Serra da Contagem: recanto surpreendente

A Cachoeira da Grota; climax da travessia
A Serra da Contagem está localizada na porção oeste do Complexo do Espinhaço, no município de Jaboticatubas, a aproximadamente 80 km ao norte de Belo Horizonte.

Está grudada no lado oeste da sua irmã maior, a Serra da Lagoa Dourada, formação mais elevada, famosa e conhecida daquela região. Talvez essa presença maior faça com que a Serra da Contagem seja um terreno pouco conhecido de nós, montanhistas.

Beleza não falta por lá, destacando os incríveis visuais das terras ao sul, norte e à oeste do Espinhaço; além de abrigar várias nascentes e esconder belas cachoeiras em seus recortes. Com objetivo de chamar a atenção para esse recanto esquecido, escolhemos o mês de fevereiro de 2017 para revisitá-la...

► Esta postagem apresenta parte das imagens captadas em fins de 2015. Agora em 2017 ao constatar que os acidentes continuam praticamente em mesmo estado pouco utilizei a câmera.

Relato Dia 1


Igreja do Córrego Fundo
Depois de uma semana de adiamento devido a chuvas que danificou acessos, nos dias 11 e 12 de fevereiro nos colocamos em marcha rumo à Serra da Contagem.

Viagem tranquila para Nova União; e depois via estradinha de terra sentido Altamira. Aproximando da badalada localidade, tomamos à esquerda e adentramos pela localidade rural de Córrego Fundo, à oeste de Altamira.

Trecho com estradinha precária, passamos por alguns bananais, casas esparsas e uma Igrejinha; à nossa esquerda. Pouco depois da Igrejinha chegamos a uma bifurcação espaçosa; ponto recomendável para desembarque.

Porém, fizemos uma tentativa de subida rumo ao alto do prolongamento norte da Serra da Prata; ponto que se descortina para a região do Sete. Bastaram poucos metros e algumas pontudas rochas na estradinha impediram nosso progresso!

Visual ficando para trás
Desembarcados, pouco depois das 8h00 iniciamos nossa caminhada pela estradinha sentido noroeste que leva ao Sete. Encaramos uma subida logo no início da pernada!

Diferente da última ocasião que estive no trecho, agora em 2017 o tempo estava parcialmente nublado, com temperatura agradável.

Entre breves paradas pela subida passamos por um mataburro; um trecho com calçamento e chegamos numa região de capoeiras, bem no alto do morro que separa a localidade de Córrego Fundo do Sete.

Trata-se do prolongamento norte da Serra da Prata; de onde tivemos lindo visual do trecho percorrido à leste! Estabilizados, chegamos à um pequeno Cruzeiro à nossa direita.

Uma bifurcação junto ao Cruzeiro leva a um sítio no alto do morrote. À nossa esquerda outra bifurcação, que leva apenas a uma terraplanagem próxima.

Antigos fornos para fazer carvão
Tocamos reto pela estradinha, quando encontramos com um motociclista curioso pela procissão de caminhantes. Cruzamos uma matinha e já no descampado a seguir outro mataburro; pendendo para a descida e já com visual da região do Sete.

Um profundo vale nos separa da Serra do Morro Vermelho, à oeste; trecho que percorreríamos antes de adentrar na Serra da Contagem. É um lindo lugar; com visual marcante!

Voltando a caminhar, pouco adiante captei água num num ponto temporário e iniciamos a forte e definitiva decida rumo ao fundo do Vale do Prata.

Passamos por um novo trecho em calçamento; e logo a seguir por ruínas de antigos fornos de carvão; à nossa esquerda, junto a um cocho de boi. Nesse trecho, a estradinha em forte declive é rodeada por verdes pastagens!

Antigo sítio à nossa direita
Às 8h50 chegamos à bifurcação da estradinha que leva à Fazenda do Sete, no sentido norte. Porém, tomamos o oposto rumo sul, também por precária estradinha; margeando uma plantação de bananas à nossa direita.

Em declive, cruzamos dois pontos de água; pouco antes de um antigo sítio à nossa direita; bem abaixo da estradinha.

Aproximamos do Ribeirão da Prata, que caudaloso corre à nossa direita; formando rasos e convidativos poços. Mais alguns passos cruzamos uma porteira e logo adiante, quando a estradinha bem próxima ao Prata faz uma curva para à esquerda, entramos em uma trilha à direita.

