Aiuruoca x Baependi

O Parque Estadual da Serra do Papagaio está localizado no Sul de Minas Gerais; região da Mantiqueira próxima à tríplice divisa entre os Estados de Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro. Totalmente inserido em Minas, o Parque abrange áreas dos munícipios de Aiuruoca, Alagoa, Baependi, Itamonte e Pouso Alto.

Região do Rio Piracicaba e Cachoeira do Juju
Ao fundo, Pico do Chorão e Morro do Chapéu
Parcial Serra da Chapada e Serra do Careta
A direita na imagem região ExtraParque do Gamarra 

Região de cenários incríveis e intensas vidas animal e vegetal, o Parque possibilita algumas opções de Travessias. Dentre essas opções, o grande destaque fica com a rota Aiuruoca x Baependi. Foi pra lá que nos mandamos no feriado do Trabalhador de 2025...


O sentido mais comum para realização dessa Travessia é Baependi x Aiuruoca; iniciando no Bairro da Vargem, município de Baependi; e finalizando no Bairro do Matutu-Pedra, município de Aiuruoca. Nós porém, optamos por realizar a Travessia no contra fluxo, isto é, iniciarmos em Aiuruoca e finalizarmos em Baependi.

Preenchendo todo o feriado, decidimos pela realização no clássico modo de quatro dias e 3 noites, com pernoites no acesso ao Pico do Papagaio, região do Charco e Rancho do Salvador. Isto nos permitiria uma Travessia tranquila e sem pressa por todo o período.

Dia 1


Próximo às 5h00 da manhã do dia 1 de maio eu já me encontrava na Praça Central de Aiuruoca no aguardo dos amigos que desde o final da noite anterior viajavam desde BH. Pouco antes das 6h00 eles desembarcaram, um tanto cansados da viagem; porém animados para a Travessia. Nos espalhamos nas duas padarias ao redor da Praça e tomamos um café para apurar o paladar.

Pouco antes das 7h00 reembarcamos no fretado e tomamos rumo ao Parque Estadual da Serra do Papagaio na região da Pedra-Matutu. Rapidamente deixamos a cidade para trás e seguimos pela estrada de terra rumo a Alagoa. Após uns 7 km desde a Praça da Matriz de Aiuruoca, deixamos a estradinha para Alagoa e entramos à direita em forte aclive. Pouco menos de 2 km acima e chegamos próximo ao Sitio do Saulo. Lá desembarcamos por volta de 7h30. Altitude aproximada de 1.215m.

Pico do Papagaio visto desde o início da trilha
Céu de brigadeiro naquela manhã

Esse ponto está às margens da estrada um pouco antes do povoado do Matutu. É uma das opções para quem deseja atingir o Pico do Papagaio a partir da região. Dentre os três principais opções que partem da região, classifico esse ponto como o melhor deles. Além de permitir visualizar a impressionante formação em um ângulo imponente, é o mais direto e livre de impedimentos para a Travessia!

Contrastando com a semana anterior, fazia uma limpa manhã de sol e era possível ver a bela formação rochosa do Pico do Papagaio bem acima das nossas cabeças. Era nosso objetivo naquele dia; cerca de 900m acima! A distância é curta, pouco mais de 7,5 km até o topo, porém uma subida de respeito; sobretudo levando em consideração o cansaço da viagem e o peso das mochilas. O primeiro dia de uma travessia é sempre mais custoso, por isso a escolha de um trajeto curto e propício ao descanso.

Enquanto ajeitávamos as tralhas, um casal desembarcou de um automóvel e tomou a trilha rumo ao pico. Pouco depois, despedimos do nosso resgate e beirava 8h00 quando iniciamos nossa subida pela trilha pasto acima. Sem erro, em 15 minutos chegamos a residência do Sr. Batista. A residência encontra-se fechada e parece não ter mais morador constante. Abastecemos as garrafas e seguimos pela trilha; agora inserida na capoeira.

A inclinação vai se acentuando e nós esquentando as canelas. Perto de 8h40 fizemos curta parada para aglutinação. Prosseguimos cada qual no seu ritmo. A trilha sempre em aclive segue margeada pela capoeira, ora mais rala, ora mais fechada. Mas comparando com anos anteriores, se apresenta cada vez mais densa.

Pouco depois das 9h15, e após já termos cumprido em altitude quase metade da subida, fizemos uma boa parada para aglutinação e descanso. Aproveitei para retornar um trecho da trilha e encontrar um amigo que subia mais lentamente, pois se encontrava com leve indisposição. Checada a informação, subimos e rapidamente alcançamos o restante dos amigos.

Aproximava das 10h00 quando retomamos a pernada, agora pela mata mais densa que cobre as bases do Pico do Papagaio. Uns 20 minutos depois "beiramos" a grande rocha. O trecho mais íngreme da trilha ficara para trás. Mais uns 20 minutos e cruzamos o ponto de água que jorrava de modo farto. Reabastecemos e sem delongas prosseguimos.

Trecho em aclive suave e por mata, em pouco mais de 10 minutos saímos no grande descampado, ponto em que a trilha que vem de outro ponto do Matutu desemboca na subida principal. Trecho sem erros, os amigos foram subindo cada qual no seu ritmo. Permaneci mais atrás, próximo ao amigo Mendonça.

Vista Sul-Sudeste desde região do lageado:
Serra do Condado, Ouro Fala, Mitra do Bispo e Serra Verde
Segundo plano, Cangalha e Serra da Campina (ou Rincão)

Enquanto subíamos pela mata, o céu de brigadeiro deu lugar a um nublado intenso, trazendo consigo um mormaço que incomodava a nossa subida. Passamos pelo pequeno lajeado, mergulhamos novamente entre mata e pontualmente às 11h40 fomos os últimos a botar os pés na área de acampamento da bifurcação do Pico do Papagaio.

