leste da Serra Talhada.

Aproveitei a suave subida para explorar um pouco o nosso amigo Fábio Foschetti do Blog e Canal Mundo Outdoor no Youtube que nos dava a honra da companhia.

Mas, voltando à caminhada; logo a trilha se estabiliza e passamos a beirar escasso fio d'água em leito rochoso mais profundo à nossa direita. Adiante, cruzamos por uma passagem mais uma cerca velha e o próprio fio d'água.

Começamos então a subir mais, tendo à nossa esquerda uma mancha de mata. Imergimos em uma rala capoeira, e a seguir, em um trecho mais aberto. Às 8h45 alcançamos algumas pequenas rochas, quando aproveitamos o lugar para descanso, papo fiado e rápido lanche.

Vista leste desde a virada da Serra Talhada
imediações do Campo Quadrado
Pouco depois das 9h00 retomamos a caminhada, imergindo em uma viçosa matinha com trilha bem marcada. Em aclive bastaram poucos minutos para sairmos novamente em campo aberto, mas ainda em aclive.

Às 9h15 vencemos o trecho em aclive, chegando em um grande campo "plano" e rodeado por morrotes. É o conhecido Campo Quadrado, na Serra Talhada.

O Campo Quadrado é um lugar de grande beleza. Permite visual espetacular para o leste; sendo possível ter a última visão pros lados de Extrema.

Entretanto, naquela manhã algo enfeiava a paisagem do Campo Quadrado: o fogo havia sapecado grande parte do lugar; fruto daquela tradição de queima de campos para renovação das pastagens. Em alguns pontos ainda era possível observar a fumaça saindo de cupinzeiros...

No Vale das Nascentes do Rio Preto
Foto: Sol Mattos
Assim, em poucos minutos cruzamos o Campo Quadrado em direção ao leste. Despontou então à nossa frente o Vale das nascentes do Rio Preto. É um visual muito bonito e de certo modo até inesperado, uma vez que acabávamos de subir a Serra Talhada.

Começamos então a descer por um curto trecho mais íngreme, com alguns lajeados, porém com trilha bem batida.

Em minutos o trecho foi vencido; passamos por uma mirrada fonte de água e cruzamos uma nova porteira, caminhando agora pelo Vale. Ao norte, os paredões oeste da Serra Talhada começam a dar  caras, deixando o lugar bastante isolado e muito mais bonito!

Jardim próximo ao Rio Preto
Foto: Sol Mattos
Na descida do Campo e agora caminhando no plano, cada um vai empregando o seu ritmo; de modo que nas proximidades de uma voçoroca fizemos uma parada para aglutinação.

Voltando a caminhar, logo à frente cruzamos um ponto de água em meio à matinha ciliar; e novamente outra porteira.

A trilha prossegue pelo campo aberto, quando avistamos à nossa direita um curral, cerca de 150 metros da trilha.

A caminhada rende e em minutos chegamos ao Rio Preto às 10h10, que naquele ponto não passa de um mirrado riachinho rodeado pela matinha ciliar. Fizemos uma paradinha para abastecimento e descanso. O lugar é bucólico, inclusive metros antes do riachinho havia um belo e natural jardim de quaresmeiras e outras plantas...

Casa do Batu e D. Cacilda
Às 9h20 seguimos a caminhada agora por uma trilha que se assemelha a uma estradinha, rodeada por um túnel de mata. Cruzamos uma porteira nova e pesada e saímos em trecho aberto, um misto de campos e arbustos.

Em aclive nos dirigimos para uma pequena pedreira poucos metros adiante. À nossa esquerda uma caminhonete estacionada, com alguns homens lidando nas rochas na encosta sul.

Passamos pela pequena pedreira e cortamos caminho pela trilha evitando uma curva da estradinha; onde há saída norte em estrada para o Distrito de Santa Cruz dos Alves.

Interceptamos novamente a estradinha e rodeado por árvores cruzamos uma tronqueira. Caminhando por um beco de cerca, margeamos a "horta" de uma casa e logo a frente, passamos à esquerda de um curral.

Pronto, às 9h35 chegávamos a casa do Batu e da D. Cacilda. Me lembrei de ocasião anterior em que acampei na trilha, pouco adiante da casa. Queriam que eu jantasse de toda maneira; e no dia seguinte, tomei um café na casa deles. Pessoas simples mas muito acolhedoras!

Bom, dessa vez passamos direto; pois ainda tínhamos muito trajeto pela frente. Seguimos a trilha plana entre uma capoeirinha. O tempo ameaçava abrir de vez e começou a fazer calor.

Saímos em área aberta, cruzamos uma tronqueira e seguimos em aclive, tendo à nossa esquerda uma mata; e à nossa direita alguns morrotes recobertos por afloramentos rochosos, sendo que em um deles, menor e mais a leste havia um pequeno Cruzeiro.

Prosseguimos pelo bonito trecho relativamente plano. Adiante novo aclive, cruzamos uma porteira pintada de azul e nas rochas adiante fizemos uma parada para aglutinação e descanso às 9h50.

Às 10h10 retomamos a caminhada, agora em declive por trilhas um pouco erodidas e ainda tendo a mata à esquerda; e um morrote à direita. Ignoramos uma falsa saída à direita e nos dirigimos para o fundo do vale, cruzando uma boa fonte de água e matinha ciliar.

