Serra Fina: Perguntas e Respostas

Vista tradicional desde a Pedra da Mina,
com o Alto do Capim Amarelo e o
complexo Marins-Marinzinho ao fundo
A Travessia da Serra Fina é uma clássica rota do Montanhismo brasileiro localizada na Serra da Mantiqueira nas divisas dos Estados de Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro. Tradicionalmente tem a cidade de Passa Quatro como porta de entrada; e a cidade de Itamonte como desfecho, ambas no Estado de Minas Gerais.

Apesar de estar em uma região cercada por importantes cidades e rodovias, pode ser considerada uma travessia isolada, pois suas encostas são formadas por escarpas e pirambeiras que impedem o acesso direto por quase todo o seu trajeto.

Em praticamente toda a rota da Travessia caminha-se por altitudes acima de 2000 metros, o que permite visual espetacular de grande parte do Vale do Paraíba paulista; Sul do Estado do Rio de Janeiro e a infinidade de serras do Sul de Minas Gerais. É considerada uma das mais belas travessias do Brasil! Conheça mais um pouco mais desta Travessia neste nosso FAQ Serra Fina...


ATENÇÃO:
Nesse FAQ você encontrará muitas informações e dicas para a realização da Travessia da Serra Fina. Mas é importante esclarecer que as informações aqui disponibilizadas são anteriores a julho de 2020; data em que ocorreu um grande incêndio na região da Pedra da Mina. 
Embora desde o início da pandemia em fins de 2019 o acesso à região já estivesse restrito, esse incêndio de juho de 2000 provocou o fechamento total do acesso à Serra Fina por tempo indeterminado. Após essa ocorrência, foi criada uma associação de proprietários locais visando a proteção do maciço. Surgiu também a Ruah Ecoturismo, Operadora ligada à associação que coordena as atividades na Serra. A reabertura da Serra Fina a visitantes somente ocorreu em julho de 2022, quase dois anos após o incêndio.
A partir de então, a visitação que antes era livre e gratuita passou a ser controlada e paga; sendo obrigatória a reserva antecipada junto à operadora. Do ponto de vista físico, nada mudou, a não ser alguma sinalização de pontos estratégicos; posto de controle; bem como algum manejo na trilha. Houve também a restrição quanto às áreas para acampamento, concentrando apenas no Capim Amarelo, Maracanã, Pedra da Mina e Três Estados; sendo proibido em outros locais. Informações sobre o acesso à Serra Fina podem ser obtidas no site Oficial da Operadora


Rota realizada e disponibilizada no Wikiloc
Além de possibilitar estudar e visualizar a região, você poderá baixar este tracklog (necessário se cadastrar no Wikiloc); e utilizá-lo no seu GPS ou smartphone (necessário instalar aplicativo). Recomendamos que utilize esta rota como fonte complementar dos seus estudos. Procure sempre levar consigo croquis, mapas, bússola e outras anotações que possibilitem uma aventura mais segura. Melhor planejamento: Melhor aproveitamento.
Pratique a atividade aplicando os Princípios de Mínimo Impacto


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1► O que é e onde se desenvolve a Travessia da Serra Fina?

Consolidada em fins dos anos 80 e início dos anos 90, a Travessia da Serra Fina é um trekking de aproximadamente 30 km de extensão percorrendo o trecho de altitude média mais elevada de toda a Serra da Mantiqueira; na divisa dos Estados de Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro.

Tradicionalmente tem a cidade de Passa Quatro, em Minas Gerais como a porta de entrada da Travessia; bem como Itamonte, também em Minas Gerais como o desfecho da Travessia. A região aonde se desenvolve esta Travessia é uma APA (APA da Mantiqueira).

É uma Travessia caracterizada pelo intenso sobe e desce; escassez de água, rebelde vegetação beira trilha e visuais monumentais. O grande destaque da Travessia é a Pedra da Mina, que com 2.797m de altitude é o ponto culminante da Travessia e o quarto do Brasil. 

