Travessia Aiuruoca a Alagoa: surpresa do Parque do Papagaio!

Vista desde a borda sul da Serra do Charco:
Pico do Garrafão e parcial da Serra Fina
Localizado no Sul de Minas Gerais, o Parque Estadual da Serra do Papagaio foi criado em fins dos anos 90. Abrange áreas dos municípios de Aiuruoca, Alagoa, Baependi, Itamonte e Pouso Alto.

Como parte da Serra da Mantiqueira, apresenta relevo movimentado, sendo a altitude máxima o Pico do Garrafão (ou de Santo Agostinho), com 2.359m.

Recobrem suas terras mata atlântica, campos de altitude e remanescentes de mata de araucárias, ou simplesmente pinheiro, como é conhecido na região. O clima predominante é o tropical de altitude, com duas estações distintas e marcantes.

Rico em cursos d'água, o parque abriga nascentes de afluentes de importantes rios do Sul de Minas. Graças ao relevo movimentado, muitas também são suas belas cachoeiras, em especial nas encostas nos arredores. Com todos esses predicados, o PE da Serra do Papagaio é um daqueles lugares que vale a visita...

Rota realizada e disponibilizada no Wikiloc
Além de possibilitar estudar e visualizar a região, você poderá baixar este tracklog (necessário se cadastrar no Wikiloc); e inclusive utilizá-lo no seu GPS ou smartphone (necessário instalar aplicativo). Recomendamos que utilize esta rota como fonte complementar dos seus estudos. Procure sempre levar consigo croquis, mapas, bússola e outras anotações que possibilitem uma aventura mais segura. Melhor planejamento, melhor aproveitamento. Recomendável que leia este relato para melhor compreender esta rota.
Pratique a atividade aplicando os Princípios de Mínimo Impacto


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Para os amantes das caminhadas mais longas o destaque do Parque Estadual da Serra do Papagaio é a conhecida Travessia Aiuruoca a Baependi. Percorre as Serras do Papagaio, Charco, Chapada e Careta, que sem timidez mostram ao visitante toda a beleza daquela porção do sul de Minas. Mas esta não é a única opção em travessia pelo Parque.

Outras não menos belas variantes percorrem áreas do Parque, como as travessias Aiuruoca a Alagoa; Baependi a Alagoa; Baependi a Itamonte, Aiuruoca a Itamonte ou ainda a Transversal do Papagaio, Circuito do Careta e Rota das Três Serras (Paiol, Campina e Cangalha).

Todas essas rotas, exceto a Três Serras, utilizam partes de traçados em comum; ou se cruzam em algum ponto, de modo que permitem ao caminhante um bom conhecimento da região.

Com todas essas possibilidades programamos realizar a Travessia Aiuruoca a Baependi no seu sentido inverso na semana santa 2016. Era a terceira pernada do Projeto 12T do Trilhando para este ano.

Relato Dia 1


Deixamos BH por volta de 22h00 de quinta feira. O tempo estava nublado e as previsões de chuvas fracas e eventuais para os dias seguintes não tiraram nosso ânimo. Viagem tranquila e com chuva em alguns pontos, por volta de 4h00 da madrugada passamos non stop por Caxambu.

Percorremos mais alguns quilômetros pela BR 354. Após a cidade, na altura da Pousada Segredo das Águas adentramos à esquerda pela estrada de terra sentido bairro rural da Vargem, município de Baependi. Este é o ponto inicial da desejada Travessia.

Bastou a primeira subida na estrada de terra para percebermos que não seria fácil chegar ao bairro da Vargem naquele dia. Pouco mais de 1 km na estradinha vicinal, chegamos a uma subida que fez a van patinar.

Nem era uma subida íngreme, mas a estrada havia sido patrolada naqueles dias e com a chuva virou uma lameira só! Desembarcamos e empurra daqui, empurra dali... e o carro foi parar no barranco!

O dia começou a clarear e trabalhadores rurais começaram a transitar pela estradinha em busca das suas funções. E nós ali na labuta pra tirar o carro da lama...

Até conseguimos ultrapassar o trecho; porém, em conversa com os locais que também nos ajudaram soube que a grande subida dos Pereira que há adiante na mesma estradinha estava complicada. Afirmaram ser impossível passarmos por lá naquele dia.

Informaram ainda que em um ponto da estrada logo à frente de onde estávamos havia sido feito um aterro. E o trecho havia se transformado em um atoleiro...

Ao constatar a complicada situação; e na iminência de maiores problemas, lancei pros amigos o plano B: realizarmos a Travessia Aiuruoca a Alagoa. Assim deixaríamos a Baependi a Aiuruoca para outra ocasião, uma vez que estávamos a quase 40 km do Bairro da Vargem!

Alguns até sugeriram partirmos para a Maringuaré também ali na Mantiqueira. Mas alertei que poderíamos encontrar os mesmos problemas por lá; uma vez que aqueles dias estavam bastante chuvosos no Sul de Minas...

Sugestão alternativa aceita, marcava 5h00 quando reembarcamos e retornamos sentido Caxambu. Seguimos pela BR 267 rumo à Aiuruoca, aonde chegamos às 6h00.

Na Praça Central tomamos café numa padaria e fizemos uma horinha por lá. Beirando 7h00 deixamos a cidade. Findado o casario passamos a percorrer a estrada de terra sentido Alagoa.