Nesse trecho me mantive mais na rabeira, caminhando de modo tranquilo e compassado. Após a água, a trilha segue pela margem esquerda do pequeno curso d'água e em suave declive.

Adiante já começam a despontar morros do interior do Espinhaço, recobertos por afloramentos mais destacados e muito bonitos. Cruzamos uma porteira de candeia e logo à frente passamos pela região aonde há uma pequenina queda d'água à direita e abaixo da trilha.

Não é possível descer na queda por ali, apenas chegar no curso d'água. O visual se amplia bastante, mostrando na ocasião áreas de campo em recuperação pós queimadas; além de imponentes encostas ao leste!

Placa da Fazenda
Seguimos pela trilha em declive e repleta de cascalho, chegando ao curso d'água que vem da Cachoeirinha; que chamei de Cachoeirinha do Moinho, pois há na margem direita do riachinho uma construção dessas.

Aqui, nessa água seria o ponto de acesso em direção à essa pequena queda d'água.

Não fomos até lá, então cruzamos o fio d'água e seguimos pela trilha plana sentido noroeste, entre arbustos e capoeiras.

Adiante, cruzamos nova porteira, tendo à nossa direita e mais acima um antigo rancho. Mais um trechinho de capoeira e chegamos à porteira da Fazenda Pinhões da Serra. Cruzamos a porteira e fizemos umas paradinhas estratégicas no trecho.

Seguindo a caminhada, chegamos às 11h00 nas proximidades da casa do Sr. Antoninho, com um curral à frente.

Seguindo reto vai para o Alto de Inhames
Fizemos uma curva 90 graus para o leste e percorremos uns 100 metros por um beco de cerca de arame, sendo observados pelo gado presente nos arredores.

Alguns me parece, pegaram ou tentaram pegar uns limões à beira da cerca. Estavam mesmo muito vistosos! O beco nos leva até um ponto importante, próximo a um curso d'água.

Ali, no sentido oeste, cruzando o rego d'água e subindo o morro segue a trilha para a Fazenda do Sr. Álvaro, lá no Alto dos Inhames. Mas nosso destino é o norte.

Então, fizemos nova curva em 90 graus e seguimos pela margem direita do rego d'água, para 30 metros adiante o cruzarmos. Após cruzar o rego d'água, saímos em terremo aberto, com arbustos esparsos.

A trilha batida segue em suave declive agora rumo norte, já sendo possível ver ao longe os morros da região do Vale do Rio Preto; ou Região do Barbado como chamam os antigos.

Cruzamos uma tronqueira e a trilha segue marcada, com algumas discretas saídas à esquerda. Mantivemos o sentido quando a trilha se afasta um pouco mais do fundo do vale e tende à esquerda.

Aproximamos de uma outra capoeira mais encorpada; que logo à frente raleia novamente, com alguns gramados. Com o calor apertando, por volta de 12h20 resolvemos fazer uma parada para descanso e lanche.

Esparramos pelo gramadinho e pelas sombras esparsas, com uma vontade grande de ficar um tempão por ali... Depois de alguns minutos, o Lee e a Choon resolveram voltar a caminhar antes de nós. 

Aproximando da Região do Rio Preto
Permanecemos mais um pouquinho ali no gramado e às 12h40 retomamos a caminhada. Metros à frente, assim que começou um curto declive, a trilha desapareceu.

Porém, basta descer um pouco mais à direita para reencontrá-la. Foi o que fizemos e em poucos passos a trilha estabilizou.

Adentramos novamente em mais uma capoeira. Nesse trecho já é possível perceber que aquele rego d'água que cruzamos lá atrás próximo à bifurcação para Inhames já se avolumou um pouco.

É o Riacho dos Pilões (IBGE). Pela trilha, logo à frente a matinha se adensa um pouco mais e passamos pela bifurcação à direita que segue para as margens do Riacho dos Pilões. Lá no riacho há uma pequena cachoeira.

Trecho à esquerda e acima do Córrego dos Pilões.
Ao fundo região do Rio Preto
Foto: Sol Mattos
Nós porém, não seguimos até lá. Nos mantivemos na trilha principal e logo adiante saímos em um campo aberto; ponto em que é possível observar a Cachoeira dos Pilões e o curso d'água abaixo e à direita da trilha formando grandes remansos.

Também à nossa direita, do outro lado do riacho nos vigia um morrote alongado e intermediário do Espinhaço, com sinais de queimada pelas suas encostas repletas de matas de galerias.

Mais ao norte, o Morro do Rio Preto, denunciando que aproximávamos daquela que seria nossa principal atração do dia.

Pela trilha desgastada seguimos em grupos, mantendo a direção em suave declive. Cerca de 150 metros antes do Rio Preto, deixamos a trilha mais batida que segue para a esquerda para cortar caminho por uma saída discreta que segue reto e plana em direção ao leito do Rio.

Rapidamente chegamos ao Rio Preto. Passava pouco das 13h00. Este é um ponto de fácil transposição pelas rochas, sobretudo nos tempos de seca e baixo nível de água.

Sem pressa cruzamos o rio sem molhar os pés ou ter que tirar as botas. Na margem direita do rio jogamos as cargueiras ao solo, pois faríamos uma parada maior para explorar e curtir o lugar!