Há ainda outros cumes significativos tanto pela rota quanto pelas suas margens, como o Capim Amarelo (2.392m - vigésimo sétimo do País); Morro do Tartarugão (2.595m - décimo nono do País: a rota não se passa por este pico, que localiza-se ao sul/sudeste da Pedra da Mina); o Pico Três Estados (2.665m - décimo pico do País); o Pico Cabeça de Touro (2.600m - décimo sétimo do País - a rota não se passa por seu cume, que localiza-se à leste do Pico Três Estados); dentre outros.

Dadas essas características a Travessia da Serra Fina tornou-se uma rota clássica do Montanhismo Brasileiro, chegando a ser considerada por muitos montanhistas como a Travessia mais difícil do Brasil. Atualmente essa classificação é relativizada; uma vez que a rota encontra-se razoavelmente bem marcada devido ao grande número de caminhantes que a realizam anualmente. Mesmo assim, continua sendo uma Travessia exigente, não recomendada para quem não possui experiência em trekking autônomo.

2► Basicamente o que é necessário para uma pessoa realizar a Travessia da Serra Fina de modo independente?
  • Possuir bom condicionamento físico e boa saúde;
  • Ser praticante de trekking; inclusive aqueles de longo curso;
  • Possuir equipamentos para trekking e estar habituado a transportá-los em cargueiras;
  • Possuir conhecimento na lida em acampamentos ao estilo natural.

3► Tenho boa saúde e bom condicionamento físico; sou praticante de trekking, inclusive de longo curso e com uso de cargueiras. Mas tenho dificuldades em orientação e navegação. É possível realizar a Travessia da Serra Fina sozinho?

Não é recomendável.
Isto porque apesar da rota estar relativamente marcada, é comum a presença de neblina na região; além de desorientações em meio à vegetação local em certos pontos. Acrescente o fato da rota ser isolada e de difícil acesso imediato.

Então, nesses casos, procure realizar a Travessia juntamente com outros praticantes mais experientes; ou contrate o acompanhamento de um Guia Condutor. Ou então procure estudar sobre Navegação Manual e somente após exercitar bem realize a Travessia. É possível realizá-la com GPS, porém jamais confie exclusivamente em GPS, ou em aplicativos presentes em smartphone, cujos aparelhos são mais instáveis e menos sensíveis.

Aliás, tenha como regra evitar percorrer rotas longas e por vários dias de modo solo. Isto vale para qualquer Travessia que irá fazer. As razões para isto são diversas, que vão desde uma simples companhia a até ajuda imediata em casos de imprevistos.

4► Tenho boa saúde e bom condicionamento físico. Mas não sou praticante de trekking; não possuo equipamentos e não tenho experiência no uso de cargueiras. Posso realizar a Travessia?

Sim, mas a médio e longo prazo; isto é, faça um programa de preparação antes de realizar a Travessia.

Primeiramente comece a realizar caminhadas de um dia no meio natural. Gostando da atividade, procure adquirir equipamentos como mochila cargueira, barraca, saco de dormir e isolante térmico, dentre outros. Estes equipamentos possibilitarão que realize caminhadas de longo curso; ou seja, aquelas de mais de um dia inteiro no meio natural e que exijam pernoites em acampamentos naturais.

Procure incluir na sua prática rotas mais exigentes, em especial aquelas com aclives e declives mais acentuados. Esta prática fará com que se adapte a caminhar com cargueiras; bem como destreza na lida em ambiente natural. Após este treinamento certamente estará apto a realizar a Travessia da Serra Fina em segurança. E de preferência não vá realizá-la de modo solo. Sugerimos que busque um Guia Condutor da sua confiança.

5► Já ouvi dizer ou li em algum lugar que a Travessia da Serra Fina é dificílima, com pontos perigosíssimos. Isto é verdadeiro?

Em partes!

Os conceitos difícil e perigoso variam de pessoa para pessoa e conforme a experiência de cada um. Mas levando-se em consideração uma pessoa praticante de trekking e em boas condições físicas, pode-se afirmar que a Travessia da Serra Fina trata-se de uma atividade intensa, de nível pesado.

