Ponta da Joatinga: a Travessia que une paixões!

A famosa Praia do Sono
Localizada no município de Parati, litoral Sul do Estado do Rio de Janeiro, a Ponta da Juatinga é uma península conhecida pela sua expressiva beleza natural.

Região habitada pelos descendentes Caiçaras, caracteriza-se por vegetação de mata atlântica, relevo acidentado e clima quente e úmido; além de inúmeras praias em sua maioria desertas.

A importância e beleza da região são tão expressivas que a península está protegida pela Área de Proteção Ambiental do Cairuçu e a pela Reserva Ecológica da Juatinga, limitando-se com áreas do Parque Nacional da Serra da Bocaina...

Tamanha beleza ainda preservada dá-se sobretudo pelas dificuldades de acesso. Não há estradas pela península e o principal meio de locomoção de moradores e visitantes é através de pequenas embarcações; ou então a pé.

É nesta região única que se desenvolve um dos trekking mais charmosos do Brasil: a Travessia da Ponta da Juatinga. No seu trajeto tradicional tem início na Praia do Pouso da Cajaíba e término na Vila do Oratório. Estivemos por lá em princípio de dezembro.

►  Confira outro relato da região, incluindo visita à Cachoeira do Saco Bravo
►  Confira video desde o Pico do Pão de Açúcar do SAco de Mamanguá


Atualização Fev 2016
Rota realizada e disponibilizada no Wikiloc
Além de possibilitar estudar e visualizar a região, você poderá baixar este tracklog (necessário se cadastrar no Wikiloc); e inclusive utilizá-lo no seu GPS ou smartphone (necessário instalar aplicativo). Recomendamos que utilize esta rota como fonte complementar dos seus estudos. Procure sempre levar consigo croquis, mapas, bússola e outras anotações que possibilitem uma aventura mais segura. Melhor planejamento, melhor aproveitamento. Esta rota segue margeando o costão no trecho Martin de Sá até próximo ao Cairuçu; portanto, um trecho mais fácil e gostoso de se percorrer que a rota mais distante da costa, que foi a que realizamos nesta viagem descrita neste relato.


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Relato Dia 1


Passava das 22h00 do dia 05 de dezembro quando partimos de Belo Horizonte naquela sexta feira chuvosa rumo a Parati. A chuva e o consequente caos no trânsito da capital atrasou em 1h00 a nossa partida. Tomamos a BR 381 sentido Sul de Minas fazendo uma primeira e rápida parada em Oliveira.

Reembarcados seguimos non stop até Passa Quatro na divisa MG/SP, quando fizemos nova parada sob a névoa da Serra da Mantiqueira. Encurralados por vários ônibus que naquela madrugada se deslocavam para Aparecida, ficamos por mais de 50 minutos no local, nosso segundo grande atraso na viagem. 

Novamente na estrada e já amanhecendo, caímos na Via Dutra em Cruzeiro e seguimos até Guaratinguetá. Ainda na cidade deixamos a Via Dutra e entramos para a cidade de Cunha. Passamos pelos arredores da cidade pouco depois de 7h00 da manhã. Tudo ia bem até que chegamos no alto da serra na estrada Cunha a Parati.

Na descida, nosso terceiro e maior atraso na viagem: o trecho de menos de 10 km da estrada de terra estava péssimo. Em obras, havia buracos e crateras por todos os lados e a descida foi lenta.

Para piorar, o desgaste foi tanto que consumiu as pastilhas dos freios traseiros do nosso transporte. Com tudo isso, somente às 9h30 da manhã e com atraso de mais de 2h30 da previsão inicial adentramos em Parati!

Dirigíamos ansiosos porém lentamente para o Cais de Parati aonde embarcaríamos para a Praia do Pouso da Cajaíba, ponto inicial da travessia. A boa notícia do dia era que o tempo estava absolutamente firme, ao contrário de Minas Gerais, onde chovia insistentemente.