Adentramos em um pasto gramado e logo à frente às 9h20 chegamos a um cocho de boi. Como havia uma cobertura no cocho e ameaçava cair uns chuviscos, fizemos uma parada para descansar e enganar o estômago.

Ribeirão da Prata
Por volta de 9h40 retomamos a caminhada e agora teríamos que cruzar o raso ribeirão da Prata; poucos metros adiante do cocho. Não queríamos tirar as botas para cruzá-lo no ponto de passagem.

Margeamos o ribeirão pela esquerda a procura de um ponto para transposição. Dei uma olhada e o máximo que conseguimos foram umas mangas madurinhas; além de um ponto menos duvidoso.

Ajudado por uma moita no meio do córrego, consegui transpor num pulo o riacho. Outros fizeram o mesmo; enquanto outros optaram por tirar as botas e gelar os pés.

Nossa amiga Sol acabou pisando num espinho de coqueiro e após a transposição, graças a uma ação cirúrgica e paciente, a Marina conseguiu retirar os espinhos.

Poço e pequenas corredeiras no Prata
Após a operação tira-espinhos, retomamos a caminhada às 10h20. O clima já anunciava um dia quente e de sol; com as nuvens se espalhando!

Após curto aclive cruzamos uma porteira. À nossa esquerda e abaixo, o Ribeirão da Prata forma uma pequena queda e um bom poço para banho. Apesar de convidativo, tocamos reto e aproximamos da casa da Dona Maria.

Coletamos água que desce no barranco à direita enquanto conversávamos com a moradora; cujo quintal estava repleto por gordas galinhas.

Por volta das 10h30 despedimos da dona Maria, passamos à direita de uma garagem de máquinas com curral, cruzamos uma porteira e demos uma guinada para o oeste; subindo em direção ao topo da Serra do Morro Vermelho.

Canelas de Ema floridas. Lindonas!
Uma velha estradinha já quase apagada pela braquiária vai nos conduzindo morro acima. O sol começa a judiar e o calorão chegara pra valer.

Por sorte, a estradinha vai margeando uma mata pela direita e assim, algumas sombras ajudam a aliviar o solão. Passamos por outro cocho de boi à nossa direita e tocamos pra cima.

Em torno de 11h20 chegamos em um mirante, na entrada da mata que cobre a porção final da Morro Vermelho. Fizemos uma parada para descanso, lanche e apreciar da paisagem.

Esse mirante possibilita bonito visual da Serra da Prata bem em frente, à leste; além da Serra da Piedade, Cocais e Caraça mais distantes, no sentido sul-sudeste. Encontramos por ali, à esquerda da trilha e junto às rochas uma bonita moita de canela de ema com florada lilás; algo muito bonito e singelo!

Complexo do Caraça ao fundo
Retomamos a caminhada às 11h40. Cruzamos uma porteira e a velha estradinha nos levou a adentrar na mata. Um alívio para o calorão! Margeamos uma área úmida, mas sem água corrente. Fomos subindo suavemente.

Às 11h55 cruzamos umas manilhas na desgastada estrada e saímos no descampado, já no alto da serra do Morro Vermelho. Nesse ponto há uma bifurcação que segue para o sul e que leva para a Serra do Capote.

Nós tomamos o rumo norte, percorrendo os campos rupestres da Serra do Morro Vermelho ainda em aclive. Uns 200 metros à frente, a trilha se estabiliza.

Ao olhar para o Sul deparamos com o conjunto do Capote em primeiro plano. Ao fundo e bem distante a silhueta do Caraça. Visual muito bonito!

A antiga estradinha praticamente desaparece no trecho, restando apenas sulcos esparsos. Para o oeste observamos as terras por onde corre a rodovia MG 10, com visual amplo. Por campo aberto chegamos a uma mancha de capoeira, quando cruzamos uma tronqueira. Muros de pedras fazem a divisa de terrenos.

A trilha plana segue rumo norte, tendo algumas trilhas secundárias se cruzando. Iniciamos suave aclive que nos levou até o morrote adiante, por volta de 12h30; de onde o visual era incrivelmente belo. Maravilhoso observar o trecho que percorremos no início da pernada; lá do outro lado do vale, à leste, na continuidade da Serra do Prata.

