Pico da Bandeira: uma viagem inesquecível - Parte 1

O bonito colorido no topo do Bandeira
Depois de um longo período longe das aventuras que poderíamos classificar como mais significativas, motivado por circunstâncias diversas, decidi que já passava a hora da volta. Para quem foi acostumado e cresceu praticamente no mato, ausentar desse ambiente torna-se muitas vezes um martírio.

Desde início dos anos 90 e até meados de 2007, percorri praticamente toda a Mantiqueira no Sul de Minas e Serra do Mar Fluminense; ora fazendo Travessias, ora visitando atrativos específicos. Também explorei vários outros pontos da região sudeste do Brasil, dentre outros do País. Desse período de andanças, restaram apenas registros em minha memória, pois devido a várias mudanças de residência, acabei perdendo as velhas fotografias e as suas anotações...

Para marcar o meu retorno às aventuras, decidi que voltaria ao Parque Nacional do Caparaó. A primeira vez que estive na cidade de Alto Caparaó foi no início dos anos 2000. Na ocasião não subi o Pico da Bandeira devido às fortes chuvas que caíam na região. Em outras ocasiões por lá também estive, o suficiente para comprovar que a energia daquele lugar seria recuperadora. Além disso, outros motivos também me levaram a escolher o Caparaó para esse retorno. Por lá encontram-se três dos dez pontos culminantes do Brasil, o Pico da Bandeira (2.892m), o Pico do Calçado - há controvérsias (2.849m) e o Pico do Cristal (2.769m), que é o Pico mais alto de Minas Gerais.

Localização
Fonte: pelocaparao.blogspot.com.br
O Parque Nacional do Caparaó foi criado no início da década de 60 e está localizado na divisa dos estados de Minas Gerais e Espírito Santo, região sudeste do Brasil. Predomina a vegetação de mata atlântica e seu clima é o tropical de altitude.

Em seus domínios estão localizados três (há controvérsias) dos dez pontos culminantes do Brasil, além de outros picos com altitudes consideráveis! O Caparaó recebe grande quantidade de visitantes, especialmente no inverno, quando é comum as temperaturas baixas, inclusive negativas.

Os acessos ao parque se dão pelo lado capixaba, no município de Dores do Rio Preto, onde há o Camping da Macieira e de Casa Queimada; e pelo lado mineiro, no município de Alto Caparaó, onde se tem acesso aos camping de Tronqueira e Terreirão. O acesso pelo lado mineiro é mais utilizado e possui melhor infra estrutura. Seja qual for o acesso, o ponto alto na visita ao ParnaCaparaó é assistir ao nascer do sol no cume do Pico da Bandeira!

Defini a data da viagem para os dias entre 16 e 19 de julho. Convidei dois amigos de Belo Horizonte pra me acompanhar. Resposta positiva, faltava então só chegar a data da viagem. Obviamente que me aventurei muitas vezes solo em minha vida, mas ter companhia em uma trilha não tem preço. Entretanto, próximo à viagem meus amigos declinaram da pernada...

Diante do fato, resolvi buscar em um Fórum na internet alguém que tivesse interesse em ir ao Caparaó na mesma ocasião. Até que algumas pessoas manifestaram interesse, porém a maioria somente para trocar informações. Entre os interessados, um rapaz de São Paulo manteve contato faltando pouco mais de uma semana para a viagem. Mais algumas informações e ele decidiu me acompanhar. Era o Renato, cara gente fina; e esta seria a sua primeira 'grande' aventura. Assunto resolvido, agora era só controlar a ansiedade e aguardar a data da viagem!

Dia 1 ► domingo/segunda: BH → Camping Terreirão


Chegado o dia 15 de julho, um domingo, deixei a rodoviária de Belo Horizonte, às 21h45 a bordo de um ônibus da Viação Pássaro Verde. Passava das 4h00 da madrugada quando desembarquei na rodoviária de Manhumirim. Não havia alma viva por lá, apenas um rapaz que dormia e roncava estrondosamente em um cômodo que parecia ser uma bilheteria desativada.

Permaneci aguardando a chegada do Renato que viria de São Paulo, pela Viação Itapemirim. Os planos para esse dia era chegar até ao Terreirão, camping base do Bandeira; para que no dia seguinte fizéssemos o ataque ao cume pela madrugada. Conforme havíamos conversado, ele chegaria por volta das 6h00 da manhã.