Vista Sul desde a trilha para o Pico do Papagaio:
Bandas de Alagoa e Itatiaia

Como não é mais permitido acampar no topo do Pico do Papagaio, não fazia sentido buscarmos a segunda área de acampamento; uma vez que no dia seguinte, era ali da bifurcação que prosseguiríamos a caminhada. Também não via necessidade de seguirmos até o Retiro dos Pedros! Assim, cada qual foi ajeitando suas tralhas e montando suas barracas naquela que, tempos atrás já foi uma área mais bem cuidada pelo Parque.

Procedimentos feitos sem pressa, teríamos o restante da tarde para os afazeres, ataque ao topo do Papagaio e sobretudo descanso da longa viagem. Naquele meio do dia, algumas nuvens insistiam em roçar o topo do Papagaio e obviamente o visual estava prejudicado. Mas não nos preocupamos com isso e permanecemos instalados por ali.

Por volta das 13h30 decidimos visitar o topo do Papagaio, pois as nuvens haviam dispersado parcialmente. A trilha de pouco mais de 1,5 km alterna mata e descampado. No descampado encontra-se a outra área para acampamento, onde haviam umas duas ou três barracas. Aquela mata que antes parecia um Bosque dos Duendes se fortaleceu bastante; e perdeu um pouco daquele ar de bosque misterioso...

Um pouco mais adiante encontramos com algumas pessoas que retornavam do topo acompanhadas por cães. Um dos cachorros avançou num dos amigos; um momento de susto! Inadmissível cães em Parques, mas fazer o que, não há fiscalização...

Sem dificuldades, por volta de 14h00 já estávamos no topo do Papagaio. Embora livre de nuvens, o visual ao longe não estava límpido; e o céu até um pouco carrancudo; em especial para o quadrante Norte.

Observando as redondezas das Serras da Mantiqueira, permanecemos no topo por cerca de 1h00, quando decidimos retornar para o acampamento. Até tínhamos esperança de ver o por do sol desde o Pico, mas concluímos que a chance seria pequena devido as nuvens.

Vista Sul desde o topo do Pico do Papagaio:
Região de Alagoa. Ao fundo Itatiaia e Serra Fina

Mais uma meia hora e já estávamos novamente no nosso local de descanso. Alguns até se animaram num banho de caneca, mas a água estava gelada! Embora aquele fosse um feriado, poucos visitantes estiveram no Pico do Papagaio naquele dia. Na área de acampamento somente nosso grupo. Talvez pelo clima, que começou aberto mas fechou na parte da tarde.

Sol da tarde no Papagaio

Porém, a natureza nos surpreende! De carrancudo ao meio do dia; o tempo se alegrou, proporcionando um bonito fim de tarde! Inclusive foi possível curtir o por do sol desde a Pedra Quadrada; já que a surpresa não permitiria tempo para retornar ao Pico para contemplação. Após por do sol, volta ao camping, afazeres e descanso! Não fez friaca naquela noite!

Dia 2


Ao contrário do dia anterior, aquela sexta feira amanheceu nublada e não retornamos ao Pico do Papagaio para o nascer do sol. Mas o clima preguiçoso deu lugar a uma linda manhã! Terminamos de ajeitar as tralhas e deixamos o acampamento já passando de 8h00; quando o sol já brilhava forte no céu azul. Nosso objetivo era atingir a região do Charco. Aquele seria o dia mais longo da nossa travessia. Mas ao contrário do anterior, a variação na altimetria seria bem menor.

Área Camping Bifurcação Papagaio:
Ajeitando as tralhas para partir
Tempo maravilhoso

Pelo campo aberto, tomamos a trilha batida em nível sentido Pico do Tamanduá. Alguns que não haviam ido no lugar na tarde anterior deram um pulinho na Pedra Quadrada! Retomamos a trilha e em aclive mergulhamos na capoeirinha que antecede o Tamanduá. Ao atingirmos o colo superior, havia por lá uma barraca armada e um casal com alguns cachorros.

Às 8h50 atingimos o topo do Tamanduá, que no nosso sentido estava a poucos metros à direita da nossa trilha. O Tamanduá na verdade é um amontoado de rochas no topo de um morrote a aproximadamente 2.155m de altitude, portanto mais elevado que o Pico do Papagaio. Em dias abertos o visual desde o lugar é muito bonito! Ficamos poucos minutos por lá, a tempo de observar uma barraca armada na encosta norte do Pico.

De volta a trilha em suave declive, logo abaixo tomamos a bifurcação da esquerda. Discreta saída que fez alguns de nós tomar a saída que leva ao Garcias. Topamos com algumas pessoas; e após mergulhamos na capoeira para subir as sequências de pequenos topos rochosos que separa o Tamanduá do vale do Retiro dos Pedros.

Excetuando eventuais ataques, esse trecho é o que apresenta trilha mais discreta por toda a travessia. É importante ficar atento ao pisoteio para não desviar do arremedo de trilha. Subimos o primeiro lageado e logo a frente fizemos uma paradinha para descanso. Em pouco mais de 10 minutos mergulhamos no colo que separa o primeiro do segundo morrote. Trecho em capoeira e trilha justa.

Pico do Bandeira (fundo) visto desde o Primeiro Morrote

Atingido o topo do segundo morrote, fizemos uma paradinha para aglutinação. Retomamos a pernada e iniciamos um suave declive, já despontando a nossa frente o Retiro dos Pedros; porém ainda separado por um vale de campos de altitude.