Cascatas do Rio Preto
Essa passagem que fizemos é estratégica pra quem está fazendo a travessia, pois é um corta caminho. A alternativa mais comum é seguir na trilha mais batida lá atrás, antes do rio, saindo à esquerda.

Logo que virar o pequeno morrote, descer à direita por uns 20 metros sem trilha definida, interceptando uma trilha batida que vem do sul pelo alto do morro. Basta caminhar alguns metros, passar por umas áreas de acampamento e chegar nas Cascatas do Rio Preto.

Nesse ponto, basta cruzar o rio escolhendo os melhores pontos de passagem. Na margem direita do rio, basta tomar a trilha que sobe em direção ao leste, até que interceptará a outra trilha que vem do sul; que é aquela por onde cruzamos o rio; e que na continuação tomará rumo norte em aclive.

Assim, a opção pela trilha mais curta e transposição do Rio Preto pelo ponto mais acima foi justamente pra nos poupar de fazer esse trajeto pelas cascatas com as cargueiras. Mas todo esse trecho é por campo aberto ou vegetação arbustiva, o que facilita a navegação visual.

A queda maior, poção e remando do Rio Preto
Com as costas livres das cargueiras, apontei aos amigos as diversas possibilidades do Rio Preto e deixei a todos livres para explorar os arredores e fazer o que fosse do agrado próprio; pois nosso grupo era composto por feras muito mais experientes que eu!

Esse ponto do Rio Preto possui grandes remansos, poços diversos, pequenas cascatas e uma queda maior com um grande poção. É um mundo a descobrir e aproveitar!

Pelos arredores a paisagem é muito bonita! É um lugar isolado, completamente longe de tudo! À leste o Morro do Rio Preto; à oeste a paisagem interior do Espinhaço, destacando o trecho da rota Lapinha a Fechados.

Para o Sul o caminho de onde viemos, afunilado entre alongados morros. Para o norte trechos movimentados de morrotes e afloramentos rochosos; e mais à noroeste o trecho plano de influência do Rio Preto que ainda percorreríamos.

Um dos vários pocinhos no Rio Preto
Fábio, Jyoti, Júlio e Bia foram para o remanso superior ao nosso ponto de passagem. Lee e Choon permaneceram por ali, próximos ao ponto de passagem.

Também circulei pelo topo da queda principal; para depois, juntamente com Robson, Alê, Carlos, Ângela, Vanessa e Sol descermos o rio pela trilha da margem direita, margearmos o grande poção e chegarmos às cascatas do Rio Preto.

Por lá ficamos curtindo um bom tempo; exceto a Sol e a Vanessa, que preferiram retornar ao ponto de passagem. Depois o Fábio, Julio e a Bia apareceram nas cascatas também.

Lá em cima, o Lee decidiu seguir a caminhada rumo ao ponto de pernoite antes de nós. Como vemos, esse ponto do Rio Preto é realmente é cheio de possibilidades; e no nosso caso, ter liberdade para fazer o que achar melhor demonstrou ser o ideal...

Depois de muito curtir o lugar, retornamos ao ponto de passagem. Cargueiras nas costas, às 15h15 retomamos a caminhada rumo ao ponto de pernoite. Tomamos a trilha rumo noroeste em aclive e repleta de cascalho.

Nem bem recomeçamos e o calorão era intenso; dando uma vontade danada de ficar ali no Rio Preto. Uma parte dos amigos já havia partido, restando eu, Fábio, Robson, Alê, Ângela e Bia na rabeira.

Rapidamente vencemos o trecho em aclive; ignoramos uma trilha que segue para o norte; viramos o morrote e iniciamos curto declive rumo ao vale do Rio Preto.

Já foi possível visualizar os amigos que estavam pouco à frente, no vale. Cruzamos uma tronqueira e a trilha se aplainou. Avisei aos dianteiros que, na discreta bifurcação tomassem à esquerda, descendo mais próximo ao rio.

Nesse ponto, normalmente a trilha da direita aparece mais batida; porém é mais chatinha de se percorrer, pois se perde entre os afloramentos. Trata-se de uma opcional para quem segue rumo norte, como Cemitério do Peixe.

Então, nos aglutinamos e seguimos pela trilha bem próxima ao rio, que logo após a bifurcação torna-se bem demarcada e segue por trecho plano, muito mais tranquila que aquela superior.

Árvore no ponto de pernoite
Logo à frente a trilha se aproxima ainda mais do Rio Preto, espremida por um morrote à direita. O Rio Preto desce sentido oeste e vamos distanciando da margem tomando o rumo nordeste. Entramos então na região onde deságua a trilha que vem da Lapinha ou de Inhames.

Rasgando os campos, passamos por alguns afloramentos rochosos e em suave declive aproximamos do Córrego da Samambaia às 15h00.

Hora bendita para tirar o suor do rosto, pois o calorão era intenso com o brilhar do sol! Antes do córrego, à esquerda há um legítimo banquinho em rocha, ideal para um descanso.

Refrescados, cruzamos o riacho pelas rochas e seguimos pela trilha plana já avistando nosso ponto de pernoite. Rapidamente chegamos até as poucas águas do Córrego do Andrequicé, que cruzamos pelas touceiras de capim e apoiando em pequenas árvores.