Pouco mais de 7 km pela estrada e entramos na bifurcação à direita, sentido bairros da Pedra e Matutu. Às 7h15 chegamos na porteira de ferro nas proximidades do Sítio do Saulo; aonde desembarcamos. Ali seria o início da nossa nova Travessia...


Porteira que marca o início da caminhada no Bairro da Pedra
Ao fundo, Pico do Papagaio coberto pela neblina
O tempo estava carrancudo e uma espessa neblina começava a cobrir o Pico do Papagaio quando às 7h35 começamos a nossa pernada.

Cruzamos a porteira e por uma trilha-estradinha fomos subindo pasto acima até findar em uma construção-garagem improvisada.

Tomamos a trilha que sai à direita da rústica construção, caminhamos alguns poucos metros. Em torno de 8h00 chegamos ao Sítio do Sr. Batista, velho conhecido na região.

Dedo de prosa e continuamos a pernada cruzando uma porteira. Saímos num pasto. Seguimos nos mantendo na trilha discreta e mais à esquerda. A trilha sobe margeando uma fiapo de capoeira pela sua direita.

Passamos por uma cerca ao lado, adentramos em uma matinha e a aclividade da trilha aumentou consideravelmente. Fomos ganhando altura rapidamente! A mata torna-se então mais densa.

Cruzamos uma tronqueira e pouco adiante emergimos em um descampado; de onde tivemos uma bela visão do vale abaixo. Para oeste, aonde estava o Pico do Papagaio a neblina transformara tudo em um mar de branquidão... Aproveitamos e fizemos uma parada para descanso porque a subida até então era de matar...

Vista pros lados do Matutu pouco antes de 
megulhar na mata aos pés do Pico do Papagaio
Logo retomamos a caminhada porque o suor da subida gelava na parada... Vencemos o restante do descampado em zigue-zague e imergimos numa capoeira.

Já bem próximos à rocha do Papagaio, a mata se adensa. Seguimos caminhando agora no sentido sul-sudoeste. Passamos rente ao paredão principal do Papagaio!

Às 9h40 chegamos a um bom ponto de água, quando nos abastecemos. Adiante, paramos para observar uma rocha que forma uma espécie de lapinha à margem direita da trilha.

Praticamente caminhando em nível, às 10h00 chegamos a um outro descampado, local onde desemboca a trilha que vem do Matutu via Trutário. Esta é uma outra variante para subir o Pico do Papagaio.

Tomando agora o sentido noroeste, adentramos novamente em mata através de trilha batida em aclive, porém sem dificuldades. Em 15 minutos chegamos a um lajeado que permitiu bela vista dos arredores do Matutu e do sopé do Papagaio; pois naquele momento a neblina havia dado uma trégua.

Em dias claros é um mirante muito bonito, sendo possível ver além do vale o paredão sul do Pico e a continuação da crista do Papagaio. Aproveitamos para descansar e forrar o estômago...

Vista da sequência da Serra do Papagaio desde a bifurcação que segue para o Pico
Às 10h35 reiniciamos a pernada, novamente adentrando na mata, agora com subida menos íngreme, porém com muitos degraus provocados pela erosão.

Minutos antes das 11h00 emergimos outra vez em novo descampado, dessa vez na altura da bifurcação que leva ao Pico do Papagaio.

Escondemos nossas mochilas na matinha e tocamos rumo ao Pico, saindo pela direita.

A trilha-ataque é batida e se desenvolve grande parte em nível. Iniciamos entre uma matinha, cruzamos um curto descampado e novamente adentramos em outra matinha.

Coletamos água no ponto à direita e abaixo da trilha e logo adiante passamos pelas áreas de acampamento ao sopé do cume. É uma área sombreada, um bosque com ares cinematográfico.

Logo começamos a subir, saindo em área aberta e rodeada por moitas de capins. Poucos metros de íngreme subida e adentramos em nova e rala capoeirinha. Pontualmente às 11h35 botamos os pés no cume do Pico do Papagaio.

Vista pros lados de Aiuruoca desde o cume do Papagaio:
rara janela na ocasião
Infelizmente nada se via. Uma pena porque o visual desde o cume do Papagaio é de impressionar...

Cansados da viagem e da subida, não demorou para que o grupo se esparramasse pela rocha. Alguns até adormeceram, apesar do friozinho no topo.

Permaneci conversando com o Alex, funcionário do Parque que estava incumbido de serviço no topo do Papagaio naqueles dias.

Depois uma voltinha pelo cume para matar saudades, pois havia um bom tempo que não visitava o lugar. Retornando, em algumas poucas e rápidas janelas foi possível ter alguma vista do Vale nos arredores do Pico...

Por volta de 12h25 começamos a deixar o topo do Pico do Papagaio. Pelo mesmo caminho da ida retornamos às nossas mochilas.

Fizemos uma boquinha e às 12h40 reiniciamos a caminhada da Travessia. Nosso próximo destino seria a Pedra do Tamanduá. Nesse momento o tempo começou a abrir e foi possível observar o Pico do Papagaio que ficava para trás... Linda imagem!!!

A trilha segue discreta pela Serra do Papagaio por curto trecho de descampado, cuja direita apresenta um paredão que despenca rumo ao vale dos Garcia; e à esquerda um morrote da crista.

Cruzamos um trecho misto de capoeiras e campos. Começamos a subir em direção ao Tamanduá, quando encontramos com três animados rapazes. Seguiam para bate e volta no Papagaio vindos da região da Cachoeira dos Garcia.