Trecho percorrido. Possível observar o Morro do Capote
Sem grandes variações, continuamos pelos campos. Um conjunto de gado bem cuidado nos acompanhou durante um tempo. Nesse trecho, várias trilhas se cruzam ou se apresentam paralelas.

Mantivemos o rumo norte e sem erro desembocamos às 12h45 numa área plana e gramada, à beira de uma capoeira sombreada.

Área gramada, próxima a fonte de água e com sombra
Por ali desabamos a fim de aliviar o forte calor. Fizemos uma longa parada. Com tempo, eu e Sol fomos até o ponto de água metros à frente para coletar o precioso líquido.

A água é límpida, mas o leito arenoso complicou um pouco a coleta. Mas deu pro gasto! Retornamos à sombra; compartilhamos guloseimas e ficamos contando papo fiado...

Jardim
Somente às 13h30 recomeçamos a caminhada. Cruzamos o fio d'água e deixamos a trilha apagada que segue para o norte em favor de um desvio pelos campos no rumo noroeste.

Este é um atalho para economizar pernada e diretamente alcançar o excelente ponto de água que há logo à frente no interior de um veio de mata.

Fomos cruzando algumas trilhas e logo adiante passamos por uma cerca de arame através de uma tronqueira velha. Interceptamos uma antiga trilha e por ela seguimos em declive pelo campo rupestre. Adentrávamos de fato na Serra da Contagem.

Passamos por uma bela área de campos floridos e logo à frente adentramos no veio de mata, chegando ao ótimo ponto de água às 14h00.

Esta é uma fonte perene e no tempo da seca é a primeira desde o Córrego da Prata, lá no vale antes da subir a Serra do Morro Vermelho. É rodeada pela viçosa mata; com boas áreas para acampar em seu interior. Mesmo assim, em alta seca diminui consideravelmente.

Aproveitamos para nos refrescar e nos abastecer; mas não fizemos grande parada por ali. Logo tomamos a discreta trilha na fina mata e saímos em campo sujo; quando na também discreta bifurcação tomamos à esquerda.

Logo percorremos um trecho com sinais de antiga passagem de veículos, com escoramento em rocha. Sim, antigamente jipeiros e mototrilheiros costumavam percorrer esta serra; até que a atividade foi proibida por lei municipal...

Adiante chegamos em uma cerca de arame farpado cujos fios eram tão próximos entre si que mais se assemelhava a uma tela. Localizamos uma passagem! Foi quando percebemos que a Claudia e o Carlos ficaram na mata coletando água!

Retornei e os encontrei na bifurcação da saída da matinha; tomando à direita. Juntos e tomando a esquerda, que é a saída correta, seguimos até novamente até a cerca. Esse ponto da cerca "telada" é a chegada da trilha normal quando não se utiliza o atalho que fizemos.

Vista Sul: Belo Horizonte
Após cruzarmos a cerca continuamos a percorrer o antigo caminho escorado por pedras e bem batido. Em aclive galgamos um morrote e despontamos num pequeno vale aos pés dos cumes da Serra da Contagem.

Região muito bonita, com amplo visual para o norte, oeste e sul; podendo inclusive observar a cidade de Belo Horizonte e arredores.

Passamos por outros dois mirrados pontos de água temporários e começamos a perder altitude por volta de 14h30.

A trilha bem marcada segue tendendo à esquerda em direção a uma ampla área de campos em nível inferior. Trecho com muitas rochas, porém sem dificuldades para caminhada.

Árvore curiosa
Às 14h50 já estávamos no campo avistado anteriormente, de onde parte uma saída oeste; rota de escape para descer a Serra da Contagem rumo à estrada e região do Bom Jardim.

Nesse ponto, cerca de 60 metros à oeste da trilha há uma árvore solitária que cresceu tombada, ficando com o tronco retorcido. Isto é um fato até comum em área de campo aberto, devido às ações de animais e ventos.

Fomos até o ponto para uns clicks e dar umas risadas. Retornamos à trilha e passamos a percorrer uma área típica de cerrado. Às 15h10 chegamos até uma cerca e cruzamos uma porteira.

Foi quando deixamos a trilha principal e entramos à direita tomando o sentido nordeste; beirando a cerca que acabávamos de cruzar. Nosso objetivo era descer até a Cachoeira da Grota.