Recebi então um aviso do serviço de traslado marítimo solicitando que, ao invés de embarcarmos no cais, fôssemos para a Marina Boa Vista na BR 101, pois precisávamos agilizar o processo de embarque, uma vez que estávamos atrasados.

Pressionados pelo relógio, enquanto o motorista resolvia o problema mecânico fomos tomar um café em um centrinho comercial nas redondezas. Problema mecânico resolvido, 'voamos' para a Marina.

Pontualmente às 10h00 embarcávamos rumo à praia do Pouso da Cajaíba. Embarcados pudemos então relaxar! Viagem tranquila e bacana com curtição da enseada de Parati. Por volta de meio dia desembarcávamos animados no Pouso da Cajaíba. Dali em diante só a pé... 

Praia do Pouso da Cajaíba
A praia do Pouso da Cajaíba é pequena, porém bela. Possui algumas dezenas de casas, uma Igrejinha e alguns estabelecimentos comerciais.

Naquele sábado comum, somente nosso grupo estava por lá, ao contrário do que acontece em feriadões, quando normalmente lota de visitantes.

Com o sol forte e fritando os miolos, alguns não resistiram e entraram na água para refrescar. Infelizmente não encontramos opções de alimentação em Cajaíba, uma vez que a praia estava deserta.

Então, por volta de 13h00 ajeitamos as cargueiras e partimos para a praia de Martin de Sá, onde pernoitaríamos. 

A trilha para Martin inicia ao lado de uma casa mais à leste da praia; segue em aclive beirando quintais dos moradores até chegar ao mirante da pedra. Esse ponto é próximo à recente casa da irmã do Seu Maneco de Martin de Sá. Visual espetacular!!!

Cansados da viagem e sob sol forte, fomos subindo lentamente. Após o mirante de pedra, a trilha segue por entre árvores. Bem marcada, não oferece riscos de erros e segue em direção à óbvia garganta do morro logo acima.

Pouco depois de 1h00 de caminhada desde o Pouso da Cajaíba passamos pela bifurcação à esquerda que leva à Praia da Sumaca. Percorrido um curto trecho plano no alto da garganta, começamos a descer por trilha larga e sombreada em direção à Praia de Martin de Sá, onde chegamos por volta de 14h45.

Martin de Sá
No camping encontramos com o Seu Maneco, proprietário e único morador de Martin de Sá. Proseamos e logo tratamos de armar acampamento.

Encontramos também com nossos amigos Lee, Choonn e Edu, todos de São Paulo que devido ao nosso atraso na chegada em Parati anteciparam sua ida para Martin.

Acampamento montado, breve lanche para uns, almoço para outros e fomos curtir a praia de Martin.

É uma baita praia, com ondas mais fortes e de uma beleza incrível. Foi uma tarde inteira dedicado ao ócio e a curtição; um período planejado para recuperar da longa viagem noturna desde BH.

Ao entardecer, jantar e novamente na areia da praia curtindo a maresia e o céu aberto e enluarado. Cama só mesmo por volta de meia noite. Foi uma noite recuperadora!!!

Relato Dia 2


O domingo amanheceu lindo com o sol iluminando o litoral. Após desejum e enrolarmos um pouco no camping, partimos em direção à Ponta Negra beirando 9h00 da manhã. Nosso amigo Lee e esposa já haviam partido mais cedo!

Aquele seria o dia mais desgastante de toda a Travessia. Deixamos o camping através da trilha à direita (de quem chega do Pouso) ao invés da trilha costeira Martin-Anchovas. Logo cruzamos o primeiro ribeirão e percorremos pequeno aclive com trilha marcada. 

Foi quando lembrei que havia esquecido minha carteira enganchada em uma árvore lá no camping do Seu Maneco. Voltei correndo e em poucos minutos retornei, alcançando o grupo que descansava na trilha sombreada. Pouco adiante uma de nossas amigas acabou torcendo o tornozelo em uma raiz, mas logo se recuperou e continuou a pernada.