Permaneci na rodoviária batendo papo com os viajantes e alguns moradores. Fazia certo friozinho e o tempo estava parcialmente nublado. Aproveitei pra um café na lanchonete da rodoviária e me fartei com uns pastéis de queijo...

Chegada 6h00 da manhã e o ônibus do Renato não apareceu. E Assim foi até às 9h15 da manhã, quando ele desembarcou. Nem deu tempo de conversarmos direito e já tomamos às 9h30 um ônibus urbano para Alto Caparaó, a cidade porta de entrada e sede do Parque Nacional. Durante a viagem fomos trocando ideias e ampliando relações...

Após passar por Alto Jequitibá e umas outras localidades, já quase ao final da viagem, dentro do ônibus conhecemos duas moças que vinham também de São Paulo e iriam “estagiar” no Parque do Caparaó naquela semana. Descobrimos que elas seguiriam imediatamente para o Parque, que mandaria um carro para resgatá-las no centro de Alto Caparaó. Não perdemos tempo e “cantamos” uma carona até a portaria. São apenas 3 km, mas já seria uma ajuda, pois estávamos atrasados com nossa programação. Desembarcamos em Alto Caparaó por volta de 10h30.

Após certa demora, o resgate das estagiárias chegou. Pegamos carona e desembarcamos na portaria do parque por volta de 11h30, com o sol a pino! Tempo maluco aquele! Preenchemos os formulários, pagamos as entradas e estadias no parque. Por volta de 12h00, sob um sol de rachar mamonas tomamos a estrada que leva até o camping da Tronqueira. Fomos subindo devagar e com as cargueiras bem pesadas.

À essa altura e dado ao adiantado da hora, os nossos planos já tinham ido pras cucuias, pois naquele ritmo dificilmente chegaríamos ao Camping do Terreirão com luz do dia. Cansados que estávamos decidimos então que iríamos pernoitar no Camping da Tronqueira e na manhã seguinte subiríamos para o Terreirão. E somente no terceiro dia atacaríamos o Bandeira. Bom, isso não era problema, pois tínhamos tempo de sobra pra curtir os arredores dos camping!

Passamos pela bifurcação que dá acesso ao Vale Verde (não fomos – o Vale Verde é uma área com cachoeiras e poços d’água, propícios para banhos, além de infraestrutura completa para lazer) e continuamos subindo. A subida pela estradinha é bastante íngreme e cansativa, apesar do belo visual.

Da Portaria Caparaó ao Camping Tronqueira são 6 km através dessa estrada de chão batido, transitável no inverno, porém só através de 4x4 no verão. O visual continuava cada vez mais bonito, mas a estrada empoeirada, com um intenso vai e vem de veículos estava tirando nossa paciência. Caminhamos nessa batida por cerca de 1h00 mais ou menos.

Foi aí que aconteceu algo inesperado: veio um "uninho" e uma mulher gritou oferecendo carona! Nem um segundo mais e já estávamos dentro do carro. Que alívio! O anjo bom da carona era uma Professora de Manhumirim que estava com um grupo de alunos visitando a Tronqueira e arredores.

Com a abençoada carona, por volta de 14h00 chegamos ao camping Tronqueira. Com esse adianto, os planos mudaram novamente, pois agora tínhamos tempo de sobra para chegar ao Terreirão. Por outro lado, algo começou a me preocupar; o clima mudara rapidamente, baixando um neblinão na região da Tronqueira. 

Vale Encantado
Mesmo nublado muita gente por ali
Fizemos um rápido descanso no camping e logo após pegamos a trilha rumo ao acampamento do Terreirão, distante 3,7 km morro acima. Passamos pela bifurcação do Vale Encantado, que é uma área com várias quedas d’água propícias para um refresco pouco acima da Tronqueira.

Optamos por não descer até o Vale Encantado, afinal o sol havia sumido completamente e até fazia um pouco de frio. Havia muitos visitantes por ali, o que justificava o grande número de veículos que estavam estacionados na Tronqueira.

Estávamos com as cargueiras pesadas e confesso que o início da trilha foi penoso. Havia um tempinho não fazia isso e senti o peso da danada. Mas uns 30 minutos depois passou.

A trilha não é difícil, é sinalizada e bem demarcada pelo uso. Mistura trechos de subida mais íngreme com outros mais suaves. E vai acompanhando o rio José Pedro, pela sua margem esquerda, que nessa altura divide os Estados de Minas Gerais e Espírito Santo. Paramos umas três vezes para breves descansos. Seguimos tranqüilos, modos que somente às 17h00 horas chegamos no camping Terreirão.