A trilha discreta segue entre as árvores e rochas, chegando até uma cerca de arame, onde há um gramado convidativo para um pernoite. Breve parada, cruzamos a cerca por uma abertura e começamos a descer por uma trilha discreta no sentido nordeste; que chega a desaparecer em alguns pontos.

Curral antigo nas proximidades da cachoeira
Adiante e em declive, tomamos o sentido leste, quando comecei a encontrar alguns totens que deixei por aqui em outras ocasiões que visitei o lugar.

A trilha segue bem discreta pela área rodeada por rochas e com vegetação arbustiva em alguns pontos. Após percorrer o trecho mais íngreme da descida desembocamos numa área relativamente plana.

Cruzamos um ponto de água temporário e logo à frente uma vala de enxurrada. No sentido norte, adentramos em campo limpo, para logo à frente passar por um curral de arame e paus; e mais um cocho de boi.

Mais alguns passos e pontualmente às 15h40 botamos os pés no nosso ponto de pernoite: o grande e belíssimo vale nos arredores da Cachoeira da Grota.

Algumas das pequenas quedas abaixo da queda
e poço principal da Grota
A Cachoeira da Grota está localizada num dos afluentes do Ribeirão Jardim. É um ponto mais escondido, no fundo de um vale; tendo a Serra da Lagoa Dourada em suas cabeceiras.

É um dos conjuntos mais bonitos e interessantes dos arredores do ParnaCipó; guardando alguma semelhança com a Cachoeira da Lagoa Dourada; porém com um poço várias vezes maior.

Abaixo do poço principal suas águas descem encachoeiradas formando pequenas e agradáveis quedas; com ótimos pontos para curtição.

Continuação do Jardim: poção lá embaixo
Bem mais abaixo e após escorrer rocha abaixo, deságua em um grande poção; outra opção para quem gosta de umas braçadas.

Na verdade; essa cachoeira é chamada por vários nomes. Alguns chamam de Jardim; outras Tabuleiro; outras Douradinha. Prefiro chamar Grota, já que o falecido Bené me contou muitos anos atrás que os antigos daquela região assim a chamavam!

Lugar lindo. Lagoa Dourada (E) e Contagem (D)
Armado o acampamento, o restante do dia foi dedicado a curtir o lugar. O sol do entardecer deixava os campos e a serra muito mais bonitos. Espalhamos pelas margens do Jardim, cada qual à procura do que mais lhe interessava.

Mais tarde, ao anoitecer, janta boa e muito bate papo. Não demorou e a bela lua cheia deu o ar da graça, inundando de luz o bonito vale! Enfim, foi um dia proveitoso e uma noite feliz!!!

Relato Dia 2


O dia amanheceu bonito na Serra da Contagem. Parcialmente nublado, logo o sol predominou e permitiu que permanecêssemos no lugar até quase o meio dia.

Estávamos sem pressa, pois propositalmente a jornada daquele dia seria curta; com tempo pra curtir com sobra a cachoeira e arredores! Aproveitei pra explorar uns trechos pelas margens do riacho e curtir preguiça! É bom ficar quieto somente apreciando lugares tão bonitos... Sobrou tempo até para fazer um almoço!

Serras da Lapinha e Abreu, ao norte
Por volta de 11h30 começamos a deixar o lugar. Fizemos o mesmo caminho da ida até a trilha principal que segue pela Serra da Contagem rumo norte.

Subimos de modo tranquilo e às 12h00 interceptamos a rota principal; quando tomamos a direita. Agora em declive, ignoramos nova e discreta saída que leva ao oeste; outra rota de escape da Serra da Contagem.

Tomamos a trilha batida que desce pelo campo aberto em um colo da Serra, possibilitando bonito visual ao norte; inclusive dos Picos da região da Lapinha da Serra e Breu; além da face oeste da Lagoa Dourada.

Já saudosos, observamos lá embaixo a cachoeira que nos acolheu por aquela noite. Passamos por mais um cocho de boi e a trilha nos levou para uma área de matas de galerias, com trilha em leito de cascalheira; com alguns pontos mais íngremes. Sem pressa fomos vencendo o trecho.