Cruzamos novamente outros dois córregos, ignoramos a bifurcação da direita que leva ao Poção e vencemos um curto aclive. Eu estava na rabeira e já um pouco preocupado com o nosso ritmo lento, pois sabia que o dia seria árduo.

Praia do Cairuçu
Já passava das 10h40 quando passamos pela bifurcação à esquerda que segue para o Saco das Anchovas. Trata-se de uma 'praia' repleta de pedras e onde há algumas casas de nativos.

Seguimos reto, passamos por alguns mirantes e um local com plantação de ananás (ou seria abacaxi?) em que há um alerta de que se "está sendo filmado".

Pouco adiante, ignorando uma descida direta ao costão fizemos uma curva pela trilha sombreada. Tomamos a bifurcação da esquerda pois a da direita estava fechada com paus. Em curto declive chegamos ao Cairuçu das Pedras por volta de 11h30 da manhã. 

No local e em um platô elevado com visual privilegiado do costão reside o Seu Aprígio, que é cunhado do Seu Maneco de Martin de Sá. Já na beira da praia reside em temporadas de pesca o casal Sr. Pedro e D. Joelma. A praia do Cairuçu é pequena e com algumas pedras, mas é lindíssima.

No córrego que deságua na praia e que desce a encosta próxima à casa foi construída uma espécie de piscina natural; uma ótima e refrescante opção de água doce. Apesar de alguns acharem uma intervenção exagerada, eu gostei...

Fizemos uma parada para descanso na casa do Seu Aprígio. Enquanto eu preferi ficar proseando com Seu Aprígio no terreiro da sua casa, a maioria do grupo desceu a pequena ladeira que separa a casa do mar para curtir um pouco a praia do Cairuçu.

Seu Aprígio também mantém um camping no terreiro da sua casa e está todo arrumado, com areia novinha em folha... Enquanto ouvíamos boas histórias do Seu Aprígio o Lee e esposa chegaram ao local, pois havíamos nos desencontrado na bifurcação que leva para Anchovas.

A prosa tava boa e o sol do meio dia convidativo para curtição da praia ou de uma sombra, mas caminhar era preciso. Assim, pouco depois do meio dia deixamos Cairuçu das Pedras através da trilha que sai pela esquerda do terreiro da casa do Seu Aprígio. Adiante, cruzamos um rego d'água com algumas rochas e chegamos em outra casa de local.

Contornamos a residência pela direita e na bifurcação em Y seguinte tomamos novamente a direita. Havia sinalização no lugar indicando Ponta Negra.

Dali em diante adentramos na mata atlântica de vez. Através de trilha marcada e em leve aclive. Cruzamos alguns riachinhos e o calor e a umidade eram infernais. O grupo se dividiu em dois: os mais rápidos foram adiante. Por segurança permaneci na intermediária.

Alto da Berta: Ponta Negra lá embaixo
Após um riachinho mais volumoso, onde fizemos uma paradinha, a inclinação da trilha se acentua. Fomos subindo lentamente. Encontramos com o casal vizinho do Seu Aprígio que voltava de Ponta Negra.

Por volta de 14h15 chegamos à cachoeirinha, ponto tradicional de coleta de água à direita da trilha. Porém o lugar tinha apenas uma poça d'água. Esse ponto é significativo pois indica que a subida do morro rumo Ponta Negra se aproxima do seu final.

Poucos metros adiante passamos pela Toca da Onça. Subimos mais um curto trecho e chegávamos ao ponto máximo da trilha, às 14h40. Era a virada do morro sentido Ponta Negra.

Através de uma janela entre as árvores era possível ver a praia e a vila de Ponta Negra lá embaixo, ainda bem distante. Fizemos uma pausa para descanso, lanche e reagrupamento... Realmente a subida não havia sido fácil e a dupla calor e umidade judiava!

