Cachoeira da Lagoa Dourada: lugar para se visitar mil vezes...

Cachoeira da Lagoa Dourada
Já escrevi por aqui o quanto é bonita a região da Lagoa Dourada, situada nos arredores do ParnaCipó, região central de Minas Gerais.

De frágil ecossistema, pelo vale serpenteia o Rio Jaboticatubas, cujas águas formam a bonita e agradável Cachoeira da Lagoa Dourada.

Na sequência do curso do Rio Jaboticatubas e despencando no Cânion de mesmo nome ocorre a formação de outra bonita queda com aproximadamente 60/70 metros.

Além desta, na parede norte e no fundo leste do cânion há outras duas quedas muito altas, porém são oriundas de águas temporárias; e por isso com baixo volume de água; ou mesmo ausentes em períodos de seca.

Importante: Alguns cismam em chamar a Cachoeira da Lagoa Dourada pelo nome "Cachoeira das Fadas". Na verdade isto não passa de um estranho modo de querer renomear locais; desrespeitando a tradição local. Tradicionalmente esta cachoeira sempre foi chamada "Cachoeira da Lagoa Dourada". Tenhamos cautela ao renomear locais de interesse; afinal Nome é Coisa Séria!

O modo de acesso mais fácil à Cachoeira da Lagoa Dourada é através do Distrito de São José da Serra, até onde se pode chegar de automóvel.

Chegando à boca da trilha, antes do Distrito, a caminhada direciona-nos à subida da serra. Perfaz apenas 7 km, sendo perfeitamente possível efetivar um bate e volta no lugar.

Foi através desse acesso a minha última visita por lá, quando estive juntamente aos amigos do Nice Trekking.

Rota da Cachoeira Lagoa Dourada disponibilizada no Wikiloc
Inclui acesso desde MG 10 e passa pelo centrinho de São José da Serra. Além de possibilitar estudar e visualizar a região, você poderá baixar este tracklog (necessário se cadastrar no Wikiloc); e utilizá-lo no seu GPS ou smartphone (necessário instalar aplicativo). Recomendamos que utilize esta rota como fonte complementar dos seus estudos. Procure sempre levar consigo croquis, mapas, bússola e outras anotações que possibilitem uma aventura mais segura. Melhor planejamento - Melhor aproveitamento.
Pratique a atividade aplicando os Princípios de Mínimo Impacto

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Relato


Pouco antes das 7h00 deixamos BH rumo ao Distrito de São José da Serra, município de Jaboticatubas. Não demorou a enfrentarmos congestionamento na rodovia MG 10, fato que atrasou nossa viagem em pelo menos 1h00.

Chegamos próximos a São José da Serra beirando 10h00 da manhã. Pensando nessa possibilidade e visando adiantar nossa pernada, planejei tomar um antigo atalho que segue rumo à trilha de acesso a serra antes de chegar ao tradicional ponto de subida.

Porém, estando no fundo da van dei uma bobeada e passei do ponto do atalho pretendido. Entretanto isto não era problema, já que há o tradicional ponto de subida via estradinha precária logo adiante.

Prosseguimos e quase no ponto aonde deveríamos desembarcar, avistamos alguns homens que fincavam grossas estacas de madeira num dos conhecidos acessos da subida da serra.

Logo que desembarquei um dos homens se identificou como proprietário do terreno. Perguntou para onde iríamos. Ao respondê-lo, sem rodeios o homem me disse que "por ali nós não passaríamos".

Sem discutir, agradeci e despedi do Senhor. Reembarquei e retornamos pela mesma estradinha da ida como se fôssemos desistir da pernada. Chegamos então até o ponto do atalho originalmente pensado.

Importante: Embora fora dos limites do Parque, a região da Lagoa Dourada costuma ser monitorada por alguns moradores do Distrito de São José da Serra. Não rara vezes impedem a circulação de visitantes sem guia local. Não sabemos sobre a legalidade disso. 

Vista Oeste que mostra o trecho da trilha já percorrida
Esse é um trecho de cascalho em forte aclive
Identificado o ponto exato do atalho, desembarcamos e rapidamente iniciamos a caminhada, beirando uma cerca de arame.

Isto nos levou à bifurcação da estrada de acesso em um ponto mais acima, evitando a zona de conflito com o morador local. Não demorou e logo já adentramos na íngreme trilha de cascalho.