Isto se deve sobretudo devido aos inúmeros aclives e declives; vegetação intrusiva; e longos trechos sem a presença de fontes de água; o que faz com que o caminhante tenha que transportar água em quantidade maior se comparadas com outras rotas clássicas Brasil afora.

Naturalmente que, assim como na maioria das trilhas em montanha, há pontos que merecem atenção redobrada. Embora não exista nenhum ponto na rota da Travessia da Serra Fina em que necessite uso de equipamentos técnicos para transposição; há sim pontos com despenhadeiros e precipícios bem próximos à trilha e que inspiram cautela. Nesses pontos, eventuais descuidos ou abusos podem resultar desde acidentes simples e até a morte.

Se você tem pouca experiência em aventuras no meio natural, procure praticar mais e somente vá realizar esta travessia (ou outra qualquer) acompanhado por pessoas mais experientes; ou ainda contratando um Guia Condutor da sua confiança.

6► Já ouvi dizer ou li em algum lugar que a Travessia da Serra Fina é facílima, que qualquer um é capaz de realizá-la sem problemas. Isto é verdadeiro?

Negativo! 
A Travessia da Serra Fina não é uma atividade simples; ao contrário, trata-se de um trekking exigente.

De um modo geral, desconfie sempre de conceitos particulares extremos; em especial no trekking. Definitivamente a Travessia da Serra Fina não é para marinheiro de primeira viagem. Mas também não é a rota "impossível" que alguns ainda teimam em descrever por aí. Pratique trekking regularmente, amplie suas experiências e evite comparações, pois cada pessoa é única e cada situação única!

7►Quantos dias são necessários para realizar a Travessia da Serra Fina? Quais são os formatos possíveis da Travessia?

Isto vai depender da experiência e do objetivo do caminhante.

O Modo Tradicional da Travessia da Serra Fina é realizá-la em 4 dias e 3 noites, pernoitando no Capim Amarelo, Pedra da Mina e Três Estados. Estes pontos proporcionam experiências incríveis, uma vez que são cumes elevados e permitem belos visuais ao anoitecer e amanhecer. 

Este formato é o mais indicado para uma primeira visita à região, independente da experiência do caminhante; bem como para aqueles que desejam caminhar de forma tranquila, aproveitando para fotografar, observar e descansar bem durante e ao final de cada dia.

Mas é possível realizá-la em menos tempo, bastando que o caminhante procure equilibrar as distâncias. Em 3 dias e 2 noites; com pernoites por exemplo no Maracanã e no Bambuzal; ou na Pedra da Mina e Três Estados; bem como em 2 dias e 1 noite, com pernoite na Pedra da Mina.

Ou ainda, para caminhantes experientes ou esportistas, é possível realizá-la em apenas 1 dia no estilo speed.

8► Qual é a melhor época do ano para realizar a Travessia da Serra Fina?

É o período que vai de abril a setembro, que é a época mais seca na região da Mantiqueira.

Evidente que, a qualquer época do ano pode-se realizar esta Travessia; porém esteja ciente que, de outubro a março é a época mais chuvosa na região. Sob chuva a Travessia da Serra Fina torna-se imprevisível! De todo modo, acompanhe as previsões do tempo; sendo recomendável aproveitar períodos de tempo claro (as popularmente conhecidas 'janelas' de tempo aberto e firme); pois dessa forma poderá desfrutar de uma melhor experiência.

Outra observação importante é a recomendação para se evitar realizar esta Travessia durante feriados prolongados. Apesar que nem sempre isto é possível, os últimos anos tem apresentado elevado número de caminhantes pela rota nestas ocasiões. 

Isto tem gerado uma série de degradações ao ambiente, como abertura de novas áreas para acampamento; bem como transtornos aos próprios caminhantes, resultando em disputa ou ausência de espaço para armada de barracas; acúmulo de lixo e dejetos; e um desassossego generalizado na caminhada com a rota superlotada.

9► É possível uma descrição resumida do trajeto da Travessia da Serra Fina no seu Modo Tradicional de 4 dias e 3 noites?