Se sobe, tem que descer... E foi o que começamos a fazer. A descida para Ponta Negra é literalmente ladeira abaixo e bem mais íngreme que a subida anterior. Por sorte, as raízes das árvores servem de degraus e em alguns pontos os troncos de árvores são pontos de apoio importantes.

Fomos descendo lentamente e em grupos. Compensando a ausência de visual, a trilha é toda sombreada e a grandeza da mata atlântica se faz presente com toda a sua variedade de plantas e animais; em especial as aves. É muito bonita e significativa! 

Ponta Negra
Após cerca de meia hora de descida passamos por algumas pedras lisas e um sinal de rego d'água. A partir daí a trilha tornou-se menos íngreme e indicava que Ponta Negra já estava próxima.

Pouco adiante deixamos a mata densa e emergimos em vegetação arbustiva. A trilha marcada desce suavemente, até chegarmos em um córrego onde existem vários canos de captação de água do povoado.

Dali, foram apenas alguns metros para adentrarmos por entre as residências do vilarejo. Cruzarmos a ponte de madeira e chegarmos ao camping do Ismael pontualmente às 16h20.

Estávamos bastante cansados; não pela trilha em si, mas pelo desgaste causado pelo calorão e pela umidade. Desabamos no camping, que é pequeno, mas muito bem cuidado.

Preferi montar minha barraca logo, enquanto a maioria correu para a praia. A tarde em Ponta Negra foi dedicada à 'boa preguiça', à curtição e à comemoração.

Fomos ao bar do Teteco para almoço tardio, tira gostos e algumas bebidinhas. Foi um baita 'social' com direito a banho de mar; luxúria pura. O por do sol foi lindíssimo e a alegria generalizada!

À noite, já no camping fizemos uma jantinha e alguns ainda prepararam petiscos. Já tarde, cada um pras suas barracas, exceção do Edu que sem lugar para armar sua rede no camping dormiu privilegiadamente no deck do bar de frente para praia; e ao Manu que optou por um dos quartinhos de aluguel, também à beira mar.

Relato Dia 3


Nosso último dia pela Joatinga amanheceu parcialmente nublado. Fui cedinho à praia para umas imagens. Na volta, desarme do acampamento. Dado ao cansaço, Lee e sua esposa decidiram pegar um barco para Laranjeiras e dar por encerrada a sua Travessia. Lee já realizou a travessia várias vezes.

Edu, que os acompanhava também finalizou por ali; além de Isabela e Kelly que desejavam urbanizar-se no centro histórico de Parati. Combinamos de nos rencontrar no Oratório ao final da tarde.

Já a Teresinha tomou a sensata decisão de não forçar seu tornozelo, que estava bastante inchado fruto da torção no dia anterior. Tomaria um barco para a Praia do Sono e por lá nos encontraríamos mais tarde. Danilo e Isabela Lima a acompanhou.

Antiguinhos
Despedimos do pessoal que tomaria os barcos e por volta de 8h40 da manhã deixamos Ponta Negra.

Saindo do camping, passamos pela praia e cruzamos o riacho pulando as pedras na beira da areia. Subimos entre casas, passamos pelo Camping da Branca. Logo acima viramos o morrote tomando o sentido sul.

Após curta e leve descida com algumas casas à nossa direita já nos aproximamos da Praia de Galhetas, que na verdade constitui-se de uma faixa de amontoado de rochas.

Caminhamos pelas rochas, cruzamos a ponte pênsil sobre o riacho que deságua na praia e em aclive adentramos por uma mata. A trilha bem marcada não oferece dúvidas.

Após cerca de 1h00 de caminhada tranquila chegamos na bifurcação da Praia de Antiguinhos. Fizemos uma parada para curtição. Antiguinhos é uma praia deserta e muito bonita!

Praia dos Antigos
Parada curta, avisei a galera que nem precisava mudar de roupa, pois nossa próxima parada seria em 5 minutos, na Praia de Antigos, onde rapidamente chegamos.