Rio José Pedro
O tempo estava completamente fechado! Desde a metade da trilha Tronqueira-Terreirão a neblina com chuviscos veio nos acompanhando. E chegados ao Terreirão, praticamente não se via nada além de uns 15 metros. E começou a fazer frio, muito frio mesmo! O camping estava vazio, apenas uma barraca gigante de uma família quebrava a monotonia próximo à área de apoio do Parque.

Rapidamente escolhemos o local próximo à casa dos Guardas e montamos acampamento. Nesse momento ora a neblina baixava, ora dissipava. Fomos preparar algo pra comer quando chegaram outros dois casais corajosos no camping. Depois descobrimos que elas eram de BH; e eles de Tombos e Juiz de Fora. Eles armaram as barracas próximos às mesas à direita da Casa de Pedras. 

Telhado da Casa de Pedra e o Terreirão praticamente vazio
O clima permaneceu naquele vai e vem: ora a neblina baixava; ora dissipava um pouco. Com aquela friaca, tratamos logo de finalizar o jantar mais cedo e depois ficamos fazendo hora papeando próximo à casa de guarda.

Para nossa surpresa chegaram mais três rapazes, que eram de BH e montaram suas barracas bem próximas à nossa. Mais tarde nos conhecemos e enturmamos, combinando que atacaríamos o cume do Bandeira de madrugada, por volta das 3 e pouco da manhã. Dormimos cedo e o vento juntamente com a garoa pareciam que iriam arrasar o Terreirão. A temperatura caiu: chegou a fazer 4 graus negativos e a neblina era densa. 

Se não bastasse a tormenta natural daquela noite difícil e gelada, a Casa de Pedra, que é uma construção aberta ao público, onde as pessoas que desejam ir ao Bandeira podem parar e descansar antes do ataque ao Pico, foi invadida por um grande grupo. Fizeram algazarras a três por dois. Gritavam, corriam pelo camping, enroscaram na sustentação das nossas barracas...

O 'fusuê' alongou em grande período; e só parou porque um dos caras de BH perdeu a paciência e aprontou uma gritaria de fazer inveja! De todo modo, se não bastasse o frio congelante, foi custoso dormir naquela noite. Foi aí que constatei que a Casa de Guarda era só enfeite. Na verdade os guardas só vão para o Terreirão nos finais de semana. Bom, aí foi ter paciência e esperar a hora do ataque ao cume.

O pessoal da Casa de Pedra não dormiu e pouco depois da 1h30 da madrugada começaram a sair em direção ao Pico da Bandeira. Nós ficamos um pouco mais no acampamento e por volta das 2h30 levantamos, fizemos um capuccino e nos agrupamos. No nosso grupo, um dos rapazes havia ido ao Bandeira recentemente, e isso aumentava nossa segurança para enfrentar aquela trilha coberta pelo nevoeiro.

Mas a subida não seria fácil: frio intenso, ventania e garoa. Além disso estávamos cansados, pois não dormimos praticamente nada devido a algazarra do pessoal na casa de Pedra. Inclusive isto fez com que tivéssemos decidido subir mais cedo para o Bandeira. Em situação normal, com aquelas condições do tempo melhor era não ir ao cume; mas sabe como é, viajar 400 km justamente pra isso e na última hora desistir nem passava pelas nossas cabeças...

Dia 2 ►terça feira: Terreirão → Pico da Bandeira → Tronqueira

Começamos a subir pela trilha, que tem cerca de 3,2 km até o cume do Pico da Bandeira pouco depois das 3h00 da madrugada. Logo acima, na região conhecida como Barro Preto vimos que o pessoal que tinha saído bem cedo estava perdido nos arredores há bastante tempo. Era muita gente, acho que umas vinte pessoas. Esse trecho realmente pode confundir os menos atentos, pois caminha-se sobre um lajeado e tende-se naturalmente a ir para a esquerda, quando na verdade deve-se manter mais à direita.

Como estávamos mais concentrados, não perdemos a trilha e orientamos o pessoal, que deixamos para trás. Só um pouco mais acima é que desviamos da trilha: numa bifurcação, o sentido da trilha leva as pessoas a tenderem mais para a direita, quando na verdade a trilha correta gira 90º à esquerda, atrás de uma moita de bambuzinhos. Mas descobrimos fácil, voltamos e seguimos adiante e morro acima. A trilha é muito bem demarcada pelo pisoteio, além de tocos de madeira e setas amarelas nas rochas.