Seguimos pelas trilhas rumo ao Retiro, ignorando às várias trilhas que saem à nossa esquerda. Essas trilhas levam ao topo do Pico do Bandeira. Na ocasião e devido à jornada daquele dia não iríamos até lá. Ponto culminante de toda a travessia, apresenta belo e amplo visual; mas naquela manhã nevoada esse aspecto estava prejudicado.

Prosseguimos pelo campo e pouco depois de 10h20 chegamos ao Retiro dos Pedros. Esse é um dos pontos oficiais de acampamento para a Travessia! No dia anterior até poderíamos ter esticado a pernada até lá... Mas agora observava que foi melhor ter ficado no Papagaio, pois o Retiro dos Pedros estava com aspecto deprimente. Muito lixo, peças de roupas íntimas espalhadas, restos de fogueira...

Tocamos direto e chegamos à fonte de água que cruza a trilha metros adiante do lugar. Fizemos uma parada para coleta, aglutinação e descanso. O tempo começou a se abrir em definitivo e um forte calor atingia a região.

Paradinha no ponto de água nos Pedros:
Sol estava ardendo!

Às 10h45 retomamos a pernada. Apesar do calor, a coincidência era que, dali em diante mergulharíamos no longo trecho da mata da Serra do Canjica. Saíamos então da Serra do Papagaio e passamos a percorrer a Serra do Canjica (ou Macieira). Percorremos poucos metros de campos e cruzamos um filete de mata com escasso rego d'água. O trecho encontra-se um pouco confuso, com algumas saídas erradas.

Localizada a saída correta, mais um curto trecho de campo aberto e mergulhamos de vez na Mata do Canjica. Longo trecho em declive, a trilha estava bastante úmida devido às chuvas de dias anteriores. Vamos avançando em grupos e com cuidado para não escorregar em alguns pontos. Por volta de 11h00 passamos pela bifurcação que leva ao topo do Canjica. Saída discreta à nossa direita! O visual do trecho é fechado: apenas mata de um lado e outro da trilha.

Totem na bifurcação para o Canjica

Passava de 11h30 quando vencemos o trecho da longa descida da mata. O tempo estava bem aberto e o sol brilhava forte. Era possível observar as maravilhosas serras pros lados de Alagoa! Em suave aclive percorremos um trecho de campo aberto para novamente nos mergulhar num filete de capoeira; região da divisa do Parque Estadual com a RPPN do Matutu.

Seguindo na dianteira, despontamos em campo aberto. Foi quando ouvi uma gritaria e um corre corre: Parte do nosso grupo havia sido atacado por marimbondos! Adiantamos os passos e na região do Mirante da Cachoeira do André fizemos uma parada para aglutinação e cuidados frente ao ocorrido! Embora alguns tenham levado várias picadas, graças a Deus nada de mais grave ocorreu!

Mirante Cachoeira do André
Ao fundo-acima, trecho da rota do dia seguinte

Recompostos prosseguimos a trilha em suave declive e cruzamos mais um trecho de mata. Após, desembocamos às 12h30 na região do Daime; onde na bifurcação os responsáveis da RPPN do Matutu se faziam presente para controle e cobrança da taxa de passagem pela reserva. Sem nos interessar por aquele totem que há por ali, cerca de 10 minutos depois prosseguimos a caminhada até o corguinho adiante. Trecho com ótima sombra, aonde fizemos mais uma parada para descanso e beliscar umas besteiras...

Uns 15 minutos depois retomamos a caminhada. O trecho segue em terras da RPPN e sob leito daquela velha estradinha que se tornou dois sulcos pelo trajeto. Inicialmente um aclive alongado, o trajeto nos mergulhou numa capoeirinha. Trecho com raras sombras na volta do meio do dia e sob forte sol e calor, o trajeto segue alternando curtos aclives e declives! Estamos nas influências da Serra do Charco. Começamos a topar com os grupos que faziam a travessia em sentido contrário.

Vista da Serra do Papagaio ao fundo.
À esquerda, Pico do Canjica

Pouco antes das 14h00 fizemos uma parada numa das raras sombras pelo trecho. E mais caminhantes em sentido contrário! Uns dez minutos e retomamos a pernada. Trecho em nível, alternando campo aberto e filetes de capoeiras. Após suave aclive chegamos nos limites da RPPN. Adentramos novamente em terras do Parque Estadual. À esquerda da trilha deparamos com ampla área com sinais de acampamento; obviamente sem fonte de água por perto. Passava das 14h00 e fizemos nova parada. O visual era muito bonito naquela tarde!

Vista Sul desde os limites RPPN x Parque
na Serra do Charco:
Garrafão e Serras da Chapada e Vargem (Carreta) ao fundo

Uns 10 minutos e retomamos a caminhada. A rota batida inicia um longo trecho em declive rodeado por filetes de matas e capoeiras. Como tínhamos notícias de muitos visitantes na rota, estávamos preocupados com o local aonde iríamos acampar. Seguimos encontrando vários grupos em sentido contrário. Àquela altura poderíamos nos instalar às margens da trilha antes da Cachoeirinha. Porém ficaríamos muito distantes do ponto de água! Então prosseguimos pela trilha e encontrávamos com mais e mais grupos!

Por volta de 14h45 chegamos ao final do que um dia foi uma estradinha. Em declive mais acentuado, pouco abaixo chegamos ao primeiro ponto de água desde a região do Daime. Pouco antes do ponto de água até daria para acampar, mas o terreno bastante inclinado e às margens da trilha não seria uma boa escolha. Resolvemos prosseguir e beirava 15h00 quando chegamos à Cachoeirinha.