Rochas do Tamanduá
Em uma guinada em aclive para o oeste, passamos por nova área de campos e chegamos à Pedra do Tamanduá às 13h50.

A Pedra do Tamanduá é na verdade um conjunto de rochas no alto da crista da Serra do Papagaio que alguns teimam em chamar de Santuário.

Particularmente não gosto desse nome; sempre conheci o lugar como Tamanduá. Suspeito que esse "novo batismo" seja fruto de algum forasteiro que, desconhecendo a região resolveu rebatizá-la e difundir esse novo nome. Fato idêntico tem ocorrido com alguns outros picos naquela região.

Picos da Serra Verde e Mitra do Bispo vistos desde o Tamanduá
Da Pedra do Tamanduá se tem uma bela vista da região. Destaque para a vista diferenciada do Pico do Papagaio, algo impensável para quando olhamos a formação lá do Vale do Matutu. Também é de encher os olhos o visual ao Sul, onde sobressaem os Picos da Mitra do Bispo e Serra Verde.

Em dias claros é possível observar os lados do Planalto do Itatiaia e Serra Fina. Porém naquela sexta o clima não ajudou... Mesmo assim, foi um dos pontos que tivemos melhor visual em toda a travessia.

Aproveitamos e fizemos uma boa parada para descanso e exploração do lugar...

Em torno de 14h15 retomamos a caminhada pela crista de campos através de discreta trilha. Tomamos uma saída mais à direita, fato que nos levou à direita da antiga vala divisória de terrenos. Descoberto o equívoco, fizemos um curto retorno, pulamos a vala e seguimos pela trilha, agora mantendo a cerca de pedras à nossa direita.

Aproximamos de um lajeado que subimos sem dificuldades, passando pelo seu topo. Visual amplo e muito bonito. Descemos em linha reta e adentramos na vegetação seguindo o pisoteio. Porém tivemos que enfrentar a vegetação para interceptarmos a trilha metros abaixo. Logo a saída do lajeado deveria ter sido mais à direita...

Vista do Tamanduá: Trecho da crista a ser percorrida
Ao fundo o Pico do Bandeira
Seguimos pela crista mista de campos e rochas, trecho sem dificuldades, bastando apenas atenção ao pisoteio.

Em uma mudança brusca do tempo, uma fina chuva começou a cair e tivemos que colocar capas. Com isso o grupo se separou e eu permaneci na rabeira. Porém, pouco adiante a chuvinha passou, foi só pra alertar mesmo...

Despontamos então em um morrote, cujo Vale do Bandeira se abriu diante de nós. Lindo lugar, coberto por campos de altitude.

Adiante, à sudoeste o Retiro dos Pedros. Ao Sul o Bandeira, ponto culminante da Serra do Papagaio, que visto desse ponto parece um morrinho insignificante, fato que faz muita gente passar despercebido por ali e não notar tão importante acidente...

Muro de rochas no Retiro dos Pedros
Era em torno de 15h00 quando desci o morrote e alcancei os amigos que estavam logo abaixo à espera. Sem pressa caminhamos em nível até o Retiro dos Pedros, chegando em 15 minutos.

Por lá encontramos um grupo de rapazes de Cambuí com acampamento já levantado.

Como era muito cedo, discutimos se alongávamos até o Totem do Santo Daime ou permaneceríamos por ali. Venceu a tese da permanência e em pouco tempo armamos nossas barracas em pontos diversos.

O Retiro dos Pedros é um antigo curral de pedras que era utilizado para lida com gado em época anterior à criação do Parque. É uma área ampla, com alguma sombra nos arredores e fartura de água nas proximidades.

Local estratégico aos pés do Pico do Bandeira, além de ótima área para acampamento, oferece rota de escape em direção à Cachoeira dos Garcias e Gamarra. Isto faz com que o lugar seja amplamente utilizado por quem deseja visitar apenas o Pico do Papagaio.

Retiro dos Pedros
O restante da tarde foi dedicada ao ócio. Não fomos ao cume do Bandeira, pois infelizmente a neblina passou a varrer o Pico, o que significava ir e não ver nada.

Assim, tivemos tempo de sobra pra tomar banho e tocar uma prosa; inclusive com os rapazes de Cambuí que por ali estavam. Mais tarde, janta e cama.

Devido ao cansaço dormi rapidamente e por volta de 21h30 acordei com uma chuva de respeito.

Raios, trovões e ventania varriam o Retiro dos Pedros. Fiquei preocupado porque havia armado minha barraca em campo aberto; porém não tive problemas! Problema foi a barulheira da chuva duradoura, modos que voltar dormir somente foi possível beirando a meia noite...

Relato Dia 2


Trilha na mata do contorno do Canjica
Acordei por volta de 6h00 com o vai e vem dos rapazes de Cambuí. A chuvarada da noite inundou suas barracas e molhou parte dos materiais. Nós estivemos a salvo!

Tomamos café, desarmamos acampamento, despedimos dos rapazes e ajeitamos as cargueiras. Era 8h20 daquela manhã nublada e carrancuda quando deixamos o lugar.

Cruzamos o rego d'água e passamos pela discreta saída à esquerda que leva ao topo do Bandeira. Seguimos pelo descampado agora no sentido sul.

Cruzamos uma matinha com um mirrado ponto de água (pode secar no inverno), outro pequeno descampado e às 8h35 adentramos na mata pela trilha que contorna pelo oeste o Pico do Canjica. Este é o maior trecho em mata de toda a travessia.