Caminhamos mais alguns poucos metros e chegamos às 16h15 à árvore solitária que marca o ponto de pernoite na margem direita do Andrequicé. A caminhada principal daquele dia estava encerrada!

Acampamento na manhã seguinte
Por lá já estavam o Lee e a Choon com a barraca montada, pois partiram antes de nós lá do Rio Preto. Em pouco tempo montamos as barracas e alguns foram tomar banho.

Esse ponto é muito agradável, apesar de estar no fundo de um vale. Amplo, aberto e cercado à distância por morros alongados, permite observar a continuação da trilha pelo Subidão do Miltinho rumo à Fechados.

As águas do Andrequicé não são nem estavam volumosas na ocasião. Formam pequenos remansos e dá pra tomar banho tranquilamente.

Pra consumo, a indicação é subir um pouco a continuação da trilha e coletar num rego d'água que desce a estreita mata ciliar, pois sempre há muito estrume de gado no ponto mais baixo e próximo ao riacho.

Mas algo chama bastante a atenção de quem está nesse ponto para pernoitar: trata-se do som da queda da Cachoeira da Samambaia, distante do ponto de acampamento uns 400 metros em linha reta para o leste. E era pra lá que iríamos aproveitar o restante daquela tarde ensolarada.

Cachu da Samambaia
Beirava as 17h00 quando cruzamos o Andrequicé pulando pedras e saímos pelo campo na margem esquerda. Parte dos amigos permaneceram no acampamento e somente eu, Robson, Alê, Júlio e Carlos seguimos para a Samambaia.

Algumas trilhas cruzam o lugar; porém, para cortar caminho seguimos em diagonal e sem trilha definida, tendo como referência a mancha amarelada do topo da Cachoeira.

Chegamos ao morrote e já avistamos a cachoeira bem mais próxima. Continuamos seguindo a rota sem trilha definida, desviando de rochas e arbustos espinhentos.

Navegação puramente visual, pois o trecho é curtíssimo! Em poucos minutos vencemos o trecho e chegamos às 17h15 à base da Samambaia, cujo poço é escondido por árvores e rochas.

Cachoeira da Samambaia
A Cachoeira da Samambaia é um ponto aconchegante. O volume de água não é grande; nem a queda é alta. O poço é pequeno, mas permite braçadas e dá para ficar embaixo da queda, inclusive chegando por rochas na base; uma dica apresentada pelo Júlio.

O lugar se torna espetacular, singelo e marcante pelo seu conjunto: localização, rochas, cor da água e verde intenso dos arredores. E naquela tarde de sol tudo estava ainda mais bonito!

Aproveitamos para subir até a parte superior da Cachoeira, explorando as variadas e pequenas quedas e corredeiras que formam sobre as rochas amareladas em virtude da água.

É um lugarzinho pra lá de interessante; ideal para passar horas à toa... O visual do vale do Andrequicé, inclusive do acampamento; lados norte e sul, tudo fica mais bonito visto desde a Samambaia.

Trecho da parte superior da Samambaia
Depois de rápida circulada, retornamos ao poço principal e aproveitamos para um banho. Ainda fui na continuação inferior do riacho, ponto com algumas quedas e outros agradáveis poços.

Voltei à queda principal para curtir mais um pouquinho. Logo o Júlio retornou ao acampamento; depois viemos eu, Robson e Alê.

Tentamos fazer o mesmo caminho da ida, porém sem sucesso devido aos desvios dos afloramentos rochosos. Mas logo saímos no campo livre dos afloramentos e em minutos estávamos de volta ao acampamento, às 18h30.

Carlinhos ainda ficou mais um tempo lá na Samambaia; e chegou no acampamento uma meia hora depois... Bem, o resto da noite foi dedicado aos afazeres campistas, regado a muita risada e bom sono!

Relato Dia 2


Vale do Rio Preto desde o Subidão do Miltinho.
A área do acampamento é mais à esquerda;
sendo possível observar a trilha desde este ponto.
A manhã de domingo novamente amanheceu parcialmente nublada. Uma boa porque durante a noite o céu alternou de claro para fechado, com nuvens pesadas e baixas pela madrugada. 

Levantamos cedo, desmontamos acampamento, tomamos café e pouco depois das 7h30 iniciamos nossa caminhada rumo a Fechados.
Tomamos a trilha rumo oeste em suave aclive, tendo à nossa direita uma fina mata ciliar. Poucos metros acima chegamos a um rego d'água, quando abastecemos, pois nova fonte de água somente na descida para Fechados.

Abastecidos, cruzamos o fio d'água e tomamos rumo noroeste. Logo de início, o trecho é um pouco desanimador: trata-se do subidão do Miltinho, com um desnível considerável. Porém o que alegrava é que esta seria a única subida daquele dia.

Platô intermediário no Subidão do Miltinho
Fomos subindo em grupos e sossegados. Cruzamos uma tronqueira e vamos parando várias vezes pra retomar o fôlego. Alguns, em melhor forma vão rompendo na dianteira!

À medida que ganhamos altura, o belo Vale do Rio Preto vai se mostrando por completo; um visual muito bonito mesmo para uma manhã nublada.

Às 8h10 chegamos a um platô intermediário da subida; quando fizemos uma paradinha para descanso.