Fizemos uma parada para descanso e aglutinação. Então resolvi utilizar um plano B que usávamos muito antigamente: desviar da trilha pela esquerda, cruzar a vala e acampar do outro lado em local abrigado e reservado. Fui lá checar e deu trabalho para cruzar a vala, mostrando que há anos ninguém mais utiliza o lugar. Saí do outro lado e embora o capim estivesse alto seria possível ficar por ali...

E assim fizemos: Pontualmente às 15h30 já estávamos nos instalando no lugar! Alguns dos amigos, porém, preferiram se estabelecer em outros pontos: alguns na trilha junto a cachoeirinha; outros na margem esquerda da vala; e outros no ombro da trilha normal. O mais importante é que, estava solucionado o grande dilema da travessia Aiuruoca x Baependi: o problema de acampamento no segundo dia da caminhada!

Bonito fim de tarde

Pois bem, instalados e abrigados, o restante da tarde foi dedicado aos afazeres normais de um acampamento, com muita prosa boa, risadas e comes e bebes pra lá de animados! Noite com temperatura agradável e perfeita para o descanso!

Dia 3


O terceiro dia amanheceu parcialmente nublado, com temperatura agradável. Aquele seria um dia suave e mais curto se comparado ao anterior. Passava das 8h00 quando iniciamos a caminhada e fomos nos juntando aos outros que haviam pernoitado em áreas próximas.

A trilha sobe a encosta no sentido Sudoeste em forte aclive. Há duas opções no trecho: uma pela cumeada do morro, aonde um grande grupo passou a noite; e outra, mais abaixo, que parte de nós percorreu. Trilha estabilizada, encontramos outro grupo de caminhantes num pequeno espaço que também é utilizado para pernoite em época seca.

A partir desse ponto, a trilha segue em declive definitivo sentido Rio do Charco ou Rio Santo Agostinho. Os antigos chamavam esse trecho de Serra do Itacolomi. O trecho em área de campos rupestres margeia algumas manchas de capoeira e passa pelo local onde há muitos anos havia um rancho e corre um fio d'água. No fundo do vale ao Norte, muitas araucárias e o ruído de uma pequena queda d'água. Seguimos encontrando com vários caminhantes, o que confirmava a notícia de muitos pela rota. 

Cachoeira do Charco
Destaque do trecho

Já ouvindo o ruído da Cachoeira do Charco, ignoramos a continuação da trilha que segue para a passagem do rio acima da queda. Isto porque o rio estava um pouco mais avolumado devido as chuvas dos dias anteriores. Tomamos então uma saída em declive à direita. Pontualmente às 9h00, a trilha nos levou diretamente às margens do rio, abaixo da queda. Lá, tiramos as botas e cruzamos o rio através das rochas e pontos de areia.

Cachoeira do Charco vista de cima

A Cachoeira do Charco estava linda! Trata-se de uma queda única e volumosa, de baixa altura; com um pelo poção. É um lugar imponente e convidativo à curtição! É uma das principais atrações da Travessia.

Cruzado o Rio sem dificuldades, tratamos logo de secar os pés e prosseguir, uma vez que aquele horário as águas geladas da Cachoeira não estavam convidativas. Às 9h30 retomamos a pernada subindo a trilha em curto, porém forte aclive. Desembocamos mais acima, no trecho estabilizado da trilha que corta a íngreme ladeira em diagonal.

Nessa imagem é possível observar o ponto de
transposição acima da queda

Poucos metros à frente tomamos a trilha da direita, pois àquela altura não fazia sentido seguir até o Rancho do Charco; muito menos fazer aquela volta imensa sentido Trilha das Araucárias. Inicialmente ladeira acima, a trilha íngreme rasga o campo e nos leva até rala capoeira. Visual muito bonito do Vale do Charco; inclusive do pequeno Rancho do Charco bem abaixo.

Já em aclive mais suave, ignoramos uma saída discreta à esquerda que é um atalho que despenca para o Rancho do Charco. Adiante passamos por uma cerca de arame sem porteira. Após cruzar uma área seca com candeias em formação, pontualmente às 10h00 desembocamos na larga trilha que vem de Alagoa. Ou seja, foi um bom atalho!

Aproveitamos as sombras das pequenas candeias para um descanso! Esse ponto apresenta um belo visual da porção Sul do Parque. É possível visualizar a rota que segue para Alagoa; bem como parte do vale da Trilha das Araucárias, Pico do Garrafão e região do Itatiaia.

Vista pras bandas do Itatiaia

Uns 20 minutos depois retomamos a caminhada. Em uma guinada para o Norte e inicialmente em aclive, a larga trilha margeia uma mata rala pela sua direita; tendo a esquerda uma capoeira em formação. Logo a trilha praticamente se estabiliza e é possível observar longo trecho da rota percorrida desde o dia anterior. Visual muito bonito!

Logo chegamos a um forte e curto declive que nos leva diretamente a um afluente do Charco, um bom ponto de água no fundo do vale. Reabastecemos e prosseguimos sem demora, agora enfrentando aclive acentuado com trilhas diversas em erosões. Topamos com umas moças que lentamente prosseguiam no sentido contrário.

Já estabilizados e no interior de uma mata, pouco antes das 11h00 fizemos uma parada para aglutinação e refresco do forte e ensolarado dia! Uns 10 minutos e prosseguimos, agora em suave declive num trecho com capoeira em formação. As bandas pros lados da Juju e Gamarra começam a despontar aos nossos olhos: adentramos na influência da Serra da Chapada! Visual muito bonito daquele conjunto de quedas do Rio Piracicaba; além do vale do Gamarra além Parque!