Cada um foi imprimindo o seu ritmo e surpreendentemente não demoramos a vencer o trecho. A trilha é bem marcada e o trajeto da subida é visual desde o seu início. Não há possibilidade de erro!

O tempo estava parcialmente nublado e abafado. Fazia calor e pontos de chuva eram identificados para os lados de Santana do Riacho. Não demorou e os primeiros pingos nos alcançou no final da subida da Serra. E o tempo fechou de vez, com uma forte pancada acompanhada de raios; sendo pelo menos um deles assustador!

Chuva pelo Vale da Lagoa Dourada
Com a trilha bem marcada iniciamos uma descida disfarçada pelo cume da serra, passando por uma porteira. Um suave aclive e rapidamente chegamos ao ponto mais alto da trilha.

À nossa frente descortinava o belíssimo Vale da Lagoa Dourada: visual estonteante! Porém, às nossas costas uma forte neblina vinha a jato e logo fechou de vez o visual. Não se via 40 metros adiante...

Que maldade, depois de tanto esforço será que não conseguiríamos nem ver o Vale da Lagoa Dourada???

Mas foi passageiro; a chuva diminuiu e logo passamos pela cerca de arame e chegamos ao casebre que existe nas proximidades da Cachoeira. Estavam vencidos os 7 km de caminhada da ida. Beirava as 13h00 e aproveitamos para fazer o lanche do dia.

O casebre com as portas abertas permitiu que a maioria do grupo se abrigasse em seu interior; a despeito da quantidade de esterco que havia dentro e fora da precária construção. Ocorre que muito gado vive no local!

Lagoa Dourada magrinha devido à seca...
Após o lanche o chuvisco diminuiu de vez e fomos então para a cachoeira. Havia várias barracas de aventureiros por lá; contei umas cinco.

Fizemos a descida do barranco da cachoeira com cuidado, pois as pedras estavam escorregadias. Chegado ao poço, alguns corajosos não resistiram e pularam na água.

Preferi juntamente com mais dois animados descer o leito do Rio Jaboticatubas e observar as quedas d'água por outros ângulos. Seguimos até o ponto aonde se pode ir em segurança; ao topo da Queda Sul!

Por ali até é possível descer e atingir o poção da Cachoeira, que não sei porque alguns chamam Lili; além de observar as outras quedas (norte e Leste), que despencam no Cânion do Jaboticatubas.

Mas descer até o poção só há um caminho por e entre rochas; algo não recomendável a quem não tenha destreza ou desconheça as passagens... Como o tempo estava escasso e úmido nos contentamos tão somente a contemplar a beleza daquele lugar...

Por um momento o tempo não dava mostras que abriria. Decidimos então iniciar a volta ao Distrito. Porém foi chegar ao topo da cachoeira da Lagoa Dourada e o tempo já parecia abrir... e abriu!

Mas a essa altura não dava para retornar e adentrar nas águas novamente, pois tínhamos uma caminhada pela frente!

Fomos então ao mirante entre a Lagoa Dourada e a Leste registrar imagens. Belíssimo visual através do Cânion do Jaboticatubas, com o Distrito lá longe e abaixo!

Pouco depois das 15h00 iniciamos a caminhada de retorno. Os planos eram ir a pé até o Distrito,o que aumentava a caminhada de retorno em aproximadamente 3 km, perfazendo um total de 10 km. 

Voltando para São José da Serra: Tempo já aberto...
A descida foi proporcionalmente mais lenta que a subida. Também pudera, descer aquela trilha com cascalho úmido forçava por demais os joelhos.

Findado o trecho da trilha, chegamos à estrada próximo aonde tínhamos sido barrados no início do dia.

Por sugestão de alguns, tentamos manter contato com o resgate para solicitar que o mesmo fosse nos resgatar no local. Infelizmente sem sucesso, pois não havia sinal de celular que sustentasse uma ligação...

Oba, o jeito foi descer a pé. Adentrando ao Distrito, resolvi serpentear por dentro da vila, pois o trecho é mais curto que a estrada externa. Infelizmente não foi fácil vencer os míseros 3 km desde o final da trilha até o nosso ponto de encontro.

Alguns caminhantes reclamaram bastante da situação; apesar de estarem cientes do programa. Mas é compreensível, pois  quando caminhamos por estradinhas temos a esquisita sensação de que andamos muito mais do que na verdade foi percorrido!!!

Amigos no Mirante Oeste
No trecho final já dentro do Distrito, apressei o passo para ir de encontro ao resgate.