Sim; porém atente-se primeiro para os seguintes:

► Os tempos calculados levam em consideração uma caminhada tranquila, com tempo para descansar, fotografar, apreciar a paisagem.
► As distâncias são aproximadas, podendo ocorrer variações.
► Para se chegar ao ponto inicial e oficial da Travessia que é a Toca do Lobo percorre-se cerca de 15 km por estradinha vicinal até as proximidades da Fazenda da Serra Fina (trecho transitável por automóvel). A partir desse ponto caminha-se por pouco mais de 2 km por restos de uma antiga estradinha vicinal, que liga os arredores da Fazenda à Toca do Lobo. Este trecho até poucos anos atrás era possível percorrer de automóvel; porém se deteriorou pelo mato e erosões, impossibilitando atualmente o trânsito de veículos. 

Dia 1:
Trecho da Toca do Lobo ao Pico do Capim Amarelo: aprox. 5 km
Tempo previsto de caminhada: 6 a 7h
Altitude Toca do Lobo: 1.570m aprox. (não oficial)
Altitude Capim Amarelo: 2.392m aprox.(IBGE)
► Este primeiro trecho caracteriza-se por ser praticamente aclive por todo o percurso.

Pico do Capim Amarelo ao fundo
Partindo da Toca do Lobo, que não passa de um pequeno buraco em um barranco, cruza-se um riacho e adentra em uma capoeira, despontando logo acima em áreas descampadas já no Morro do Cruzeiro. Passa-se por pequenas áreas para acampamento e chega-se a um ponto de água à direita da trilha. Em forte aclive atinge o Morro do Quartzito, caminhando por uma estreita crista, ponto de fotografia tradicional com o Capim Amarelo ao fundo. 

A partir da crista do Quartzito a trilha adentra em meio às grandes moitas de capim, sempre em aclive. Há algumas pequenas áreas para acampamento; adentrando a seguir em uma matinha nebular com muitos bambus. Passa-se por algumas rochas e atinge o topo do Capim Amarelo, que é amplo, repleto por moitas de capim e com várias áreas para acampamento.

Dia 2:
Pico do Capim Amarelo ao Pico da Pedra da Mina: aprox. 8 km
Tempo previsto de caminhada: 7 a 8h
Altitude Capim Amarelo: 2.392m (IBGE)
Altitude Pedra da Mina: 2.797m (IBGE)
► Esse segundo trecho caracteriza-se por uma sucessão de aclives e declives e caminhada quase sempre em torno de 2.400m de altitude média.

Topo da Pedra da Mina
Partindo do Capim Amarelo em forte declive por entre uma matinha com muitos bambus, chegando ao Avançado, que é um estreito vale com algumas áreas para acampamento. Prossegue um curto aclive entremeado por moitas de capim e alguns degraus em rocha; para logo adiante percorrer uma matinha praticamente em nível, passando por algumas áreas de acampamento, sendo o Maracanã a maior delas. 

A partir do Maracanã segue-se em aclive por nova matinha com muitos bambus. Ao deixar a matinha, o aclive se acentua; e passando por alguns lajeados atinge-se a crista que levará em direção ao Pico do Melano.

Tradicional vista desde o topo da Pedra da Mina
A crista em direção ao Melano é formada por frenético sobe e desce pequenos. Apresenta muitos degraus em rocha, rodeados ora por bambuzinhos, ora por tufos de capim. Aproximando do contorno do Pico do Melano predominam capins, passando inclusive por um pequeno trecho barrento. 

Após algumas áreas para acampamento, há um forte declive permeado por capins e trechos lajeados. Atingindo o fundo do estreito vale onde é possível acampar, segue novo aclive com alguns degraus em direção à Cachoeira Vermelha. 


Novos trechos de lajeados, aclives, declives, outras áreas para acampamento e atinge-se o Rio Claro; último ponto de água do dia. A rota continua em aclive por lajeados e solo raso; e se acentuando atinge o topo da Pedra da Mina; que é amplo, porém desabrigado e repleto de rochas, com alguns poucos pontos para acampamento.