Na bifurcação à frente, tomamos à esquerda! Fizemos uma paradinha porque um dos amigos havia "comprado um terreno" na descida do declive anterior e precisava se recompor. Aglutinados e com calma, prosseguimos pela trilha batida que corta a encosta de campos em diagonal declive; em alguns pontos acentuado. Pontualmente às11h30 chegamos na bela parte alta da Cachoeira do Juju.

Juju parte alta

O topo da Cachoeira do Juju é de fato muito agradável, com variados poços e pontos fotogênicos! Agora proibido, não é à toa que antigamente era um ponto de pernoite disputado! Além da Juju, o rio Piracicaba proporciona outras corredeiras leito acima, tudo muito bonito e desfrutável!

A famosa borda infinita da Juju

Havia um grupo de visitantes por lá; porém, apesar de feriado, no geral eram poucas pessoas no lugar! O sol brilhava forte e o horário era ótimo. Poderíamos estar por ali um bom tempo curtindo a cachoeira e o lugar. Tempo livre para cada um fazer o que desejasse, com calma e sem pressa. Eu fui fazer um come rápido, outros pra água e uns até desceram lá no Gamarra pra rever velhos amigos. Ou seja, muito bom e sem engessamento!

Lá por volta de 13h30 e em grupos começamos a deixar o lugar. A trilha em aclive retoma o predominante sentido Sudoeste e segue pela margem esquerda do Piracicaba. Na primeira bifurcação tanto faz; mas na segunda o correto é se manter à esquerda; sob pena de descer pra algum ponto do Gamarra!

Fomos subindo em grupos, sem pressa e sob forte calor! O trecho é de encher os olhos com o visual das muitas corredeiras do Rio Piracicaba! 

Belezuras pelo Piracicaba

Logo após a altura da Cachoeira do Escorrega, na primeira bifurcação ignoramos a saída da direita que em aclive leva para o Pico do Chorão. Tomamos à esquerda, mantendo o nível. A trilha vai se aproximando do leito do Piracicaba. Trecho visual, logo à frente está o Rancho do Salvador.

Passava um pouquinho das 14h00 quando cruzamos o Piracicaba por uma pinguelinha improvisada e chegamos ao Salvador. Um dos amigos estava mais a frente e havia chegado primeiro ao lugar. O vi retornando e procurei saber a razão...

Foi aí que nos contou que, um campista que estava instalado nos arredores; a quem indagou se lá era o Rancho do Salvador; curiosamente foi informado que não... E havia indicado a continuidade da trilha! Mas a dúvida foi sanada à minha chegada! E até brinquei com o campista: "você é esperto, queria ficar só nesse lugar; mas terá companhia para seu desgosto" eheheh... Era um cara boa gente, que com seus filhos curtiam o lugar!

Parcial do Rancho do Salvador

O Rancho do Salvador é história antiga naquele trecho! Há alguns anos foi reformado pelo Parque. Atualmente é uma espécie de varandão com um fogão a lenha em um dos seus cantos. Seus arredores levemente inclinados encontram-se relativamente limpos. É um excelente local para pernoite, com o riacho farto ao lado. Nos arredores há muitas araucárias vale acima; poços rio abaixo e rio acima; picos e morros, enfim, é um grande lugar!

Procuramos nos instalar nos arredores do rancho. O restante da tarde foi dedicado aos afazeres normais. Alguns desencavaram um resto de pinhão no rancho e fizeram um assado. Outros visitantes estiveram por lá por um tempo, mas logo partiram.

Fez uma tarde linda. Modos que até me juntei a parte dos amigos e fomos curtir o por do sol lá do Pico do Chorão. Pouco depois das 16h00 encaramos a subida, que praticamente em linha reta sobe a encosta Noroeste oposta ao Rancho do Salvador.

O Rancho do Salvador visto desde o Chorão

Em cerca de 20 minutos já estávamos no topo. Pequeno e com algumas rochas, o topo do Chorão proporciona uma vista incrível da banda Norte, destacando o vale abaixo; bem como longos trechos de toda a rota da travessia. Na verdade trata-se de um prolongamento da encosta, cujo acessos Nordeste e Sudoeste são bem suaves. Permanecemos por lá proseando em torno de 1h00. O por do sol foi meio envergonhado, mas valeu o esforço.

Vista desde o Chorão pros lados do Canjica
É possível observar a Cavalo Baio,
gigante cachoeira de Baependi



E em menos de 15 minutos já estávamos de volta ao Rancho do Salvador para os últimos afazeres do dia. Foi uma noite perfeita; novamente com temperatura agradável!

Dia 4


Como no costume, em torno de 8h00 deixamos o Rancho do Salvador e iniciamos a caminhada rumo ao Bairro da Vargem. Aquele seria o nosso último dia no Parque! Incrível como passa rápido!

Após cruzar a pinguelinha do Piracicaba, tomamos a trilha à nossa esquerda no sentido Sudoeste. Seguimos em nível pela trilha que corta a matinha ciliar repleta de Araucárias. Em poucos minutos iniciamos o trecho em aclive pelos campos de altitude. Ao final da subida, a trilha passa a acompanhar o terreno, quase sempre pela cumeada do morro no sentido Sudoeste; desviando de manchas de mata: Estamos na Serra da Chapada!

Parcial do trajeto do dia

Após uma guinada para o Norte, passamos a percorrer um curto trecho em suave declive; para imediatamente entrar em aclive mais acentuado. Fizemos uma paradinha para aglutinação. Retomamos a pernada em poucos minutos morro acima. Isto nos levou até um mirante com muitas rochas, morrote anterior ao Pico do Cruzeiro. Ali fizemos uma parada para nova aglutinação, descanso e fotos.