Em declive, logo passamos pela discreta saída para o cume do Canjica. A trilha bem batida de vez em quando estava invadida por alguma árvore caída, taquaras e capins. Depois de um bom tempo pela mata passamos por outro ponto de água. A neblina entre-mata ditava um tom melancólico...

Às 9h20 vencemos o trecho de mata e emergimos em campo aberto em suave declive. Logo adiante cruzamos curta faixa de capoeira para chegarmos à região do Mirante do Gamarra. Nem seguimos até lá porque a neblina cobria tudo e todos.

Ignoramos então a saída da direita que vai para o Mirante e em declive adentramos novamente em uma matinha. Ao seu final saimos no descampado já se aproximando da região do Totem do Santo Daime. Tomamos a direita por uma trilha atalho e chegamos ao totem às 10h00.

O lugar é um descampado plano rodeado por mata. Parece um lugar perdido no meio do nada, mas sabemos que por ali há uma saída oeste em velha estradinha sentido Matutu; bem como uma casinha no entorno, que obviamente não visitamos.

Há ainda na mata sentido sul a entrada da antiga trilha que corta a mata e que tempos atrás era bastante usada. Atualmente está praticamente fechada em alguns pontos. Essa trilha era uma espécie de atalho para a Travessia; e uma fuga da velha estradinha que também nos leva ao sul e que ora é utilizada para a Travessia.

Totem do Daime
Fizemos uma parada no totem, descansamos e nos alimentamos. Às 10h20 deixamos o lugar tomando a antiga estradinha local no sentido sudeste.

Em nível, cruzamos o fiapo de mata, um ponto de água boa e logo adiante fizemos uma curva em 90 graus, passando a caminhar sentido sudoeste, na influência da Serra do Charco. O tempo anunciava que a chuva não demoraria...

E foi o que aconteceu logo no início da subida. Uma pena porque o visual desse ponto é também muito bonito!

Capas colocadas, seguimos pelo que restou da velha estrada, que em alguns pontos encontra-se tomada pelo mato e erosões. Passamos por outra saída para o Matutu à esquerda e sem nada ver ao longe devido a neblina, fizemos o sobe e desce da estradinha, agora no sentido oeste.

Encontramos com quatro caminhantes que faziam a trilha desde Baependi. Adiante, às 11h30 passamos pela antiga saída à esquerda que seguia para Alagoa. É também o ponto próximo aonde desembocaria à direita a trilha entre-mata que vem do Santo Daime. Enquanto isso a chuva continuava a nos encharcar...

Em declive e por entre trecho de capoeira vamos perdendo altura pela região localmente conhecida por Itacolomi. Ao meio dia chegamos ao final da antiga estradinha, que termina do nada no meio da capoeira de alecrim do campo. Sob chuva fina já ouvíamos sons de cachoeiras vindos de afluentes do Charco.

Agora por discreta trilha em descampado caminhamos tendendo à esquerda em direção a uma matinha ciliar. Adentramos e abaixo passamos por um bom ponto de água.

Emergimos em curto trecho de campo em declive. Chegamos até um riacho afluente do Rio do Charco às 12h15, onde há  uma pequena cachoeira logo abaixo do ponto de passagem.

A chuva aumentou de volume e intensidade rapidamente. Literalmente parecia que baldes de água eram jogados sob nossas cabeças. Rapidamente tratamos de cruzar o córrego. Alguns no pulo; outros adentrando no leito; fato é que o riacho crescia rapidamente...

O que sobrou do velho rancho. Foto: Robson Oliveira
Estando todos já do outro lado do córrego, a torneira da chuva do jeito que abriu inesperadamente se fechou...

Parei e observei como o córrego que acabávamos de cruzar se avolumou rapidamente; cobrindo até suas margens...

Sem pressa fomos subindo a encosta oeste. A neblina deu uma dissipada, sendo possível ver a região do Charco.

Deixamos o pisoteio recente em favor da velha rota que passa pelo cume da encosta, para novamente descer suavemente e adentrar por uma capoeira em formação.

Na sequência, através de antiga e erodida trilha nalguns pontos seguimos margeando uma velha cerca de arame pela sua direita. Em declive beiramos um capão de mata, onde tendemos para a direita.

Seguimos pelos sinais da trilha que desce o campo de forma suave em direção a um vale. Em torno de 12h55 chegamos ao fundo do vale, lugar que antigamente havia um rancho e era opção de ponto de pouso dos criadores de gado. Atualmente apenas sinais...

Rio do Charco nervoso
Abaixo do antigo ponto de pouso cruzamos um rego d'água. Seguimos pelo campo contornando pela direita o morrote adiante. O barulhão do Rio e da Cachoeira do Charco já eram presentes...

Interceptamos a trilha e seguimos em direção à Cachoeira do Charco. A neblina ora baixava, ora dissipava. Pelo menos a chuva havia dado uma trégua.

Às 13h10 chegamos ao morrote acima da Cachoeira do Charco. Fizemos uma parada para analisarmos a situação, pois para seguir para Alagoa teríamos que cruzar o Rio do Charco.

Nas janelas que se abriam, observamos que o Rio estava nervoso. Muito cheio e caía com violência na Cachoeira. Cruzá-lo não seria impossível, mas seria no mínimo imprudente.