Cruzamos alguns pequenos pontos de água temporários, inclusive um maior, em uma espécie de garganta, com bonito visual para o leste. Subimos um lance e imediatamente descemos outro, bastante íngreme e com vegetação beira trilha mediana. Em uma curva de 90 graus a trilha em suave declive desembocou numa pequena área de campos rodeados por matinhas.

Aproximando da região de moradias, em torno de 13h00 cruzamos uma cerca de arame à nossa esquerda. Chegamos a um ponto de água perene logo à frente. Aproveitamos para fazer uma parada para descanso; quando alguns mais animados não resistiram e foram se refrescar nos pequenos poços existentes por lá...

Porteira da Cachoeira do Bené
Por volta de 13h30 retomamos a caminhada pela velha trilha entre vegetação alta; um misto de mata de galeria e cerrado.

Sem delongas, às 13h45 a trilha nos levou diretamente à portaria da Cachoeira do Bené. A princípio até tínhamos planos de visitar o lugar, porém não havia ninguém na portaria, que estava trancada.

Pouco depois o responsável pelo lugar surgiu de moto na estradinha; mesmo assim não fomos até o lugar, pois estávamos saciados pela experiência na Cachoeira da Grota.

Assim, sob sol forte a ponto de torrar os miolos tocamos pela estradinha do atrativo do Bené sentido Estrada do Bom Jardim. Foi um trecho curto mas cansativo; que até chateou alguns de nós.

Porém foi necessário porque o carro do resgate não conseguiu subir até as proximidades da Cachoeira do Bené devido a presença de cascalho! Em torno de 14h30 chegamos no ponto de resgate, junto à interseção da estradinha atalho do Bom Jardim. Por lá o transporte já nos aguardava.

Vista da região da Grota, ponto alto da Travessia
Embarcados, tocamos direto para o Coqueiros Bar, de propriedade do responsável pela Cachoeira do Bené, localizado às margens da estradinha que leva ao atrativo.

Por lá um almoço tardio; menos eu que estava com o bucho cheio! Tempo para conversas; inclusive com dois motociclistas de Santa Luzia que circulavam pela região; quando descobrimos que temos amigos comuns.

De barriga cheia, reembarcamos e, via Jabó e Santa Luzia, seguimos non stop para Belo Horizonte, aonde chegamos pouco depois das 18h00.

"Nóis"
Fiquei com a sensação de que a escolha da Serra da Contagem para abrir as caminhadas em 2017 foi um grande acerto.

Trilhas tranquilas, paisagens marcantes, visual amplo, cachoeiras e poços agradáveis e companhias sensacionais. Estes são ingredientes que fazem qualquer caminhada valer a pena; em especial quando se trata de um lugar incrivelmente próximo à cidade grande; e ao mesmo tempo tão pouco visitado!

Uma semana depois retornaríamos à mesma região; dessa vez com destino à Lagoa Dourada, percorrendo dentre outros; velho-novo trecho da Serra da Contagem. Mas isto será assunto para a próxima postagem! Até lá!

Serviço


Vista da Serra da Piedade (D) desde o mirante subindo a Morro Vermelho
A Serra da Contagem está localizada no município de Jaboticatubas, distante aproximadamente 80 km ao norte de Belo Horizonte, em Minas Gerais.

De pequeno porte, com altitude máxima em torno de 1.300m; encontra-se 'grudada' à face oeste da Serra da Lagoa Dourada; serra tradicional; de maior porte e bastante conhecida em toda a região.

Com relevo movimentado, a vegetação predominante são os campos rupestres.

Abriga diversas nascentes, destacando aquelas que formam o Córrego Jardim; curso d'água que ao despencar da serra formam as quedas da conhecida Cachoeira do Bené; que é um importante atrativo daquela região.

Em plano superior, no mesmo curso d'água, e localizada em um colo entre a Serra da Contagem e Lagoa Dourada, há a Cachoeira da Grota, cujo conjunto é muito bonito, agradável e preservado.

Desenho no GE
As trilhas que percorrem a Serra da Contagem (e outras próximas) são antigas e desgastadas; e somente continuam existindo devido a criação de gado ainda presente na região.

Predominam o sentido sul-norte; muito embora apresentem bifurcações e paralelas. Esse conjunto de antigas trilhas permitem percorrer não somente a porção mais elevada da Serra da Contagem; mas praticamente todo o conjunto de serras nos arredores, como a do Morro Vermelho (Sul) e Lagoa Dourada (Leste).