Nesse ponto costumeiramente se tem uma linda vista do Morro do Chapéu, bem como e outras Montanhas da Mantiqueira, algumas distantes, como Marins, Itaguaré e cia. Durante nossa caminhada, de uma manhã aberta o tempo passou a nublado. Naquele momento, em torno de 9h30 da manhã, uma mancha nebulosa começou a roçar parcialmente o Pico do Chapéu. Isto poderia colocar em cheque nossa ida ao cume. Mas decidiríamos mais adiante.

A neblina chegando no Pico do Chapéu

Uns 15 minutos e retomamos a caminhada. Ignoramos a saída atalho à esquerda que adentra ao filete de mata abaixo e prosseguimos pela trilha ferradura em campo aberto que passa pelo Cruzeiro, aonde chegamos em torno de 9h45. Sem parada prosseguimos, agora em suave declive.

Aproximamos da bifurcação à direita que nos levaria ao Cume do Pico do Chapéu. Naquele momento, o Pico na Serra do Careta (ou Serra da Vargem - IBGE) estava totalmente envolto em neblina, portanto com visual zero. Tínhamos duas opções: aguardar por ali a dispersão da neblina; ou então não visitar o cume, uma vez que não teríamos visual.

Chapéu numa rápida janela mais aberta

Com a pressão do longo retorno para BH; e frente a incerteza do tempo, optamos por seguir a caminhada sem visitar o Pico do Chapéu. Seguimos pela trilha inicialmente em suave declive, passando à direita da área de Acampamento oficial do Pico do Chapéu.

A partir dali a trilha entra em declive muito acentuado: são as encostas da Serra da Vargem. As trilhas apresentam erosões em muitos pontos. Por volta de 10h20 e já finalizando o trecho por campo aberto em declive acentuado, aproveitamos a presença de umas boas rochas para uma parada para lanche e descanso.

As últimas vistas desde a parte alta

Aquele seria o último visual desde a parte alta do Parque, pois logo abaixo entraríamos na mata. Daquele ponto, o vale da região da Vargem despontava já bem próxima. O Pico do Chapéu logo acima prosseguia sua luta frente ao nevoeiro.

Parcial pras bandas da Serra do Pouso Alto (IBGE)

Uns 20 minutos depois prosseguimos a pernada. Em declive, adentramos no trecho de mata. A declividade diminui um pouco e a trilha se amplifica. Vamos descendo em grupos. Próximo de 11h15 chegamos até um bom ponto de água, quando o corguinho corta a trilha. Ali fizemos uma parada para aglutinação e descanso. Mais ou menos nesse trecho, deixamos o Parque Estadual para adentrar em terras particulares.

Uns 15 minutos e retomamos a pernada. Sempre em declive, a mata ficou para trás e logo despontamos num pasto de braquiária, sinal de que a pernada estava chegando ao seu final. Cruzamos umas duas porteiras em sequência e beirava meio dia quando desembocamos numa estradinha batida através de uma porteira grande.

Prosseguimos pela estrada no interior de uma plantação de eucaliptos. Deixamos os eucaliptos e a rota logo se estabiliza mais abaixo, já margeando as primeiras casas e sítios locais. Para desgosto, o tempo se abriu e o sol a brilhar. Consequentemente o Morro do Chapéu mostrou toda a sua cara! Mas àquela altura já não daria mais pra retornar...

Seguimos então pelo empoeirado trecho até o centrinho da Vargem, aonde desembocamos no mercadinho local pontualmente às 12h35; colocando fim à nossa Travessia.

A Escola e a Igreja da Vargem

A não ida ao Pico do Chapéu adiantou o final da Travessia. Isto sobrou tempo para o grupo invadir o mercadinho atrás de algo para comer. O prato da hora foi pão com salame e uns kisucos; bem como uns sorvetes na sorveteria local. Mairane pagou meu sorvete - não esqueci eheheh! Sobrou tempo até para alguns corajosos irem até o banheiro da quadra local tomar um banho; mesmo com o local em petição de miséria; segundo informações!

Nosso resgate somente chegou à Vargem por volta de 14h00, que era o horário anteriormente combinado! Ajeita daqui, ajeita dali, enfim embarcados! Sacolejamos pela bela estradinha de terra que nos levou até Caxambu, aonde chegamos pouco após às 16h00. Ali me despedi dos amigos: enquanto eles enfrentariam cerca de 400 km até BH, eu tinha pela frente cerca de 70 km até a roça em Alagoa. Adivinha quem chegou em casa primeiro? Pois é, não fui eu eheheh... Coisas de cidade pequena!

Serviço


O Parque Estadual da Serra do Papagaio está localizado no Sul de Minas Gerais; região da Mantiqueira próxima à tríplice divisa entre os Estados de Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro. Totalmente inserido em Minas, o Parque abrange áreas dos munícipios de Aiuruoca, Alagoa, Baependi, Itamonte e Pouso Alto.

Situado na Região da Mantiqueira, o Parque possibilita algumas opções de Travessias. Dentre essas, o grande destaque fica com a rota Aiuruoca x Baependi. Comparada às suas travessias vizinhas e grandiosas - Serra Fina, Maringuaré e aquelas no Itatiaia - a Baependi x Aiuruoca não se destaca pela altimetria acumulada; nem apresenta grande número de escapas acidentadas; apesar de abrigar pontos conhecidos como o Pico do Papagaio; Bandeira, Canjica, Chapéu e Garrafão; com altitudes que variam entre 2000 a 2400m aproximadamente.

O destaque da Baependi x Aiuruoca é a sua diversidade, sobretudo devido à farta presença de água na região. Essa presença possibilita maior diversidade de vegetação, que vai de campos de altitude, mata atlântica até florestas de araucárias. Consequentemente há maior presença de vida silvestre; inclusive animais de grande porte, como a onça parda! Esse panorama possibilita incrível experiência e cenários dinematográficos, diferenciais que transformaram essa rota em um clássico do Montanhismo nacional.