Alguns de nós descemos um pouco mais em direção ao Rio. Mas naquelas condições de tempo com chuva fina e neblina nem fomos às margens da Cachoeira...

Vale do Charco ou das Araucárias com neblina
Retornamos ao topo do morrote, ajeitamos as cargueiras e tivemos que seguir pela margem direita do Rio do Charco. Há por ali velhas trilhas de gado, a certa distância do Rio.

Teríamos então que cruzar um dos seus afluentes mais ao sul, ao final do Vale do Charco (ou das Araucárias), próximo à ponte. Mas como era um córrego menor isto seria mais fácil!

Cargueiras nas costas e caminhando pelo campo sem trilha definida fomos em direção a um veio de mato que dividia os colos dos morros na banda direita do rio.

Chegados no ponto desejado às 13h45, abrimos passagem no peito visando interceptar a velha trilha no morrote adiante. Sem dificuldades e subindo um barranco passamos com louvor e chegamos à trilha.

Seguimos pela trilha em campo aberto, ora margeando; ora cruzando veios da bela Mata das Araucárias. Pinhões graúdos estavam por toda parte... Prosseguimos pela trilha, que ora era nítida, ora quase sumia... O que continuava era a chuva insistente, vinda em forma de pancadas...

Distanciando do rio cruzamos um outro ponto de água. Após em campo aberto, voltarmos a nos aproximar do Rio do Charco. A velha trilha se apresentava melhor que o esperado... Porém, acompanhando os caprichosos meandros do Rio, a trilha parecia não render!

Às 15h00 chegamos a uma matinha, aonde perdemos a velha trilha que sumiu no meio do campo. Assim, adentramos à mata rala e metros adiante chegamos a um outro afluente do Rio do Charco. Volumoso e com águas escuras, não sabíamos da sua profundidade. Pular impossível.

Graças às pernas compridas nosso amigo Samuel identificamos um bom ponto de passagem. Local estreito, com profundidade rasa. Cruzei o riacho e logo adiante abri saída na vegetação através de um barranco. Enquanto isso todos passaram com louvor pelo riacho...

Em campo aberto, caminhamos mais uns 200 metros. Em torno de 15h20 chegamos até a mata ciliar que beira o principal afluente do Charco naquele ponto. A estradinha que segue para Alagoa já era visível entre as árvores do outro lado do córrego.

Ao se aproximar do córrego que desce da encosta, constatei que estava bastante volumoso; com a água invadindo suas margens. Com isso e devido aos anos que não passava por ali, custei a identificar o chamado "porto". Porto é um lugar de passagem em riachos sem ponte; um vau.

Ao identificar o lugar constatei que seria arriscado cruzar devido ao volume da água. Lógico, não sabíamos como estava o terreno! Após alguns vai e vem, identificamos dentro da mata ciliar um outro ponto mais acima; Mas tivemos que cruzar com alguma dificuldade, pois tínhamos que pular do barranco na água.

Esse vai e vem na transposição do riacho consumiu um grande tempo! Somente às 15h50 estávamos do outro lado do riacho, já na velha estradinha que conduz para Alagoa. A chuva havia parado e seria por ali que passaríamos a noite.

Ponte sobre o Rio do Charco
Alguns dos amigos, encarangados e encharcados pelas chuvas do dia até desejaram caminhar até Alagoa naquele dia. Queriam uma cama quente. Mas conversamos e concluímos que isto seria muito cansativo.

Então, caminhamos alguns metros em direção à ponte do Rio do Charco e por ali, próximo a algumas araucárias armamos acampamento.

Depois, banho no afluente do Charco e por volta de 17h00 estávamos todos limpinhos e já abrigados.

Ainda fui até a ponte do Rio do Charco quando comprovei que o Rio estava realmente nervoso! Depois janta e cama... Á noite esfriou um pouco, pois incrivelmente o tempo se abriu e tivemos um lindo céu estrelado! Foi como um prêmio ao esforço da caminhada molhada daquele dia...

Relato Dia 3


Arredores do Camp: Amanheceu um lindo domingo ensolarado...
O último dia da Travessia amanheceu lindo e com sol! Saí cedo da barraca para curtir o tempo aberto depois de dois dias de tempo carrancudo. 

Café, desarme do acampamento e por volta de 9h00 deixamos o lugar rumo a Alagoa. Fomos subindo pela velha estradinha que ora se encontra com muitas erosões em vários pontos.
A paisagem estava linda! Sem névoa foi possível observar parte do trecho que percorremos no dia anterior, com o Pico do Canjica ao norte.

Um pouco acima na estrada encontramos com dois cavaleiros que estavam com muitos cachorros caçadores! Sem dúvidas isto não é um bom sinal para uma área de preservação...

Serra e Pico do Canjica visto desde a subida da estradinha para Alagoa
Às 9h30 alcançamos o topo do morro, já virando para Alagoa. São as bordas mais ao sul da Serra do Charco. Sem grande variação, passamos por um ponto de água; e pouco adiante por outro, cuja água estava límpida e geladinha.

No alto do morro, já era possível observar ao sul o Pico do Garrafão a nos vigiar.

Planalto do Itatiaia visto desde descida do Charco rumo à Alagoa
Mais à sudeste, o Planalto de Itatiaia com seus cumes diversos, bem como parte da Serra Fina, bem distante... Lindo de se ver...

Continuamos a pernada pela velha estradinha, agora em declive suave. À leste, a Mitra do Bispo já começava a reinar imponente ao fundo da paisagem.