Antigos rivaliza com Martin de Sá no quesito beleza. Permanecemos bem mais de 1h00 em Antigos e a curtição foi total. Sol aberto, mar calmo, uma beleza. Deu vontade de não sair de lá...

Porém, aquele seria nosso último dia então partimos em dois grupos para a Praia do Sono.

Tomamos a trilha no final da praia. Em aclive e por entre uma mata rala em pouco mais de 15 minutos de caminhada chegamos ao mirante da Praia do Sono. É um dos visuais mais marcantes dessa Travessia, um ponto para foto oficial... 

Mirante da Praia do Sono
Sem delongas logo descemos a trilha íngreme sentido Sono que agora está toda arrumada, com degraus escorados em madeira para minimizar a erosão; além de corrimão em cordas.

Vencido o trecho, cruzamos o riacho no início da praia do Sono pulando pedras.

A praia do Sono é a maior dessa Travessia. É também a mais movimentada e adorada por campistas. No lugar há vários camping e estabelecimentos comerciais. E claro, a praia é também muito bonita, com ampla faixa de areia.

Percorremos aproximadamente 2/3 da praia, até nos instalarmos em um frente a um bar e restaurante, aonde já nos esperava a Teresinha, Danilo e Isabela. Era por volta de meio dia e o sol estava a pino.

Teríamos tempo de sobra para curtirmos o lugar. Foi o que fizemos até por volta de 15h00: banho de mar, umas bebidinhas, tira gostos e almoço, claro, com um peixinho...

Praia do Sono invertida...
Descansados e já "não aguentando mais tanta vida mansa", pouco depois das 15h00 ajeitamos as cargueiras e partimos.

Tomamos o rumo da Vila do Oratório, vizinha ao Condomínio Laranjeiras. Exceção da Teresinha, Danilo, Isabela e agora o Zé, que iriam de barco.

A trilha deixa a praia do Sono pela sua ponta oposta à chegada. Segue em aclive por um curto trecho, cuja trilha está toda arrumadinha, com degraus e corrimãos em vários pontos.

Já no alto, tivemos o último visual da Praia do Sono que ficara para trás. Alertados pelo Claudão, logo adiante vimos uma única serpente em toda a travessia: uma cobra verde que calmamente deslizava pela rocha na beira da trilha.

Prosseguimos e pouco acima da virada a trilha se alarga. Prossegue pelos antigos sinais de uma estrada e assim se mantém até o seu final. Mescla aclives e declives, com bastante sombra e visual apenas local.

Viagem bacana com esses amigos...
Por volta de 16h20 chegamos ao calçamento no Oratório. Descemos até a pracinha onde há um ponto final do ônibus. Por lá nosso resgate já se encontrava.

Fazendo-nos um favor, nosso resgate já nos indicou uma primeira residência na primeira rua à esquerda de quem finaliza a trilha, onde pudemos tomar uma ducha refrescante e tirar a poeira da caminhada. Logo depois chegaram os últimos do grupo!

Fizemos hora pela pracinha e em torno de 18h00 deixamos o lugar. Logo adiante num ponto de ônibus resgatamos a Teresinha e cia que havia vindo de barco do Sono para Laranjeiras.

De lá, seguimos sentido BR 101. Voltar por Cunha impossível: por lá simplesmente não há estrada. Então rumamos pela 101 sentido norte até o Frade, onde fizemos uma parada para lanche.

Depois, cortamos o Estado do Rio via Piraí e de lá até a BR 040. Fizemos uma parada para esticar as pernas em Juiz de Fora e depois seguimos non stop até Belo Horizonte, onde chegamos beirando às 5h00 da manhã de terça feira!

A despeito da longa viagem de ida e volta desde Belo Horizonte (mais de 1200 km), a Travessia da Ponta da Juatinga é daquelas que vale a pena o esforço. Esforço regado a muito suor, literalmente, pois a maioria de nós mineiros não estamos acostumados com o calor e umidade da mata atlântica.

