A prática empresarial nas Trilhas

Estar junto à natureza: vivência ou aparência?
Num mundo amplamente conectado, é bem visto que mais e mais pessoas tenham se disposto à prática de atividades de aventura; em especial as caminhadas. Isto é uma atitude louvável e merecedora de todo apoio; pois são inúmeros os benefícios obtidos em estar junto à natureza.

Devido à pouca experiência, grande parte desses novos entrantes não conhecem outros praticantes a quem possam se juntar; e muitas vezes necessitam contratar profissionais específicos para suas atividades.

Muitos são os casos de sucessos; mas infelizmente nem tudo são flores. Um boa parcela de vezes o que era para ser uma experiência inesquecível e promissora pode se tornar um tremendo pesadelo... 

Em resposta a esse aumento no número de praticantes, surgiu nos últimos anos um grande número de empresas e guias profissionais atuantes nas atividades de aventura. Como sabemos, há diferença entre uma atividade praticada sob a ótica do Montanhismo e uma atividade dentro da ótica do Turismo de Aventura.

Por questões mercadológicas, as empresas e guias profissionais estão mais próximas do Turismo de Aventura que da prática do Montanhismo. Uma forma didática para compreender esta diferença é observar a quantidade de atividades que empresas e guias profissionais promovem em determinado período para pontos naturais mais badalados; mesmo sabendo que eventualmente esses pontos já estejam com suas lotações máximas!

Uma empresa ou guia sérios não nega a origem mercadológica; mas além da legalidade, procura apresentar flexibilidade aos seus clientes; em especial aos novos praticantes; não medindo esforços para proporcionar uma experiência enriquecedora.

Não nos nega informações; muito menos procura estabelecer uma reserva de mercado; mas estabelece uma rede de vínculos, deixando-nos totalmente à vontade nas nossas escolhas; o que favorece o desenvolvimento da prática.

Norteiam suas ações conforme as boas práticas em ambientes naturais; e exigem que seus clientes façam o mesmo. Enfim, são empresas e guias sérios aqueles que informam e principalmente formam novos praticantes!

Porém, infelizmente a maioria dos atuantes no ramo do Turismo de Aventura fogem desse modelo considerado mais adequado. Independente de situações legais, o que se tem em comum é oferecer apenas o mais do mesmo; não tendo como objetivos formar verdadeiramente novos praticantes; mas sim mantê-los sob sua guarda, visando estabelecer uma reserva de mercado.

Para isto utilizam de várias práticas reconhecidamente questionáveis; e que passam longe da filosofia do Montanhismo; ou mesmo distante das boas práticas do Turismo de Aventura. 

São exemplos principais de más ações empresariais a ausência ou pouco cuidado com o meio natural; e o foco na divulgação massiva de eventos; uma forma disfarçada de spam. Também é possível observar que suas presenças na internet não agregam formação, resumindo-se apenas a imagens bonitas, videos curiosos, falas e frases de efeitos e... mais eventos!!!

Outro exemplo clássico de prática manipuladora é a disseminação do medo; que consiste em replicar na internet experiências desagradáveis nas trilhas; sempre acompanhadas de avisos proféticos. Ou ainda, o foco nas possibilidades de problemas. Nesse conjunto de ações procuram conquistar simpatia, mascarando os seus objetivos, o que é no mínimo inadequado.

Notemos que esses aspectos negativos aqui abordados são facilmente perceptíveis antes mesmo que contratemos algum serviço de dada empresa ou prestador de serviços de Turismo de Aventura. Ao menor sinal dessas ações, é recomendável que fiquemos ligados!

Esse acompanhamento e pesquisa de históricos não é difícil; ao contrário, estão publicizados às toneladas na internet; e poderão nos ajudar a evitar experiências desagradáveis durante uma atividade... A lógica é simples: se antes mesmo de estar em ação a preocupação com as boas práticas não existe; o que de bom e formador esperar quando estiver na natureza?

Por fim, muito embora a participação em grupos sérios independentes seja o principal e recomendável berço de formação de novos praticantes de caminhadas; é sim possível agregar valores à nossa prática e obter resultados proveitosos através de ações empresariais sérias.

Cabe a nós, simples mortais, a pesquisa e escolha adequada de qual, como e quando utilizaremos estes serviços! Para quem acha que essa escolha seja impossível, o barômetro das redes sociais está aí, só não vê quem realmente não quer... Portanto, estejamos atentos!

Bons ventos!

1 Comentários

  1. Muito bom o texto. Eu estimulo aos que estão em meu grupo à caminharem com outros para trazerem experiência. Seria muito importante esse contato entre os grupos,para juntos,inclusive,organizarem ações de conscientização e ações práticas de auxílio à natureza.

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