Às 10h00 passamos pela bifurcação à direita que leva à Sede do PESP. Logo abaixo passamos pela antiga casa do Sr. Joaquim Lelé.

Aproveitei e mantive contato com o nosso resgate, pedindo que adiantasse em nosso encontro, pois calculava que terminaríamos nossa pernada cerca de 1h30 antes do previsto!

Descendo para Alagoa
Ao fundo Pedra do Juquinha e trecho da Serra do Condado
Sem delongas, fomos descendo com rapidez. Percorremos uma capoeira e uma matinha, para logo abaixo cruzar um ponto de água. Adentrávamos no bairro rural da Bahia.

Os sítios nos arredores já eram presença. Pouco abaixo paramos em outro ponto de água, próximo a uma casa e um curral, quando um dos amigos foi limpar sua camisa.

Aproveitei e fui trocar um dedo de prosa com um antigo amigo de escola primária que não via há anos...

Dali pra baixo a caminhada engrenou de vez. Em grupos, fomos percorrendo a estradinha agora em melhor estado. E tome descida! Às 11h45 e sob forte sol e calor passamos pela Escolinha da Bahia, ora fechada, situada na margem direita da estradinha.

Da Escolinha Velha foi um pulo para adentrarmos no bairro rural do Moinho, com estrada vicinal em bom estado e casas mais próximas. Às 12h30 chegamos na Igreja de Nhá Chica, no bairro de mesmo nome, na periferia de Alagoa. Estava terminada a nossa Travessia!

Igreja da Beata Nhá Chica em Alagoa que marca o final da Travessia
Aproveitei e fui ao Santuário da Beata Nhá Chica! Depois, me juntei ao aglomerado em um bar nas imediações e tomamos uma gelada, aguardando a chegada do nosso resgate.

Tempo pra comemorar a boa travessia e reencontrar velhos e novos amigos da região.

Graças à receptividade dos nossos amigos locais ajeitamos alguns lugares para tomarmos banho. Quando o resgate chegou pouco depois das 13h30 estávamos todos limpinhos...

Nesse intervalo, um grupo de São Paulo também chegou ao lugar, oriundo da mesma rota que realizamos...

Amigos da Travessia esparramados no topo do Papagaio
Tudo ajeitado, embarcamos no resgate e tocamos para o centro da cidade. Fomos almoçar no Restaurante da Laurinha, na Praça Central.

Ainda demos um giro pra tomar um sorvete e umas geladas num boteco da rua principal... Foi divertido! Na verdade, o ambiente estava tão bom que meus amigos só deixaram Alagoa por volta das 17h00, retornando à BH via Itamonte.

Eu permaneceria na terrinha por mais alguns dias... Obrigado aos amigos que estiveram conosco nessa Travessia. Apesar de não termos realizado a rota pretendida, o plano B caiu muito bem, provando que o PESP é mesmo um lugar encantador e cheio de possibilidades...

Serviço


Descendo para Alagoa: 
Toca Grande e Mitra do Bispo ao fundo
Foto: Marcus Ferreira
Travessia de pouco mais de 40 km, com início no Bairro da Pedra, município de Aiuruoca e término na Igreja de Nhá Chica, no Bairro de Nhá Chica, na cidade de Alagoa.

Percorre áreas de particulares, mas seu maior trecho é desenvolvido dentro de áreas do Parque Estadual da Serra do Papagaio. Esta travessia percorre duas serras principais ou áreas por elas influenciadas.

A primeira é a Serra do Papagaio, percorrida logo no trecho inicial, inclusive em parte da sua crista; e atingindo até a região do Pico do Bandeira e imediações.

A segunda é um complexo de encostas oeste da Serra do Charco, que levarão até o Vale do Rio do Charco (ou Vale das Araucárias). A seguir, cruzará esta mesma serra pela sua borda sul para atingir a região do bairro rural da Bahia, em Alagoa.

Como é comum em Minas Gerais, as serras maiores são sempre divididas em serras locais. Assim, seria válido incluir na rota dessa Travessia trechos de serras locais, como a Serra do Canjica entre o final da Serra do Papagaio e início da Serra do Charco; ou ainda a Serra do Itacolomi, localizada à oeste da Serra do Charco, nas cabeceiras do Vale do Charco.

Esta Travessia utiliza o mesmo trajeto da sua irmã mais famosa, a Travessia Aiuruoca a Baependi até a Cachoeira do Charco. Na cachoeira, enquanto a Travessia Aiuruoca a Alagoa toma rumo sul, sua irmã maior segue no sentido oeste rumo a Serra da Chapada e do Careta, finalizando no Bairro da Vargem.

Para a Travessia Aiuruoca a Alagoa, inicialmente a rota é aquela tradicional que leva ao Pico do Papagaio, iniciando na Pedra; muito embora ultimamente por questões logísticas e de hospedagem alguns prefiram iniciá-la no Bairro do Matutu.

Do Pico do Papagaio a trilha segue para o Morro do Tamanduá para depois margear pelo leste o Pico do Bandeira. Na sequência, margeia o Pico do Canjica pelo oeste e entra na região da Serra do Itacolomi, nas encostas oeste da Serra do Charco; prosseguindo até a Cachoeira do Charco.

Na Cachoeira, o tradicional é cruzar o rio e seguir pela sua margem esquerda, seguindo até a ponte do Rio do Charco. Também é possível seguir pela margem direita do Rio do Charco (como ocorreu conosco) e chegar até a ponte.