Retomada a caminhada, percorremos curto trecho do platô, ignoramos uma saída à direita-reto para tender em declive à esquerda.

Imediatamente novo trecho em subida, quando a trilha mostrava pouco uso; e os cascalhos encarregavam de dificultar a progressão. Alívio era levantar a cabeça e apreciar os arredores e pontos mais distantes.

Beirando as 9h00 encerramos totalmente a subida. Era possível observar desde a Serra Talhada lá pras bandas do Campo Quadrado que percorremos no dia anterior.

Adentrávamos em definitivo na Serra do Cipó, uma denominação local daquele trecho do Espinhaço. À nossa frente vastos campos se abriram, o que era um alívio, pois a caminhada doravante seria suave. A trilha mantém a direção noroeste e hora se divide em várias, fato comum em campos com criação de gado.

Passamos por alguns exemplares de canelas de ema gigantes à nossa direita. Imediatamente a trilha começa a desviar pela esquerda do suave topo do morrote adiante. Para oeste, prolongam-se campinas e trechos um pouco úmidos.

À leste forte declive rumo ao vale de origem do Andrequicé; além das elevações intermediárias do Espinhaço. A essa altura o sol começou a sair de vez, espantando as nuvens, em especial a oeste.

Trecho pela Serra do Cipó. A rota
passa à esquerda do Morrote. Fique atento pois
antes daquele morrote há uma saída para a direita.
A rota correta é mais à esquerda. Ao fundo,
mais à direita, Serras pras bandas de Gouveia
A trilha sem variações nos conduz em suave aclive para o trecho culminante de toda a Travessia em 15 minutos; um trecho de campos em plena Serra do Cipó.

Passamos por um mirante deslocado à direita da trilha, um ponto em que se tem bonito visual do vale à leste. E claro, uma vista da elevação intermediária do Espinhaço por onde passa a rota que segue para o norte; uma alternativa para o Cemitério do Peixe e Gouveia.

Aliás, bonitas e impressionantes elevações são observadas bem ao norte, pros lados de Gouveia. Me pareceu ser a Serra de Santo Antonio; mas devido a distância é difícil afirmar com segurança.

Alguns pontos isolados da Serra Talhada no extremo leste do Espinhaço podem também ser observados!

O Cocho do Boi, sombra ideal para descanso
Após o mirador retornamos à trilha com suas várias vertentes rumo noroeste. Pouco adiante é um ponto importante dessa Travessia. Há uma saída até mais marcada para o norte que costuma confundir os menos atentos.

Na verdade são caminhos de vaca que seguem para o interior dos campos de pastagens. A rota correta permanece sentido noroeste, em suave declive e beirando os campos sujos.

Nesse ponto somos recepcionados por um grupo de gado que pareciam loucos por um pouco de sal...

Prosseguimos mais abaixo e à esquerda da cumeada caminhando ora por trilhas, ora por campos, procurando manter uma linha reta e encurtada.

Nesse ponto há várias ramificações de trilhas no mesmo sentido; sendo que todas conduzirão mais ou menos para o mesmo ponto: uma passagem mais úmida em suave aclive.

Chegados nesse ponto, demos uma guinada pela trilha a 90 graus para o oeste, seguindo em direção a um cocho de boi e uma mancha de mato; aonde chegamos pouco antes das 10h00.

Foi uma hora abençoada pois o sol estava forte. Aproveitamos para aglutinar o grupo, descansar e lanchar. Houve até uma seção de acupuntura do Meste Jyoti no joelho da Sol que estava meio capenga eheheh... Depois de um longo descanso, retomamos a caminhada às 10h30.

Passamos agora a percorrer uma área com arbustos, para logo à frente chegarmos a outro ponto importante e que algumas vezes também causa confusão ao caminhante.

Trata-se de uma área de cerrado, cujas trilhas são variadas, aparecem e desaparecem a todo instante. Há duas opções nesse ponto: contornar o cerrado pelo oeste (esquerda); ou cruzar o cerrado.

Trecho logo após o Cocho do Boi
A vegetação vai mudando.
Logo à frente é o trecho de cerrado puro
Eu prefiro cruzar o cerrado pois é uma experiência mais enriquecedora. A dica é manter a direção e ir escolhendo as melhores vertentes.

Assim fizemos e seguimos desviando de algumas grandes rochas. Chegamos então a uma velha cerca de arame, que cruzamos, deixando o cerrado para trás.

Em campo sujo, bastou caminhar no sentido oeste por alguns metros e interceptar novamente a trilha; o que fizemos às 10h55.

Dali pra frente não teve segredo, foi só se manter na trilha mais batida; sempre na direção noroeste; ignorando alguma eventual saída brusca em qualquer outra direção.

Campos após trecho de cerrado
Em pouco tempo começamos a percorrer suave declive. Chamava a atenção as inúmeras e pequeninas flores que brotavam daquele terreno pedregoso e com sinais recentes de fogo.

Os topos do corte da serra por onde desce o Ribeirão Fechados já marcavam a paisagem adiante. Região muito bonita! Mais abaixo cruzamos um leito seco de enxurrada e chegamos às 11h30 à uma bifurcação em Y.