Dia 3:
Pico da Pedra da Mina ao Pico Três Estados: aprox. 6,5 km
Tempo previsto de caminhada: 7 a 8h
Altitude Pedra da Mina: 2.797m (IBGE)
Altitude Pico Três Estados: 2.655 (IBGE)
► Como no dia anterior, esse terceiro trecho caracteriza-se por uma sucessão de aclives e declives e caminhada quase sempre em torno de 2.400m de altitude média.

Topo do Três Estados
Partindo da Pedra da Mina em forte declive sobre lajeado, até atingir o Vale do Rhuá, que é coberto por tufos de capim que podem passar de 2 metros em alguns pontos. Percorre-se o Vale do Rhuá em discreto declive, margeando as nascentes do Rio Verde pela sua esquerda. Último ponto de água do dia. 

Vencido o Rhuá, inicia uma sucessão de vários aclives e declives entre vegetação de bambus e capins, até chegar às proximidades do Pico Cupim do Boi, de onde se tem visual impressionante do trecho percorrido e do vizinho Planalto do Itatiaia. Nesse trecho além dos costumeiros degraus pela trilha, há algumas pequenas áreas para acampamento, bem como mirantes muito bonitos. 

Atingido o Cupim de Boi há um forte declive em direção ao Bambuzal, onde há várias áreas para acampamento. Em aclive passa-se por alguns ombros e acentuando, atinge o cume do Três Estados, que é amplo e com várias áreas abrigadas para acampamento.

Dia 4:
Pico dos Três Estados à BR 354: aprox. 10,5 km
Tempo previsto de caminhada: 6 a 7h
Altitude Pico Três Estados: 2.655m (IBGE)
Altitude BR 354: 1.600m aprox. (não oficial)
►Este quarto e último trecho é um misto de aclives e declives e após, uma longa descida. É o mais longo de toda a travessia, porém será o de maior rendimento na caminhada, pois sua parte final é uma trilha por uma velha estradinha e/ou estrada vicinal nos km finais.

Planalto do Itatiaia visto desde o Alto dos Ivos
Partindo do Três Estados em acentuado declive, chega-se ao Bandeirante, uma pequena área para acampamento. Segue pela cumeada do Bandeirante e outro cume sem nome, com aclives, declives e vegetação rebelde. Passa-se pelas áreas de acampamento aos pés do Alto dos Ivos, que é atingido mediante forte aclive. 

Desde o Ivos, que é um ponto desabrigado, o Planalto do Itatiaia parece estar ao alcance das mãos... Partindo do Alto dos Ivos através de forte declive por lajeados e vegetação mediana em bambus, a rota segue perdendo altura, passando por capoeiras e trechos em capins. 

Estabilizada, a rota adentra uma bela mata atlântica, tornando-se ampla; até que passa a percorrer sinais de antiga estradinha. Passa por um ponto de água e, após um antigo sítio a estrada torna-se batida, finalizando a Travessia na BR 354.

10► Como chegar ao início da Travessia da Serra Fina?

Tenha como referência a cidade de Passa Quatro (MG).

O ponto de início oficial da Travessia é a Toca do Lobo, que não passa de um buraco em um barranco. Da cidade de Passa Quatro até onde é possível ir de automóvel são 15 km por uma estradinha vicinal que vai piorando à medida que vai se aproximando da região da Toca do Lobo. Pode-se ir à pé, porém para ganhar tempo é recomendável a contratação de algum serviço de táxi ou similar em Passa Quatro. Não há linha de ônibus nesse trecho.

Se desejar contato de serviços de traslado em Passa Quatro mantenha contato. 
Independente do lugar onde morar, procure estudar todas as possibilidades de deslocamentos com antecedência, de modo a ganhar tempo.

11► Como retornar ao final da Travessia da Serra Fina?
Tenha como referência as cidades de Itamonte (MG) e Resende (RJ).