Na ponte do Rio do Charco o aventureiro terá duas opções de continuação da caminhada para chegar em Alagoa.

A primeira opção é o caminho mais curto, seguindo pela velha estradinha até o Bairro da Bahia; depois Bairro do Moinho e findando em Alagoa.

A segunda opção é um caminho um pouco mais longo; que para também atingir o Bairro da Bahia e seguintes, passa pela Sede do PESP, reencontrando a trilha da primeira opção um pouco acima da antiga casa do Sr. Joaquim Lelé.

Esta Travessia pode ser menos famosa que sua irmã Aiuruoca a Baependi, porém é muito bonita, permitindo observar o outro lado do Parque Estadual da Serra do Papagaio, um dos mais belos Parques de Minas Gerais.

Ao virar a Serra do Charco para descer ao Vale onde está a cidade de Alagoa obtém-se uma bela vista do Pico do Garrafão (2.359m - ponto culminante do Parque Estadual da Serra do Papagaio), Planalto de Itatiaia e parte da Serra Fina; além é claro de estar sempre vigiado pelo belo Pico da Mitra do Bispo (2.149m) à leste. 

Atrativos principais da Travessia Aiuruoca a Alagoa


Pico do Papagaio (2.105m)
Morro ou Pedra do Tamanduá (2.150m)
Pico do Bandeira (2.357m)
Retiro dos Pedros (2.150m)
Pico do Canjica (2.320)
Cachoeira do Charco (1.640m)
Vale do Rio Charco (ou Vale das Araucárias) (1.650m)

Locais indicados para acampamento natural


Sopé do Pico do Papagaio (Não é mais permitido acampar no topo do Pico)
Retiro dos Pedros
Região do Daime
Região do Charco

Quando ir


Melhor época é entre junho e agosto, período normalmente mais seco na região; por isso o Rio do Charco está com menor volume de água, facilitando a transposição.

Dias necessários para a realização


Ideal são 3 dias, com tempo de sobra para curtir os lugares; pernoitando no Retiro dos Pedros e na Região do Charco
Mas é possível realizá-la em 2 dias, com pernoite na região do Daime

Distâncias aproximadas


Belo Horizonte a Aiuruoca: 425 km (Via BR 381)
Belo Horizonte a Alagoa: 460 km (Via BR 381)
Alagoa a Aiuruoca: 32 km (estrada de terra)
Alagoa a Itamonte: 40 km (sendo 7 km em estrada de terra)
São Paulo a Aiuruoca:350 km (Via Cruzeiro/Passa Quatro)
São Paulo a Alagoa: 255 km (Via Cruzeiro/Passa Quatro)
Rio de Janeiro a Aiuruoca: 305 km (Via Resende)
Rio de Janeiro a Alagoa: 275 km (Via Resende)

Hospedagens

Aiuruoca:
Pousada Ajuru → 35 3344-1601 / 35 99201-1601
Pousada do Franklin → 35 3344-1230
Camping Panorâmico Matutu → 35 99808-5914

Alagoa:
Pousada Casarão → 35 999859-7230 (recomendo)
Hospedaria Pedra da Mitra → 35 99877-9878
Pousada Sítio do Picapau → 35 3366-1221
Camping Pedra do Gavião Campina de Cima → 35 99918-5605 (6 km de Alagoa, sentido Aiuruoca)

Como chegar e voltar - de ônibus

Cidade referência: Belo Horizonte

Ida: Expresso Gardênia até Caxambu → Viação Sandra até Aiuruoca → Viação Souza Aguiar (35 3366-1260) até entrada do Bairro da Pedra
Volta: Viação Souza Aguiar (35 3366-1260) até Itamonte →  Viação Cidade do Aço até São Lourenço → Expresso Gardênia até Belo Horizonte

► Programe sua viagem. Confira nas empresas os horários e frequências das viagens, que são escassos. Estude outras alternativas.
► Estando de ônibus, procure realizar a travessia em fim de semana, seja em três ou dois dias. Como os horários de ônibus não são coincidentes, uma sugestão é ao chegar em Aiuruoca tomar um táxi para o início da Travessia, no Bairro da Pedra. Ao final, procure encerrar a travessia até 12h30 do domingo em Alagoa, pois às 13h00 há ônibus para Itamonte (único no dia).

Como chegar e voltar - de carro

Cidade referência: Belo Horizonte

Ida: BR 381 até Campanha → BR 267-Acesso até Aiuruoca → Estrada de terra até o Bairro da Pedra
Volta: LMG 881 até Itamonte → BR 354 até Caxambu → BR 267 até Campanha → BR 381 até BH

► Programe sua viagem. Lembre-se que em travessia início e final se dão em locais distintos.
► A LMG 881 possui um trecho de aproximadamente 7 km sem pavimentação no trecho da subida da Serra do Capoeirão.

►►Para origem em outras localidades, tenham em mente as cidades de Caxambu e São Lourenço, que são aquelas com melhor infraestrutura logística na região.

Considerações Finais


► No rota apresentada descrita neste relato, ao nos aproximarmos do Rio e Cachoeira do Charco tornou-se impossível cruzá-lo, pois chovia, o rio estava cheio e a correnteza era muito forte. Então utilizamos velhas trilhas pela margem direita do Rio do Charco, para atravessar com dificuldades um dos seus afluentes já um pouco acima da ponte do Rio do Charco, ao final do Vale das Araucárias. Mas com tempo firme é perfeitamente possível cruzar o Rio do Charco; nem terá as dificuldades de transposição caso optar por fazer o mesmo trajeto deste relato.