O que incomodava era o vento, a neblina, a garoa fina e a vegetação molhada que encharcava a roupa. Depois de mais ou menos 1h de caminhada, um rapaz de BH que nos acompanhava começou a sentir-se mal. Isto aconteceu umas três vezes. Mas logo melhorou e seguiu conosco. Assim, por volta das 4h30, após vencer uma trilha lisa, erodida e escorregadia, chegamos ao sopé do Bandeira.

Por distração quase seguimos pela trilha sentido Espírito Santo. Percebemos o equívoco e voltamos alguns metros, tomando a trilha da subida final. Desse trecho em diante foi penoso: as pedras são muitas, os degraus são grandes, e além disso estavam escorregadios. Como não conseguíamos ver muito longe devido a neblina, não sabíamos se estávamos próximo a alguma pirambeira por exemplo. Isso tornava a subida emocionante.

O Cristo em meio à neblina
Foi quando avistamos a poucos metros aquela imagem do Cristo de braços abertos: a euforia foi geral e irrestrita. Era quase 5h00 da manhã. Sempre uma emoção chegar até ali, afinal o Bandeira é um lugar mágico! Mas o vento era tão forte e gelado que logo nos obrigou a baixa a bola...

Nos deslocamos então para o ponto mais alto do Bandeira, onde fica o cruzeiro. A rocha estava escorregadia e perigosa. A neblina tomava conta de tudo e ventava muito forte. Não conseguimos permanecer ali e voltamos correndo para próximo à imagem do Cristo. Nos abrigamos do vento próximo à sua base. Mas aquilo era difícil, pois o vento vinha praticamente de todas as direções.

Veja o topo do Bandeira: irreconhecível!
Ficamos por ali congelando até o dia clarear e o sol nascer, por volta das 06h00 da manhã. Mas a decepção foi grande: nada de sol, nada de visual. Neblina por todos os lados. E frio, muito frio; chuvisco, vento forte e cortante! No Brasil, essa foi umas das situações mais geladas que experimentei! Aliás, o grande perigo do frio no Brasil é a parceira umidade. Temperaturas baixas mais friagem é problema na certa!

Ficamos aguardando um tempo pra ver se o tempo dava uma melhorada, mas foi em vão! Por volta das 07h00 os rapazes de BH decidiram retornar para o Terreirão; e dali para a Capital. Os dois casais ficaram pelo topo mais um tempo, mas logo depois também deixaram o cume.

Apesar de não haver visual, eu e o Renato resolvemos permanecer no Bandeira na esperança de que o Sol pudesse dar as caras; uma vez que o chuvisco havia ido embora. Ficamos por lá até às 9 da manhã, acompanhados por vários tico-ticos e uma maria preta! Mais ninguém! Só nós naquela situação inóspita. Sim, não é exagero: o vento era cortante! O amarelo do sol ora tingia um pouquinho a neblina. Mas enfim, não deu mais pra permanecer no topo! Não era o dia mesmo...

O nascer do sol...
Não bastasse a decepção por não ver o nascer do sol, o que é perfeitamente compreensível, pois são fenômenos naturais, triste foi navegar pelo topo do Bandeira e encontrar o rastro dos baderneiros que por lá estiveram: restos de pães e biscoitos, sacolas plásticas, garrafas, peças de roupas (inclusive cuecas, isso mesmo cuecas) e até um cobertor!

O que me doeu mais foi saber que eu não tinha condições de juntar tudo aquilo e levar para o acampamento para destino adequado! Apesar desses visitantes, a natureza é sábia e bela! Segundos após esse misto de tristeza e raiva, encontrei uma planta em floração, de intenso colorido amarelo, se destacando na paisagem! Realmente a natureza nos aquece o coração!

Durante o tempo que ficamos no topo, conversamos, tiramos fotos, exploramos o local! Mas nem o Pico do Calçado conseguimos ver! Apesar disso, estávamos confortados, a natureza é assim mesmo... Decidimos que devido às condições do tempo não iríamos ao Pico do Calçado, muito menos ao Pico do Cristal. Isso ficaria pra outra ocasião. Não compensaria o esforço e exposição ao frio!