Colorido nos campos da Serra do Cipó
Para a direita segue para a casa do Valtinho; para esquerda é um atalho de trilha. Tomamos o atalho e fomos descendo pelos campos em meio a afloramentos rochosos.

Sem variações, às 12h15 chegamos ao fim do atalho; desembocando na trilha que sobe a Serra de Fechados para a Casa do Valtinho.

Os amigos mais ligeiros seguiram na dianteira. Eu desci mais lentamente e na rabeira. Na primeira curva observamos à nossa direita no Ribeirão Fechados a Cachoeira do Cânion.

Não fomos até lá, apenas fizemos uma paradinha para observação. Prosseguimos na trilha repleta por rochas, formando verdadeiros degraus. É um trecho bastante cansativo! Adiantei o passo e alcancei o Robson.

Casa do Chiquinho
Logo a frente a trilha se aplainou, tendo à direita o Ribeirão Fechados, com muitos e convidativos poços para aquela hora de calor. É também um ponto opcional de chegada de quem vem do norte, como Caiçara e Fechados.

Mas com aquele calorão queríamos era uma sombra, que encontramos poucos metros adiante, na mangueira da casa do Chiquinho, aonde chegamos às 12h35.

Fizemos uma parada para descanso. Alguns amigos aproveitaram para saborear uma pancada de jambo, frutinha encontrada em abundância em uma árvore frondosa à beira da trilha. Olha, deve ter ficado pouco jambo por lá...

Retomamos a caminhada às 12h45 e o sol estava de rachar. Cruzamos uma porteira e começamos a descer. A vegetação beira trilha muda um pouco, exceto pelos morrotes à nossa direita, repletos de afloramentos e matas de galerias.

Cruzamos mais uma porteira e a rota vira uma velha estradinha vicinal com muitas erosões. Vamos margeando pela esquerda um barulhento rego d'água.

Mais abaixo parei para abastecer e refrescar o calorão. Me juntei à Sol, Vanessa, Lee e Choon. Os outros amigos estavam à frente. Cruzamos outra porteira e o rego d'água que acompanhávamos.

A trilha se estabiliza e vamos desviando da areia fofa pelo trajeto. À frente mais uma porteira, para às 13h20 chegarmos à bifurcação para a Cachoeira do Horizonte; bem em frente a casa da Léia e João.

Corredor de rocha na
Cachoeira de Fechados (ou do Ofurô)
Imediatamente entramos pela bifurcação em aclive, estabilizando logo a seguir. Caminhando entre arbustos, chegamos em uma discreta saída à esquerda-reto.

Robson, Alê e Carlos trataram de correr para a Cachoeira de Fechados. Nós entramos na saída à esquerda sentido Cachoeira do Horizonte (foto acima, na abertura do relato), aonde chegamos às 13h30.

Deixei por lá minha cargueira e corri para a Cachoeira de Fechados também. Voltei à trilha principal e tomei à esquerda, em aclive; quando já encontrei os amigos de volta.

Após uma curva para a esquerda a trilha chega até uma grande laje. A partir daí foi só caminhar alguns metros por trilha plana e chegar ao poço da Fechados. É um conjunto muito bonito e cheio de possibilidades.

Subi por alguns metros o apertado cânion para registrar a queda principal, mas a posição do sol não favoreceu. Dei uma refrescada, juntei minhas poucas tralhas e retornei sentido Horizonte em poucos minutos.

Poço misto da Cachoeira do Horizonte
Já na Horizonte dei uma circulada nos arredores para fazer alguns registros. Depois aproveitei para curtir um pouquinho e me refrescar do calorão.

A Cachoeira do Horizonte é a mais famosa e bonita do Ribeirão Fechados. Rodeada por viçosa vegetação, possui uma queda pequena, mas tem um bom poço para banho. Esse poço varia de profundidade, permitindo que praticamente qualquer um possa se divertir em segurança.

A famosa borda infinita
Nesse ponto o poço é rasinho...
Talvez a imagem mais famosa dessa cachoeira é a sua borda infinita, permitindo visual aberto para o vilarejo de Fechados, lá embaixo. Realmente muito bonito!

No trecho inferior da Horizonte há um conjunto de lajeado, fazendo com que o curso d'água desça apertado ladeira abaixo. Na parte superior há vários poços com profundidades variadas, sinônimo de diversão garantida.

Depois de apreciar e curtir a Horizonte, por volta de 15h30 começamos a deixar o lugar rumo ao vilarejo de Fechados.

Fazendo o mesmo trajeto da ida-ataque à Horizonte, em poucos minutos chegamos à trilha principal que sobe a Serra de Fechados. Tomamos a direita, agora no sentido sul.

Cruzamos um outro rego d'água com uma pinguelinha, uma porteira à frente e despencamos literalmente ladeira abaixo. A trilha é cansativa, repleta de grande rochas que formam degraus.

O serpenteio toma rumo leste e às 15h50 chegamos a um bonito Mirante de Fechados. Somente um registro e voltamos a caminhar, rodeados pela vegetação mais robusta; o que ajudava a aliviar o sol.

Último ponto de água na descida para Fechados
Cruzamos um outro rego d'água e continuamos a descida frenética em um S invertido.

Pouco depois das 16h00 chegamos ao último ponto de água da descida: uma cachoeirinha que despenca do barranco ao lado da larga e pedregosa trilha. Parada obrigatória em que alguns resolveram se refrescar.