► Na ocasião dessa Travessia não fomos nem ao Pico do Bandeira, que fica cerca de 600 metros do Retiro dos Pedros; nem ao Pico do Canjica, cujo acesso parte do interior da maior mata percorrida na rota. 

► Realizamos a rota apresentada em 3 dias, mas é perfeitamente possível realizá-la em dois dias, pois o trecho a partir da ponte do Rio do Charco até Alagoa é pequeno e percorrido através de uma velha estradinha, que atualmente está repleta de erosões e mato em vários pontos. Do Bairro da Bahia em diante é uma estrada vicinal comum; o que pode facilitar eventual resgate. Em caso de opções via sede do PESP, em situações normais necessitaria de 2,5/3 dias.

► É possível encurtar a distância dessa Travessia em aproximadamente 6 km. Para isto, basta ir de automóvel até o Sítio do Saulo, no início da Travessia. Ao final, basta combinar resgate no Bairro do Moinho. Até é possível encurtar ainda mais através de resgate no Bairro da Bahia, que fica acima do Bairro Moinho, em Alagoa. Porém o trecho da estradinha Moinho-Bahia encontra-se em péssimo estado; somente sendo possível percorrê-la com automóvel 4 x 4.

► Há várias áreas propícias para acampar ao natural no trajeto da travessia; bastando para isto se programar em relação à água. Mas não se esqueça de empregar técnicas de mínimo impacto.

► Há vários pontos sombreados pela rota; porém predominam descampados.

► Há água em vários pontos, não sendo necessário caminhar transportando grande quantidade. Porém, em períodos de seca prolongada algumas fontes podem secar. Inicie a caminhada no Bairro da Pedra já abastecido. Boas fontes de água podem ser encontradas na mata da subida do Papagaio; na bifurcação para o Pico (pode secar em invernos rigorosos); no Retiro dos Pedros; na Mata do Canjica; na mata após o Santo Daime; ao final da Velha Estradinha na Cachoeirinha; nas proximidades do Velho Rancho; no Rio do Charco; na virada da Serra do Charco para Alagoa e na estradinha chegando ao Bairro da Bahia em Alagoa. 

► A partir do Pico do Papagaio a trilha encontra-se bastante suja em suas margens, com vegetação arbustiva em vários pontos. Após o Daime há um longo trecho pelos sinais de uma antiga estradinha, que encontra-se deteriorada e com muito mato pelo seu leito. 

► Pelo que pude observar, a antiga trilha que parte do Totem do Santo Daime, passa pelo interior da mata; cruza a estradinha (trilha normal) e segue em direção à Alagoa está se fechando pelo mato; creio que pelo pouco uso. Depois que a área foi transformada em Parque e o gado foi retirado, praticamente todas as trilhas sujaram bastante. 

► Muito cuidado ao atravessar o Rio do Charco. A época ideal para passar por ali é no fim do inverno, quando o volume de água é bem menor. Nessa época, é mais fácil cruzá-lo uns 50 metros acima da queda. Evite as proximidades da queda, pois a correnteza costuma ser forte. No verão, são grandes as chances de não haver passagem, sendo obrigado a seguir pela sua margem direita (como fizemos). E se estiver realizando Aiuruoca a Baependi pode ser que também tenha que dar volta na ponte do Rio do Charco.

► Há outras Travessias pelo Parque Estadual da Serra do Papagaio, como Aiuruoca a Baependi, Aiuruoca a Itamonte; Baependi a Alagoa; Baependi a Itamonte, Transversal do Papagaio e Rota das Três Serras. Todas essas rotas (exceto a Três Serras) utilizam alguns trechos em comum, diferindo ou no início ou ao seu final.

► Vale lembrar que, oficialmente não são permitidas travessias no Parque Estadual da Serra do Papagaio, uma vez que pernoites são proibidos dentro da unidade. Mas como a situação fundiária do Parque não está 100% resolvida, fica complicado para se efetivar tais restrições. Porém, o Parque vem preparando sua estrutura. Recentemente a trilha entre a Sede do PESP e a Cachoeira do Charco foi adequada e sinalizada. Funcionários do IEF se revezam no Pico do Papagaio orientando visitantes, inclusive vários alertas de boas maneiras estão fixadas na trilha-ataque de acesso ao Pico.

► Não há sinal de telefonia móvel em grande parte da rota. Melhor sinal da operadora Vivo na região do Pico do Papagaio e na descida da Serra do Charco sentido Alagoa. Em Aiuruoca operam Vivo e Tim; em Alagoa apenas Vivo.

► Leve dinheiro em espécie, pois em pequenas localidades é comum não aceitar cartões; ou se aceitar, as máquinas costumam estar com defeito.

► Em Aiuruoca há Banco do Bradesco e Agência Lotérica. Em Alagoa há Banco Itaú (não há caixa eletrônico disponível 24h00 - apenas no expediente bancário) e Agência Lotérica.

► Se desejar contatos de taxistas tanto em Aiuruoca quanto em Alagoa mantenha contato

► Carta Topográfica IBGE: Alagoa


► Pratique a atividade aplicando os Princípios de Mínimo Impacto

Bons ventos!

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