O sentido mais comum para realização da Travessia é Baependi x Aiuruoca; iniciando no Bairro da Vargem, município de Baependi; e finalizando no Bairro do Matutu-Pedra, município de Aiuruoca. A quilometragem da travessia pode variar bastante (50 a 70 km); dependendo dos ataques a alguns atrativos pontuais que escolher realizar pelo trajeto; bem como de qual ponto iniciará ou finalizará a travessia no município de Aiuruoca.

Para realização dessa Travessia, é recomendável comunicar ao PE da Serra do Papagaio sobre sua intenção; bem como contatar a RPPN do Matutu para obter a autorização de trajeto.

Distâncias Aproximadas - Referência Belo Horizonte


BH x Caxambu: 375 km
Caxambu x Bairro da Vargem: km 30 km (25,5 km em estrada de terra)
BH x Aiuruoca: 420 km
Aiuruoca x Bairro da Pedra: 9 km (8 km em estrada de terra)

Como Chegar - De carro - Referência Belo Horizonte


Ida: Rodovia BR 381 até Campanha. BR 267 até Caxambu. Estrada rural para o Bairro da Vargem
Retorno: Estrada rural do Matutu-Pedra para Aiuruoca. BR 267 até Campanha. BR 381 até Belo Horizonte

Obs.: Início e final em pontos distintos e distantes. Necessário planejar logística.

Como Chegar - De ônibus - Referência Belo Horizonte


Ida: ônibus Viação Serro BH até Caxambu. Táxi ou carona até Bairro da Vargem
Retorno: Táxi ou carona do Matutu-Pedra até Aiuruoca. Viação Santa Cruz até Caxambu ou Três Corações. Viação Serro até BH

Obs.: Horários de ônibus escassos. Consulte as empresas sobre horários e frequências. Há ônibus rural entre Baependi Via Caxambu e Bairro da Vargem, bem como ônibus de Alagoa para Aiuruoca que passa no acesso ao Bairro do Matutu. Porém, os horários e frequência são escassos; muito escassos.

Considerações Finais


Unidade de Conservação 1 - Parque Estadual da Serra do Papagaio. O Parque não oferece sistema de reservas, cobrança de ingresso, pernoite ou cobrança de uso de trilhas; pois não há infraestrutura implantada. Quando visitamos unidades que se encontram nessas condições é recomendável que mantenhamos contato com a Unidade e avisemos das nossas intenções. É importante que a Unidade tenha ciência de quem está caminhando pelas terras do Parque, pois isto poderá ser orientado; além de gerar estatísticas, estudos e melhorias. Mais informações nesse link

Unidade de Conservação 2 - RPPN do Matutu. Trata-se de uma reserva particular em um trecho importante da rota da Travessia. Esse trecho vai desde após o final da descida da Mata do Canjica até bem próximo ao afluente do Charco. Para percorrer esse trecho é necessário solicitar autorização e pagar uma tarifa de passagem; não sendo permitido o acampamento-pernoite no trecho. Veja mais informações nesse link

Trilhas: As trilhas são mistas, isto é, há vicinais antigas; trechos de trilhas amplas; porém há outros trechos mais fechados e antigos. Há muitas, muitas bifurcações e saídas por toda a rota. Há aclives e declives, alguns acentuados. Há desfiladeiros desde o topo dos Picos do Papagaio, Chapéu e Chorão: tenha cautela! Não há trechos técnicos pela rota que exijam transposição através de equipamentos; porém há rios importantes a cruzar (Charco e Piracicaba). Sombreamento em aproximadamente 15% do trajeto. 

Rio do Charco: Este é um ponto que pode inviabilizar ou atrasar a travessia em caso de chuvas fortes. Os pontos de transposição estão, ou acima da queda; ou abaixo da queda. Em situação normal, procede-se a passagem com água abaixo da cintura; ou mesmo pelos joelhos. Jamais tentar transpor o rio em caso de cheias: risco de morte! Nesses casos, há opção de um desvio pela ponte do rio localizado acima da cachoeira a aproximadamente de 4 km (ponte da Travessia para Alagoa, região da Trilha das Araucárias). Mas tenha em mente que, mesmo esse desvio sob chuva forte pode estar comprometido devido aos afluentes do Rio do Charco; ou mesmo o rio pode ter atingido a ponte! Além do Rio do Charco, atentar-se também para o Rio Piracicaba: sob chuva forte impossível transposição!

Logística de Acesso: Início e final da Travessia em pontos distintos e distantes. Necessário programar logística, seja de carro ou de ônibus. Dependendo do modo escolhido a rota a fazer à pé pode se alongar em muitos quilômetros. Os acessos às localidades inicial e final se dão somente por estrada de terra, quase sempre em condições sofríveis, em especial no período chuvoso.

Sentido 1: A travessia pode ser realizada tanto no sentido de Baependi x Aiuruoca (início no bairro rural da Vargem, predomina sentido Sudoeste x Nordeste); quanto em sentido contrário Aiuruoca x Baependi (início na região do bairro rural de Matutu e Pedra, predomina sentido Nordeste x Sudoeste). 

Sentido 2: Iniciando pela Vargem, o trajeto mais usual é seguir pela estradinha até a divisa com o Parque. Há um atalho que sobe a encosta de um pasto passando próximo a um sítio. Porém esse trajeto não seria recomendado porque pode depender da autorização do morador local; além da rota ser sobre pastagem.