A Travessia termina na BR 354, pouco depois do bairro rural do Engenho, município de Itamonte; e cerca de 5 km antes da Garganta do Registro, ponto da divisa entre os Estados de Minas Gerais e Rio de Janeiro; onde também inicia a rodovia da Flores que leva à parte alta do Parque Nacional do Itatiaia. Pela BR 354 circulam alguns ônibus que ligam o sul de Minas à algumas cidades fluminenses. Mas nenhum deles tem ponto de parada no local de término da Travessia da Serra Fina.

Para aqueles que residem em Minas Gerais; ou terá este estado como ponto de retorno às suas localidades de origem, o modo mais fácil é contratar algum serviço de táxi ou similar para chegar em Itamonte. De Itamonte é possível embarcar em ônibus para outras cidades da região, como São Lourenço, onde há mais opções de viagens por ônibus.

Para aqueles que residem no Estado do Rio de Janeiro ou mesmo São Paulo; ou terão estes estados como pontos de retorno às suas localidades de origem, o modo mais fácil é contratar algum serviço de táxi ou similar para chegar em Resende, que é uma cidade maior e com várias opções de viagens por ônibus.

Caso tenha acessado a cidade de Passa Quatro via automóvel particular e por lá tenha deixado o veículo, o ideal é contratar táxi ou similar para resgatá-lo na BR 354 e levá-lo de volta à Passa Quatro; passando antes por Itamonte, Distrito do Capivari e Itanhandu.

Se desejar contato de serviços de traslado em Passa Quatro mantenha contato. 
Independente do lugar onde morar, procure estudar todas as possibilidades de deslocamentos com antecedência, de modo a ganhar tempo.

12► É possível realizar a Travessia no sentido inverso, isto é, iniciando na BR 354 e terminando na Toca do Lobo?

Sim.
Porém esteja ciente que as dificuldades poderão ser maiores. Isto porque a vegetação beira trilha na Serra Fina é rebelde e está levemente inclinada favoravelmente ao fluxo mais usual; portanto terá que combater e desviar principalmente de bambuzinhos apontados diretamente para seu corpo.

Vale lembrar que os pontos de acampamento recomendados bem como os trechos a percorrer diariamente permanecem os mesmos. Atente-se que realizando de modo contrário deverá observar a sistema de coleta de água de modo inverso; bem como a logística de acesso/retorno.

13► Quais os camping existentes na rota da Travessia da Serra Fina?

Primeiramente é conveniente esclarecer que não há camping na Serra Fina. O que existem são locais mais planos em que se permitem armar barracas. São espaços naturais.

Os topos dos Picos do Capim Amarelo e do Três Estados oferecem muitas áreas abrigadas e planas para acampamento. A Pedra da Mina é bastante ampla, mas trata-se de uma rocha, que é desabrigada e oferece alguns poucos pontos razoáveis no topo; porém apresenta área mais abrigada em seu colo Sul. Fora dos topos há grandes áreas para acampamento nos locais conhecidos como Maracanã, Vale do Rhuá e Bambuzal; ou médias áreas no Avançado, Dourado e sopé do Alto dos Ivos (desde julho de 2022 algumas dessas áreas não  podem mais ser utilizadas para acampamento). As outras áreas existentes são várias, porém são pequenas; algumas cabem apenas 1 barraca; outras 2 ou 3 barracas; ou seja, são espaços para emergências.

Com o aumento da visitação ao lugar nos últimos anos, infelizmente caminhantes abriram novas áreas para acampamento, devastando a vegetação local. Foi o que comprovamos antes do Avançado (final da descida do Capim Amarelo); depois do Bambuzal (aos pés do Pico dos Três Estados); e antes da subida do Alto dos Ivos (informação comprovada em 2014).

14 ► Ouvi dizer que há escassez de água no trajeto da Travessia da Serra Fina. Isto é verdadeiro? Quais os pontos de água existentes na rota? Qual a quantidade de água a transportar na realização do formato de 4 dias e 3 noites?

Sim, é verdade.
Há escassez de água na rota da Travessia da Serra Fina, pois grande parte do trajeto é percorrido nas cristas das serras, onde normalmente não há a presença de fontes de água.