Renato no topo do Bandeira
Por volta de 9h00 iniciamos a descida do Bandeira. E o tempo continou fechado, com visual nada além de uns 20 metros adiante. Rápida descida, por volta de 10h15 estávamos no camping do Terreirão. Os amigos de BH já haviam partido e os dois casais estavam saindo. Estávamos alegres por termos ido ao Bandeira, mas um pouco frustrados, pois não havíamos visto o sol nascer, considerado o clímax da visita!

Conversei com um rapaz no camping e ele me disse que as previsões do tempo não eram animadoras... Andamos ainda pelas redondezas do Terreirão, conversamos com mais algumas pessoas, inclusive com aquela família que estava já a uma semana no camping. Eram de BH e ele nos disse que todo ano faz questão de ir ao Caparaó, levando esposa e seus dois filhos, de 7 e 9 anos, se não me falha a memória. 

Descida molhada do Bandeira
Ainda deu tempo de conhecer um casal de Colatina, Kaio e Júlia, que estavam por lá pela primeira vez. Passamos algumas dicas pra eles. Como estávamos de partida, deixei com eles alguma comida liofilizada. Conversamos e ainda demos boas risadas por lá!

Fizemos um bom descanso no Terreirão, almoçamos e como estávamos com tempo até o dia seguinte, decidimos que desceríamos mais tarde para o Camping da Tronqueira, aonde passaríamos a noite. E assim foi feito! Descemos calmamente e chegamos ao Tronqueira por volta das 16 horas. Na descida, os belos poços do Rio José Pedro pareciam convidativos, mas com a água gelada nem pensávamos em entrar! A neblina não abandonou a região em nenhum momento neste dia.

Arredores do Terreirão:
Atrás dessa neblina está o Pico Cruz do Negro
Ao chegarmos na Tronqueira, estava por lá um pessoal de São Paulo montando a barraca. Eles passariam a noite no camping e atacariam o Bandeira na madrugada seguinte. Montamos acampamento sem pressa. Pouco depois eu e o Renato fomos preparar o jantar num dos quiosques disponíveis.

Apesar da ventania, fizemos um espaguete gostoso e desovamos nossa a comida, afinal aquela seria a nossa última noite no Caparaó. Acertamos que no outro dia, logo após o café da manhã iríamos para a cidade de Alto Caparaó, depois Manhumirim e de lá pra nossas casas.

Após o jantar ficamos conversando até tarde, quando decidimos ir deitar. Logo adormecemos, porém, acordei por volta de três da manhã e o vento parecia que arrancaria nossa barraca. Fazia muito tempo que não presenciava tamanha ventania! E o pessoal de SP labutava contra o vento, segurando a barraca!

Imagino que eles não haviam fixado adequadamente. Além do mais, era uma barraca muito grande, o que já é um suplício em ventanias! Só sei que eles não tiveram uma boa noite e quando levantamos eles já estavam prontos pra subir para o Terreirão. Devido ao clima nada amistoso, tinham desistido do ataque ao Bandeira pela madrugada.

Dia 3 ► quarta feira: Camping Tronqueira e decisões finais


Sol no dia errado: o café da manhã na Tronqueira. Fazia frio!
Neste nosso último dia no Caparaó incrivelmente o tempo havia mudado. Levantamos pouco depois das 7h00 e fazia sol! Puxa vida, que chateação, havíamos escolhido o dia errado para subir ao Bandeira!

Por que não deixamos o ataque ao Bandeira para o dia seguinte? Por que não dormimos no Terreirão? Puxa, sair de tão longe, chegar com sol, voltar com sol e o dia mais importante estar nublado?

Sinceramente todas essas perguntas vieram à minha cabeça! Estava bastante chateado, sem dúvidas! Mas saber que isto são fatos naturais acabou me reconfortando e botando o juízo no lugar...

Vista desde o Mirante da Tronqueira: Alto Caparaó lá embaixo
Deixando a momentânea chateação de lado, tomamos nosso café e demos uma volta pelo camping. Indo ao mirante do Tronqueira pudemos então ver a cidade de Alto Caparaó lá no fundo do vale. As lavouras de café espalhadas pelas montanhas. Tudo muito lindo. O visual me encantou profundamente e me fez lembrar de ocasiões passadas...

Ao presenciar a melhora do tempo, contrariando todas as previsões informadas, fiquei empolgado; e acabei por tomar uma outra decisão... Bem, essa decisão eu conto na próxima postagem. Até lá! 


Bons ventos!

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