A intenção era solicitar que buscasse alguns de nós retardatários para adiantarmos o término da caminhada; afinal eu não aguentava mais ouvir lamúrias eheheh... Além disso, uma caminhante sentia um pouco mais os joelhos.

Porém, levei um susto ao chegar ao ponto final combinado e não ter informações sobre a presença do nosso resgate. Retornei ao encontro do grupo para prestar ajuda e encontrei todos de carona em uma picape de um morador local já próximo ao ponto final combinado! Como que naturalmente as coisas se encaixavam...

Quanto ao resgate, o jeito foi manter a calma! Mas logo depois a chefe do grupo acabou descobrindo que o mesmo nos esperava em outro local próximo; fruto daquele velho hábito de todos que vão por lá; que é marcar o ponto de encontro final sempre em um mesmo lugar; na Pracinha da Velha Igreja!

Problema resolvido fomos coroar o sucesso da caminhada em uma deliciosa almojanta no Restaurante Mandacaru. Por volta de 19h00 deixamos o local e seguimos direto para Belo Horizonte.

Apesar de uma rápida chuva na volta, não tivemos problemas; o trânsito estava bom! Pouco depois das 21h00 já estava na Pampulha! Foi uma bela caminhada, recheada de beleza natural e alguns imprevistos, o que tornou o passeio muito mais emocionante!

Serviço


Trajeto no GE
A Cachoeira da Lagoa Dourada é formada pelas águas do Rio Jaboticatubas e está localizada em um vale de nome homônimo, no município de Jaboticatubas, periferia do ParnaCipó.

É uma queda singela, possui um bom poço para banho e permite inclusive estar sob suas quedas.

Abaixo da queda principal, devido à declividade e a presença de muitas rochas, há uma série de quedas menores e variados pocinhos.

Com a continuação das águas no trecho pós queda da Lagoa Dourada, ocorre a formação de uma outra Cachoeira de aproximadamente 70 metros. Porém, não é possível se aproximar com segurança sem equipamentos nem ao seu topo, nem ao seu poço.

Até é possível descer ao seu poção através e entre as rochas do paredão ao lado; mas para isso é preciso que o caminhante conheça o caminho e tenha destreza. O ideal é que esteja equipado para isto!

Lateralmente à essa última queda, há uma outra, oriunda das águas de um córrego temporário que corre sentido norte-sul pelo vale acima; que ao cair forma um grande poço. Alguns a chamam Lili, mas não sei a razão desse nome. Pelo que sei ela não tinha nome até bem pouco tempo atrás.

Cânion do Jaboticatubas
O acesso principal a Cachoeira da Lagoa Dourada é através do Distrito de São José da Serra, localizado a 10 km da rodovia MG 10, em sua margem direita.

O acesso até o distrito se dá a partir da MG 10 antes de Cardeal Mota, altura do km 87, após o Condomínio Estância do Cipó. Não há trevo no lugar, fique atento!

Há um outro acesso logo adiante após a ponte, porém pra quem segue de BH é pouco utilizado.

A estradinha de acesso é de terra, porém em boas condições. Ao se aproximar do Distrito, fique atento à placa que indica a Lagoa Dourada ao lado esquerdo, em uma bifurcação, ainda na estrada.

Ao adentrar nesta estrada sentido à esquerda/reto, você terá duas opções.

A primeira é ir até um mata burro, desembarcar e tomar o atalho à esquerda beirando uma cerca de arame (foi o que fizemos). A trilha encontra-se pouco utilizada.

A outra opção é seguir até mais adiante, aonde há uma bifurcação também à esquerda na estrada. Desembarcar e por ali seguir sentido da serra (esquerda). Ambos os trajetos se encontrarão um pouco acima. A vantagem de utilizar o atalho é escapar de eventuais impedimentos, como o ocorrido conosco.

A partir desse ponto a trilha é bem marcada e sobe a serra. Há a presença de cascalho na trilha, porém não apresenta outras e maiores dificuldades. Não há água pelo trecho.

Ao atingir o topo da serra, basta permanecer no sentido da trilha (sul), passar por uma porteira e pelo ponto mais alto da serra. Logo despontará à frente o Vale da Lagoa Dourada. A Cachoeira ficará na parte mais baixa do vale; à direita de quem chega.