Os pontos de água perene existentes na rota são os seguintes:
  • Ponto 1: Córrego da Toca do Lobo. Coletar água apenas para a parte inicial da Travessia.
  • Ponto 2: Cachoeirinha no Quartzito. Cerca de 1h/1h30 de caminhada acima da Toca do Lobo. Coletar água suficiente para o restante do dia e para até o final do segundo dia.
  • Ponto 3: Rio Claro. Localizado na base da Pedra da Mina. Coletar água apenas para passar a noite no cume.
  • Ponto 4: Vale do Rhuá. Logo após a descida da Pedra da Mina. Ao vencer o trecho em capim, coletar água para o restante do terceiro dia e para até a metade do quarto dia.
  • Ponto 5: Antes do Sítio do Pierre: coletar água somente para garantir o término da Travessia.
A quantidade de água a transportar varia de pessoa a pessoa e é influenciado pela temperatura, alimentação e hábitos particulares. No formato tradicional já presenciamos pessoas transportando 5 litros de água e passar apuros; bem como outras com apenas 2 litros de água e serem suficientes. Portanto estude e conheça o seu consumo médio!

Para o Formato Tradicional de 4 dias e 3 noites e para o Formato Intermediário de 3 dias e 2 noites é recomendável transportar de 3 a 4 litros de água, sendo na maioria dos caos esta quantidade suficiente para se hidratar e cozinhar. A diferença é que, no Formato Intermediário de 3 dias e 2 noites no segundo dia o caminhante poderá transportar um pouco menos de água e por menor trecho, uma vez que normalmente passará pelo Rio Claro e Rio Verde no mesmo dia.

Para o Formato em 2 dias e 1 noite recomendamos 2 a 3 litros de água, uma vez que na base da Pedra da Mina poderá se abastecer para passar a noite no cume.

15 ► Mesmo com esta escassez de água é possível tomar banho durante a realização da Travessia da Serra Fina?

Devido a escassez de água na região sugerimos que se utilize de outros meios para se banhar - como o uso de panos umedecidos. Porém em certos casos é possível se banhar..
Isto somente seria recomendável nos pontos de água com maior volume; evitando assim transportar grande quantidade de água para os pontos de acampamentos.
Logo, seriam dois os pontos onde seria possível se banhar (Atenção: pratique o mínimo impacto!)
  • No Rio Claro, que é um pequeno riacho na base da Pedra da Mina;
  • No Rio Verde, ao final do Vale do Rhuá, no ponto onde deverá deixar suas margens em partida rumo ao Pico dos Três Estados.
16► Como é o clima na região da Serra Fina? É necessário alguma vestimenta especial?

A região da Serra da Mantiqueira onde se localiza a Serra Fina normalmente apresenta duas estações distintas: uma seca de abril a setembro; e outra úmida, de outubro a março. Desse modo, a estação seca é ensolarada, porém fria, inclusive com ocorrência de temperaturas negativas. E mesmo na estação úmida é comum fazer frio na região, em especial à noite ou início das manhãs, pois a rota se desenvolve em altitude média de 2.400m.

Portanto, é fundamental vestimenta adequada conforme a estação; sendo que na época seca deverá haver um reforço nas roupas para frio. Além desse aspecto ligado à temperatura, em qualquer tempo recomenda-se o uso de calças e camisas com mangas compridas; pois a vegetação beira trilha é bastante rebelde por praticamente toda a rota e podem causar arranhões ou cortes.

17► O fator peso a transportar é realmente importante na Travessia da Serra Fina?

Sim.
Isto porque a rota inclui muitos aclives e declives; logo quanto mais pesada estiver a mochila, maior será o esforço dispensado para transportá-la nestas condições de terreno.

O ideal é o caminhante levar para a Travessia da Serra Fina somente os equipamentos e materiais estritamente necessários; bem como não exagerar nos itens de alimentação. Lembre-se que além de equipamentos, vestuário e alimentação o caminhante irá transportar um volume maior de água, que naturalmente é um alimento pesado. Juntando todos esses itens, é comum a cargueira da Serra Fina no Modo Tradicional chegar a 15 kg, por exemplo.