Uns 20 minutos depois continuamos a caminhada e em poucos metros a trilha se estabilizou e ampliou: era a estradinha anunciando a proximidade do arraial.

Pouco à frente entramos em uma trilha-atalho à direita, que logo se ampliou e em declive nos levou diretamente ao centrinho de Fechados às 16h45, quinze minutos antes do horário combinado com o nosso resgate.

Por lá ajeitamos as tralhas e refrescamos as gargantas no Bar do Geraldinho, personagem marcante de Fechados. Fatos muito engraçados aconteceram por ali...

Igrejinha em Fechados
Fato a lamentar é que não encontrarmos nada para matar a nossa fome em Fechados. Nada, absolutamente nada; nem biscoitos!

E infelizmente quando dos preparativos da travessia não foi possível agendar algum mata fome por lá! Então, passava das 17h30 quando deixamos o arraial em direção a BH.

Sacolejamos por quase uma hora pela estrada de terra que liga o arraial à rodovia MG 238. Na rodovia seguimos non stop até a cidade de Jequitibá, aonde paramos para matar a fome numa lanchonete que já estava prestes a baixar as portas!!!

Sem alternativa, tivemos que nos contentar com as sobras do domingo. Após, reembarcamos; cortamos Sete Lagoas e somente chegamos em BH beirando às 22h00.

"Nóis" no Andrequicé. Foto: R. Oliveira
Depois desse retorno à rota, podemos afirmar que a Travessia Extrema a Fechados mostrou novamente o quão é interessante.

Seja pelos atrativos repletos de opcionais; ou ainda pelos escassos moradores locais; que apesar de não termos tido amplo contato nesta ocasião, posso atestar o quanto são dedicados e atenciosos!

Além da sua posição estratégica, que ligando ambos os lados do Espinhaço permite melhor se referenciar por aquelas amplas áreas.

E claro, os caminhantes da vez, todos independentes e experientes no mundo das trilhas, foi decisivo para o êxito desta e assim o será para qualquer caminhada. Obrigado a todos pela companhia e por confiar em mais essa pernada. Até a próxima!

Serviço


Travessia de pouco mais de 42 km com início no arraial de Extrema, município de Congonhas do Norte; e término no Distrito de Fechados, município de Santana do Riacho. Cruza a Serra do Espinhaço de leste para o Oeste; com rota mantendo predominância no sentido leste-noroeste.

A vegetação predominante é aquela típica do Espinhaço, com campos rupestres e matas de galerias. O relevo é movimentado, cruzando a Serra Talhada e percorrendo cumeadas da Serra do Cipó; muito embora não apresente grande variação altimétrica; exceto no seu trecho final na descida do Alto de Fechados.

Dois são os grandes atrativos dessa rota. O primeiro é o Vale do Rio Preto. Localizado em pleno miolo do Espinhaço, entre a Serra Talhada e Serra do Cipó. Seus remansos, cachoeiras e cascatas são capazes de agradar a todos. O segundo é a região do Ribeirão Fechados. Localizado à noroeste do Rio Preto, na porção oeste da Serra do Cipó. Oferece também vários remansos, corredeiras e cachoeiras, destacando a Cânion, Fechados e a principal delas, a Cachoeira do Horizonte.

Os principais requisitos para realizar essa Travessia de modo autônomo é experiência em trekking com cargueiras; bem como rotina de acampamento natural. Também a considerar que, por ser de origem antiga, a rota apresenta ramificações, bifurcações, entradas e saídas em vários pontos, requerendo do caminhante bons conhecimentos em orientação. Na ausência desse requisito, e optando em realizá-la é altamente aconselhável que contrate um guia ou um companheiro de aventura.

Distâncias aproximadas - cidade referência: Belo Horizonte


Belo Horizonte ao Arraial de Extrema: aprox 210 km, sendo 6 km em estrada de terra (da Rodovia Conceição-Congonhas ao Arraial)
Fechados à Belo Horizonte: 185 km, sendo 40 km em estrada de terra (do Distrito à Rodovia MG 238)

Como chegar e voltar

Cidade referência: Belo Horizonte

De ônibus
Ida: Viação Serro (31 3201-9662) até Conceição do Mato Dentro → Viação Serro de Conceição ao acesso de Extrema → À pé do Acesso ao Arraial de Extrema

Volta: Circular Rural Fechados a Santana de Pirapama → Setelagoano (31 2106-6600) de Santana de Pirapama à Sete Lagoas → Setelagoano de Sete Lagoas à Belo Horizonte

► Faça consultas virtuais ou telefônicas às empresas de ônibus confirmando horários e frequências.
► O ônibus rural que atende o Distrito de Fechados circula somente de segunda a sexta feira.
► Não há atendimento por ônibus no arraial de Extrema. 

De carro
Ida: MG 10 até Conceição do Mato Dentro → Rodovia Conceição a Congonhas até Acesso à Extrema → Estrada de terra para o arraial de Extrema

Volta: Estrada de terra de Fechados até MG 238 → MG 238 até Sete Lagoas → BR 040 até BH

► Atente-se que início e fim da Travessia se dão em locais distintos e distantes. Necessário programar resgate.