Assim como as cumeadas leste da Serra da Lagoa Dourada, é importante saber que o trecho mais elevado da Serra da Contagem é pouco visitado por caminhantes; fato contrastante com o sopé e encosta oeste; que é bastante conhecida, abrigando algumas cachoeiras, sítios e pousadas; e por isso com fácil acesso.

É também nessa parte final que se encontra a conhecida Cachoeira do Bené; além da área de influência da Estradinha do Bom Jardim, que liga Jaboticatubas a São José da Serra.

Trecho de campos entre a ligação da
Morro Vermelho e Contagem
A Travessia se iniciada no acesso da localidade de Córrego Fundo em Nova União; e finalizada na Estrada do Bom Jardim, em Jaboticatubas, totaliza aproximadamente 32 km.

Dessa quilometragem, aproximadamente 11 km seriam por estradinhas 4 x 4. Estando em veículo 4 x 4, no início é possível chegar até o fundo do vale do Ribeirão da Prata, diminuindo a distância em aproximadamente 8 km.

E ao final, também em veículo 4 x 4 é possível ser resgatado na portaria da Cachoeira do Bené, diminuindo a distância em aproximadamente 3 km.

Distâncias aproximadas

Cidade referência: Belo Horizonte

Belo Horizonte a Nova União: aproximadamente 60 km, via BR 381 norte
Nova União ao acesso de Córrego Fundo: aproximadamente 15 km, estrada de terra em bom estado
Acesso Córrego Fundo até após a Igrejinha: aproximadamente 3 km, estrada de terra em mau estado
Igrejinha ao Ribeirão da Prata: aproximadamente 5 km, estradinha 4x4 
Cachoeira do Bené a Estrada do Bom Jardim: aproximadamente 3,5 km, estrada de terra 4x4
Estrada do Bom Jardim a Jaboticatubas: aproximadamente 12 km, estrada de terra em bom estado
Jaboticatubas a Belo Horizonte: aproximadamente 65 km, via MG 20

Como chegar e voltar - de ônibus

Cidade referência: Belo Horizonte

Ida: Coletivo da Linha 4882 até Nova União (Terminal São Gabriel em BH) → À pé; ou táxi; ou Coletivo Rural da Linha Nova União a Altamira até acesso ao bairro rural do Córrego Fundo → Trecho restante à pé
Volta: Trecho à pé das imediações do Bené até a Estrada do Bom Jardim → À pé; ou táxi; ou Coletivo Rural da Linha São José da Serra a Jaboticatubas Via Bom Jardim (somente às segundas e sextas pela manhã) → Coletivo da Linha 5582 até o Terminal São Gabriel em Belo Horizonte (leia observações abaixo).

► Consulte no site do DER-MG frequências e valores dos Coletivos Metropolitanos de BH.
► Informe-se sobre horários e frequências dos coletivos rurais contatando alguma pousada tanto na região de Altamira quanto São José da Serra; ou mesmo as Prefeituras de Nova União e Jaboticatubas. Isto porque como sabemos, esses coletivos rurais costumam mudar de horário e frequência ao sabor do tempo.
►►O coletivo rural que liga Nova União até o acesso para o Córrego Fundo (Transtatão) é o mesmo que liga Nova União ao bairro rural de Altamira. Há duas frequências diárias para cada sentido. O embarque de ida pode ser feito na altura do Posto São Cristóvão, em Nova União.
►► O coletivo rural que liga São José da Serra a Jaboticatubas pela estradinha do Bom Jardim circula somente dois dias por semana; e na parte da manhã (segue para Jaboticatubas pela manhã; e retorna à São José da Serra à tarde). Se terminar a Travessia na parte da tarde, uma opção é, chegado à rotatória do acesso à Cachoeira do Bené; entrar à direita e seguir para São José da Serra (aproximadamente 7 km), pois é mais perto que Jaboticatubas (aproximadamente 12 km). Porém, saiba que também em São José da Serra os horários de ônibus são igualmente escassos; mas há opções para Serra do Cipó, Rodovia MG 10 ou mesmo Jaboticatubas. Mas fique atento, pois normalmente não há ônibus ao final da tarde ou noite; exceto aos fins de semana. Lembre-se que, apesar do trecho ser mais longo, pode ser mais interessante se dirigir para Jaboticatubas; pois além de maior frequência de coletivos para BH, é possível contratar táxi lotação que circula no trecho Jaboticatubas-BH.
► É possível combinar com antecedência e contratar táxi para fazer os acessos; tanto em Nova União quanto Jaboticatubas.