Por outro lado, evite a tentação da leveza absoluta, que muitas vezes nos faz passar apertos. É claro que atualmente há no mercado equipamentos e materiais levíssimos e seguros que facilitam a vida dos caminhantes. Mas infelizmente dada a realidade dos custos brasileiros estes produtos e materiais levíssimos ainda são acessíveis somente para uma pequena fatia de aventureiros. Por isso, mesmo que seus equipamentos e materiais não sejam levíssimos; evite improvisar em favor da leveza. Faça a racionalização e escolha dos itens a levar com responsabilidade!

E procure transportar todos os seus materiais dentro da mochila, pois a vegetação beira trilha é rebelde e costuma se agarrar e destruir materiais que porventura estejam no lado externo de cargueiras. E isto acaba atrapalhando o desempenho do caminhante.

18► Há sinal de telefonia móvel na rota da Travessia da Serra Fina?

Sim.
Porém somente de algumas operadoras e em alguns pontos. Em maior parte do trajeto não há sinal constante. Mas por favor, não vá afiançado nestes sinais pontuais!

19► Há rotas de escape na Travessia da Serra Fina?

Sim.
Mas esteja ciente que, apesar de ser cercada por cidades e rodovias, a rota da Travessia é isolada e percorre cumeadas de serras que não são acessíveis por outras rotas a qualquer ponto.

A principal rota de escape é aquela que parte do cume da Pedra da Mina e segue em direção ao Bairro do Paiolinho, município de Passa Quatro. Esta rota totaliza aproximadamente 8 km da Fazenda Serra Fina ao topo da Pedra da Mina; e consiste em um trekking pesado; com descidas íngremes e com o mesmo nível de dificuldade presente em toda a rota da Travessia Normal.

De um modo geral tenha em mente as seguintes situações em casos de necessidade em abortar a Travessia:
  • Se estiver no trecho que vai do início da Travessia e até a região do Maracanã ou início da crista para o Melano, retorne para a Toca do Lobo.
  • Se estiver no trecho final da crista do Melano e já descendo em direção à região da Cachoeira Vermelha; Pedra da Mina e até o Vale do Rhuá, utilize a Rota Paiolinho.
  • Se estiver próximo aos cumes na região do Vale das Cruzes, Cupim do Boi, Pico Três Estados, mantenha-se na rota até o final da Travessia.
20► Como proceder em casos de acidentes durante a Travessia da Serra Fina?

Esteja ciente que a Serra Fina é uma região isolada e de difícil e demorado acesso. Em casos de acidentes pode ser que tenha que amparar e deslocar-se com a vítima até algum ponto mais acessível à eventual resgate. Ou mesmo deixar a vítima em algum ponto e se deslocar até outro visando comunicação com o Corpo de Bombeiros, uma vez que sinal de telefonia móvel na região é pontual. Saiba também que não há na região nenhum sistema formal de resgate privado.

Portanto, procure estudar e praticar ações de primeiros socorros, não somente para esta, mas para a realização de qualquer atividade em meio natural. Leve consigo os materiais básicos de primeiros socorros; bem como se possível, radiocomunicadores ou alguma outra ferramenta de comunicação, como aqueles via satélite.

Mas algumas medidas são essenciais:
  • Primeiro se acalmar a si próprio.
  • Segundo acalmar e socorrer a vítima.
  • Terceiro, tentar se comunicar com o Corpo de Bombeiros (193) visando eventual resgate. Neste caso, é importantíssimo informar corretamente a sua localização.

Considerações Finais

► Leia um dos nossos relatos que tratam da Travessia da Serra Fina no Formato Tradicional em 4 dias e 3 noites, que é o formato indicado para uma primeira visita à região.

► Leia um dos nossos relatos que tratam da Travessia da Serra Fina em 2 dias, que é o formato indicado para aqueles mais experientes e com menor tempo disponível.


► Pratique a atividade aplicando os Princípios de Mínimo Impacto

Bons ventos!
Última Atualização: Abril 2017

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