Distâncias aproximadas


BH até a Entrada do Distrito de São José da Serra na rodovia MG 10: 90 km em asfalto
MG 10 ao início da Trilha: 8 km em estrada de terra
Início da trilha até a Cachoeira: 7 km

Como chegar e voltar - de ônibus

Cidade referência: Belo Horizonte

► Ida e Retorno: Viação Saritur ou Serro na rodoviária de BH → Desembarcar no acesso/trevinho à São José da Serra (SJS) na rodovia MG 10, km 87, após Condomínio Estância do Cipó → Seguir à pé até proximidades do Distrito e subir a Serra ou tentar combinar com algum resgate em automóvel

► O formato acima é o mais indicado. Também é possível chegar em São José da Serra Via Jaboticatubas. Há um ônibus que liga Jaboticatubas a São José da Serra; e faz o trajeto Jaboticatubas - São José de Almeida - Cipó Veraneio - Volta ao Trevinho de SJS e entra/segue para o Distrito. Mas os horários e frequências são escassos.
► Confira horários, frequências e tarifas nas empresas de ônibus.

Como chegar e voltar - de carro

Cidade referência: Belo Horizonte

► Ida e Retorno: Rodovia MG 10 até o km 87 após o Condomínio Estância do Cipó → Entrar à direita na estrada de terra sentido São José da Serra → Ficar atento à placa indicativa de Lagoa Dourada.

► O inconveniente em ir de carro é lugar para estacionar o veículo. Recomendaria seguir até o Distrito e deixá-lo por lá; ou mesmo procurando alguma casa nos arredores do acesso; evitando deixá-lo isolado um pouco no acesso à trilha da Cachoeira, despertando a curiosidade das pessoas. Isto pode aumentar a caminhada, mas seria mais seguro!

► Além do acesso citado neste relato, há outras opções para chegar à Lagoa Dourada através de Trilhas: uma através da Travessia Altamira - Lagoa Dourada; a ou outra, através do Parque Nacional da Serra do Cipó.

Considerações Finais


► Evite atrito com moradores locais caso aconteça alguma tentativa de impedimento ao acesso à Lagoa Dourada. 

► Se estiver com tempo, aproveite para conhecer as cachoeiras do Sr. Dimas e a do Rala Bunda. Ambas localizam praticamente dentro do Distrito de São José da Serra. O acesso à esses locais é pago; e devido ao fácil acesso costumam ficar lotados em fins de semana e feriados.

► Alguns cismam em chamar a Cachoeira da Lagoa Dourada pelo nome "Cachoeira das Fadas". Na verdade isto não passa de um estranho modo de querer renomear locais; desrespeitando a tradição local. Tradicionalmente esta cachoeira sempre foi chamada "Cachoeira da Lagoa Dourada". Tenhamos cautela ao renomear locais de interesse; afinal Nome é Coisa Séria!

► Cuidado ao se aproximar de mirantes nos arredores da Cachoeira Dourada.

► A Cachoeira Lateral e seu poço no interior do Cânion do Jaboticatubas abaixo da Cachoeira da Lagoa Dourada pode e tem sido atingido através de arriscada descida pelas rochas do paredão. De nossa parte, não aconselho descida pelo local sem auxílio de equipamentos. Como nos lembra aquela velha história, "seguro morreu de velho"... 

► A área para acampamento nos arredores da Cachoeira da lagoa Dourada é imensa! 

► Em São José da Serra há boa infraestrutura ao visitante, com pousadas, camping, bares, mercearia e restaurante.

► Jamais deixe seu lixo pelas trilhas; e evite fazer fogueiras. Mantenha as porteiras fechadas.

► Confira algumas Dicas Básicas de Segurança para a prática de Atividades Outdoor

► Pratique a atividade aplicando os Princípios de Mínimo Impacto

Bons ventos!

5 Comentários

  1. Bom texto. Parece que eu estava lá, viajei também,pela descrição. Parabéns!!!!

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    1. Olá Marta,

      Fico feliz ao ler seu comentário e agradeço imensamente por isso!
      Torço para que em outras oportunidades esteja conosco ok?

      Grande abraço, obrigado pela visita e pelo comentário.

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  2. "Lugar para se visitar mil vezes". O título faz jus. É,até então,o meu ponto preferido da serra e o mais visitado por mim,mesmo tendo o conhecido há pouco.

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    1. Olha, é ponto preferido de muita gente. Meu também, aquele lugar é divino. Estar ali, num dia comum, na imensidão daquele vale é incrível...

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  3. Este comentário foi removido pelo autor.

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