Como chegar e voltar - de carro

Cidade referência: Belo Horizonte

Ida: BR 381 até Nova União → Estrada rural para Altamira → Estrada rural para Córrego Fundo
Volta: Estrada Rural do Bom Jardim das imediações do Bené até Jaboticatubas → MG 020 de Jaboticatubas até Belo Horizonte

► Atente-se que início e fim da Travessia se dão em locais distintos e distantes. Necessário programar resgate. Em caso de chuvas intensas as estradinhas rurais podem estar danificadas. Veículos 4 x 4 são os mais indicados para percorrer certos trechos.

Considerações Finais


► Trilhas e Trajeto: Predominam o sentido Sul-Norte. Sombreamento em aproximadamente 10% do trajeto. Há subidas e descidas em especial no trecho inicial e final. Trecho inicial por estradinha precária; que desce ao Vale do Prata; sobe a Serra do Morro Vermelho e vai desaparecendo à medida que se caminha para o Norte. Pela Serra da Contagem a trilha é antiga, porém marcada. 

► Logística de Acesso: Como em toda Travessia, a logística de acesso-regresso costuma ser a parte mais complicada para o caminhante; pois quase sempre se tratam de pequenas localidades em que transporte público é escasso ou simplesmente não existe. Dependendo do dia e horário, essa situação muitas vezes exige a contratação de serviços de táxi ou então combinado com amigos; ou então restando a alternativa de se fazer longos trechos à pé por estradinhas vicinais.
Portanto, avalie bem antes de realizar a travessia para não correr riscos de ter que ficar mais um dia no mato sem ter se programado para isto!
Já para quem ir-retornar de automóvel, as estradinhas encontram em bom estado; exceto no trecho inicial entre a Igrejinha do Córrego Fundo e o Ribeirão da Prata; ou ao final, da portaria da Cachoeira do Bené até a Estrada do Bom Jardim. Nesses trechos recomendável somente veículos 4 x 4.
Atualização dez 2018: A estradinha até a Cachoeira do Bené foi manejada, de modo que praticamente qualquer veículo de passeio ou van chega ao local; exceto sob chuvas prolongadas.

► Reserva para Travessia: Não é necessário reservas; nem há cobranças de acessos; exceto se incluir visita a Cachoeira do Bené.
Atualização junho 2018: Não recomendamos mais a realização desse trajeto-travessia, uma vez que percorre áreas particulares; guardando impedimentos.

► Camping: não há camping pela rota. O que há são áreas para acampamento no estilo natural.

► Água: Há vários pontos de água por toda a rota, não sendo necessário transportar grandes quantidades. Mas no tempo da seca algumas fontes desaparecem. Fontes perenes estão no (1) Ribeirão da Prata, antes de subir para a Serra do Morro Vermelho; no (2) início da Serra da Contagem; no (3) final da Serra da Contagem, aproximando da região do Bené. Fique atento e use sempre purificador!

► Exposição ao Sol: Intensa, pois há pouca sombra pela rota. Use protetor solar.

► Tempo de realização: O melhor período para realização dessa travessia é de abril a setembro; que é a época mais seca na região. Em dois dias seria o formato para se caminhar com calma e curtir o atrativo principal, que é a Cachoeira da Grota. Porém, é perfeitamente possível percorrer todo o trecho em apenas 1 dia.

► Segurança: É uma travessia que permite rotas de escape, seja retorno se estiver até na Serra do Morro Vermelho; ou então descendo sentido Estrada do Bom Jardim, já na parte final da Serra da Contagem. Há sinal de telefonia celular em vários pontos da rota; em especial pela Serra da Contagem.

► Cash: leve dinheiro trocado e em espécie. Pequenas localidades não aceitam cartões ou cheques.

► Carta Topográfica: Jaboticatubas


► Pratique a atividade aplicando os Princípios de Mínimo Impacto

Bons ventos!

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