Sentido 3: Já iniciando pelo bairro rural de Matutu e Pedra, há pelo menos 3 opções iniciais para a Travessia. A primeira passando pelo local conhecido como Trutário (depende de autorização do proprietário local); a segunda passando pelo Camping Panorâmico (depende de autorização do proprietário local); e a terceira opção, iniciando próximo ao Sítio do Saulo. Dentre essas opções de acesso, aquele iniciando pelo Sítio do Saulo é o mais livre e desempedido. 

Sentido 4: Também há a variação de acesso (ou saída) à Travessia pela região da Cachoeira dos Garcias. Essa variante tem uma desvantagem logística, pois sua rota de saída da vertente principal se dá em ponto anterior ao Pico do Papagaio; local fundamental da Travessia. Isto faz com que para atingir o topo do Papagaio deva-se fazê-lo mediante ataque. Por outro lado permite visita à Cachoeira dos Garcias. Em nosso modo de entender, a variante Garcias é mais interessante para realizações no sentido Baependi x Aiuruoca.

Atrativos Picos: Pico do Papagaio, Pico do Tamanduá, Pico do Bandeira, Pico do Canjica, Pico do Chorão, Pico do Chapéu. Exceto Tamanduá, que se encontra metros acima da rota, todos os outros se faz mediante ataque; ou seja, são opcionais. Esses ataques são curtos, exceto para o Canjica, que é bem mais alongado e sob mata.

Atrativos Cachoeiras: Cachoeira do Charco, Cachoeira do Juju, Cachoeira do Escorrega e Complexo do Rio Piracicaba. Há várias outras quedas em pontos fora da rota.

Camping: Não há estrutura de camping no PE Serra do Papagaio. Os pontos oficiais para pernoite  determinados pelo Parque Estadual são Acesso ao Morro do Chapéu, Rancho do Salvador, Rancho do Charco; Retiro dos Pedros e Acesso ao Pico do Papagaio. O Rancho do Salvador trata-se de um varandão aberto com fogão a lenha. Já o Rancho do Charco é um pequeno casebre com minúscula área nos arredores. Em todos esses pontos o pernoite é no estilo natural. É proibido pernoitar no topo do Pico do Papagaio ou em outras áreas do Parque. Nas terras da RPPN do Matutu é expressamente proibido o pernoite.

Infraestrutura:  Não há pontos comerciais pela rota. Não há energia elétrica pela rota. Porém há sinal de telefonia celular em vários pontos da rota. A Sede de Montanha do Parque não se localiza na rota da Travessia. Sua Sede está na Fazenda Santa Rita, município de Baependi. Porém seu acesso por estrada se dá pelo município de Alagoa, via Bairro Rural do Garrafão (próximo ao Vale e Pico do Garrafão). Já um dos acessos à Fazenda Santa Rita através de trilhas se dá através da Trilha das Araucárias a partir da Cachoeira do Charco. Na Sede de Montanha Fazenda Santa Rita há abrigo para pernoite de visitantes e pesquisadores. Necessário reserva antecipada. Já o escritório do Parque se localiza na cidade de Caxambu.

Água: Há pontos de água pela rota, sendo bem distribuídos por todo o trecho. Inicie sempre abastecido e use purificador! A fonte no acesso ao Pico do Papagaio pode secar naqueles anos de estiagem mais intensa.

Época de realização: O melhor período para realização é de abril a setembro; que é a época mais seca na região. Porém é quando as águas das cachoeiras estão mais geladas e em menor volume; bem como as fontes de água escasseiam. Mas é mais seguro, uma vez que sob chuva forte a rota pode se inviabilizar, pois há córregos e rios importantes a serem cruzados. Entre outubro e março é comum a ocorrência de tempestades na região. No período do inverno é comum temperaturas negativas e formação de geadas por toda a rota.

Segurança - Escape: Dependendo do sentido escolhido, até a região dos primeiros picos (Papagaio ou Chapéu), recomendável retornar ao início da trilha. A partir do Papagaio e até região do Canjica, sair pelo Garcias. Região do Daime-RPPN, descer sentido Matutu. Região do Charco, sair por Alagoa. Região da Juju e Rancho do Salvador, sair pelo Gamarra. Tenha em mente que em circunstâncias adversas os deslocamentos podem ser longos. Não há estrutura de busca e resgate seja no PE Serra do Intendente ou nos arredores. Há sinal de telefonia celular em vários pontos da rota. Obviamente não há terminais telefônicos.

Experiência em Trekking: Recomendável não ir solo realizar essa Travessia, em especial se apresentar pouca experiência em Trekking. O trajeto requer conhecimento e dedicação; e para praticantes com nenhuma ou pouca experiência pode não ser tão óbvio quanto parece. Procure iniciar a atividade sempre no primeiro horário.

Segurança: Ao praticar Trekking prefira utilizar calças compridas e camisetas com mangas longas. Isto oferece maior proteção frente à vegetação e eventuais insetos; além de minorar a ação do sol.

Atenção: Ambientes naturais abrigam insetos e animais selvagens ou peçonhentos. Isto é natural; é normal. Portanto, seja ao caminhar ou ao assentar esteja sempre atento. Ao manusear vestuário e equipamentos verifique com atenção se não há presença desses animais ou insetos. Também esteja atento quanto a presença de animais selvagens de grande porte; evitando assustá-los.

Cash: recomendável em espécie; muito embora já seja comum utilização de Pix.

Cartas Topográficas: Alagoa e Pouso Alto


► Pratique a atividade aplicando os Princípios de Mínimo Impacto


Bons ventos!

Postar um comentário

Gostou? Deixe seu comentário, pergunta ou sugestão (0)

Postagem Anterior Próxima Postagem