Hospitalidade e Alimentação


► Tanto em Extrema quanto em Fechados até a presente data as opções de hospitalidade são escassas ou inexistentes. Se necessário e em especial para os casos de última hora, recomendável procurar as cidades mais próximas; ou então algum pasto para se acampar.
► No alto de Fechados há a casa do Valtinho, em que se pode alugar camas para pernoite; bem como almoço, janta e café da manhã, mediante encomenda/reserva.
► Em Fechados há a Casa da Dona Amélia, na pracinha da Igreja que oferece alguns quartos e alimentação, também mediante reserva. 
► Ainda em Fechados, em breve haverá uma grande estrutura de chalés e camping disponíveis aos visitantes na entrada do pequenino distrito.

Considerações Finais


► Trilhas e Trajeto: Predomina o sentido leste para o Oeste; com intermediário Noroeste. O trecho entre Extrema e a Serra Talhada dá-se por campos suaves e trilhas antigas. Entre o Vale das Nascentes do Rio Preto e o Vale do Ribeirão Andrequicé é o trecho que requer maior atenção. As trilhas apresentam uso moderado a baixo; havendo várias saídas, sendo recomendável manter sempre as direções, seguindo pelos vales. A partir do Subidão do Miltinho e até a descida para Fechados é um trecho em campos no alto da Serra do Cipó. Requer atenção e manutenção da direção noroeste. Há algumas saídas que podem confundir e levar para pastos fora da rota. Trilhas também com pouco uso e várias variantes trilhas de vaca. Já a parte final da trilha, na descida para Fechados não apresenta dificuldades de navegação; entretanto requer disposição física, pois é acentuada e com muitas rochas. Sob chuva forte ou intensa pode não ser possível realizar a rota, pois há vários riachos, ribeirões e em especial o Rio Preto a serem cruzados.

► Logística de Acesso: Há ônibus que liga Conceição do Mato Dentro à Congonhas do Norte, passando pelo acesso à Extrema. Do acesso ao arraial são 6 km de estrada de terra em bom estado. Já a parte final há ônibus que liga Fechados à Santana de Pirapama em todas as manhãs de segunda a sexta feira. Não circula aos sábados e domingos. De Fechados até a rodovia que liga a Santana de Pirapama são aproximadamente 40 km em estrada de terra em bom estado.

► Camping: não há camping pela rota. Eventuais acampamentos são no estilo natural. Para dois dias ideal pernoitar na região do Andrequicé ou Samambaia para se manter relativa equivalência das distâncias diárias. Para 3 dias pode-se pernoitar nas proximidades do Rio Preto; e depois na Casa do Valtinho no Alto de Fechados. Não há camping em Extrema. Em Fechados muito em breve haverá camping.
Observação: O camping e Pousada em Fechados já está funcionando

► Água: Há vários pontos de água no trecho entre Extrema e o Riacho Andrequicé. A partir desse ponto somente há água de modo perene na descida para Fechados. Fique atento e abasteça na água no sopé do Subidão do Miltinho! Use sempre purificador!

► Tempo de realização: Dois dias são suficientes para a realização da Travessia com bom proveito dos atrativos. Para os casos de menos experientes ou que não estejam disponíveis a percorrer mais de 20 km diários recomendável realizá-la em 2,5 ou 3 dias. Para aqueles mais experientes e ágeis é possível percorrê-la em apenas 1 dia no modo speed.

► Segurança 1: É uma travessia que permite rotas de escape, mas tenha em mente que mesmo nesses casos as distâncias a percorrer são consideráveis.

► Segurança 2: Excluindo a parte inicial, quando se pode retornar, o ponto intermediário para escape é a região do Rio Preto. Ali pode-se retornar até à casa do Sr. Antoninho e subir o morro à leste por uma velha estradinha rumo ao Distrito de Santa Cruz dos Alves, município de Congonhas do Norte; ou mesmo retornar até a Casa do Batu, e de lá também seguir para o Distrito de Santa Cruz dos Alves. Ambas opções vão para o mesmo destino; passando pelo Sr. Antoninho tem mais subida, porém o trecho é mais curto; voltando ao Batu há menos subida, porém o trecho é mais longo. Outra opção é descer para Inhames, seja partindo das proximidades da casa do Sr. Antoninho; ou na junção da rota Inhames ou Lapinha a Fechados. Nesses casos, pode ser um dia inteiro de caminhada; restando avaliar se compensará a logística complementar de saída a partir de Inhames!

► Segurança 3:Não há sinal constante de telefonia celular pela rota; pelo menos até a região do Alto de Fechados. Em períodos de chuva intensa pode não ser recomendável realizar a rota, pois além de vários riachos é necessário cruzar o Rio Preto.

► Exposição ao Sol: como é comum pelo Espinhaço, a trilha é exposta e há pouca sombra pela rota. Use protetor solar.

► Tarifas: não há cobrança para uso de trilha; nem camping, pois se ocorrer será ao estilo natural. Não há cobrança de ingresso para acesso às cachoeiras nas proximidades da rota.

► Cash: leve dinheiro trocado e em espécie. Pequenas localidades não aceitam cartões ou cheques.

► Carta Topográfica: Presidente Kubitschek


► Pratique a atividade aplicando os Princípios de Mínimo Impacto

Bons ventos!

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