Mas a beleza da região nos premia com paisagens marcantes e espetaculares, além de aliar duas paixões: trekking e praias. Ainda mais quando se encontra tempo firme e aberto como dessa feita! Sem dúvidas é um dos trekking mais charmosos do Brasil...

Serviço


Rota no GE
A Travessia da Ponta da Juatinga em sua Rota Tradicional possui aproximadamente 23 km de extensão, ligando a Praia do Pouso da Cajaíba à Vila do Oratório.

Localizada na península da Juatinga, município de Parati, esta região do litoral sul fluminense é protegida pela Área de Proteção Ambiental do Cairuçu e pela Reserva Ecológica da Juatinga, limitando-se ao sul com áreas do Parque Nacional da Serra da Bocaina.

Região isolada, sem estradas e por isso bastante preservada, a maioria da população das várias vilas do costão são formadas por pescadores e são descendentes de Caiçaras.

No modo tradicional, a Travessia é feita em 3 dias e permite excelente curtição das várias praias do costão, além de possibilitar uma caminhada tranquila e sem correrias.

Para iniciar a Travessia é necessário percorrer a Baia de Paraty através de barco, partindo do Cais de Parati (ou das marinas da região); ou então, partindo do distrito de Parati Mirim e cruzando a entrada do Saco de Mamanguá. Dependendo do local de partida e do tipo de barco utilizado, a viagem pode durar de 30 minutos a até 2h30.

Assim, devido a viagem inicial de barco, caminha-se pouco no primeiro dia, indo da Praia do Pouso da Cajaíba à Praia de Martin de Sá. É um trecho tranquilo, com um leve aclive e declive, com trilha bem marcada e em sua maioria sombreada.

O segundo dia vai da Praia de Martin de Sá até a Praia de Ponta Negra. É o trecho mais extenso e considerado o mais extenuante da Travessia, pois há um desnível de aproximadamente 560 metros. Percorre longo trecho entre mata atlântica, onde o calor e a umidade são sufocantes. Além disso, há várias bifurcações pela trilha que requer atenção. Um recanto especial do segundo dia é a Praia do Cairuçu das Pedras, que é pequena mas belíssima. Não seria exagero afirmar que é o ponto mais bonito dessa travessia...

Já o terceiro e último dia vai da Praia da Ponta Negra até a Vila do Oratório. É um trecho suave, com trilha bem marcada, alternando leves aclives e declives. De rara beleza, percorre as praias desertas de Antiguinhos, Antigos e a conhecida Praia do Sono. 

Variantes


Fora a Rota Tradicional, há várias opções de esticar a pernada pela Península da Juatinga em três dias. 

► Se o aventureiro quer apenas uma esticadinha na pernada, uma opção é, ao invés de iniciar a caminhada na Praia do Pouso da Cajaíba é iniciar na Praia Grande da Cajaíba. Isto aumentaria a caminhada muito pouco e permitiria conhecer as praias Grande, Itaoca, Calhaus e Itanema, que ficam antes do Pouso da Cajaíba. Do Pouso em diante é só seguir o Roteiro Tradicional, com pernoites em Martin de Sá e Ponta Negra.

► Se o aventureiro é experiente, realmente bom de pernada e pretende apenas caminhar sem curtição de praias, é possível sair bem cedo de Paraty Mirim, cruzar através de barco o fiorde no Saco de Mamanguá, desembarcar na praia do Cruzeiro, subir o Pico do Pão de Açúcar do Saco de Mamanguá, passar pela praia do Engenho, virar o morro e ainda ir pernoitar na Praia Grande da Cajaíba. No segundo dia deixar Praia Grande, passar pelas praias de Itaoca, Calhaus, Itanema, Pouso da Cajaíba, Martin de Sá e pernoitar no Cairuçu das Pedras. No terceiro dia, deixar Cairuçu, virar o morro, passar por Ponta Negra, Antiguinhos, Antigos, Sono e finalizar no Oratório.

► Se o aventureiro é experiente, curte explorações, lugares mais afastados e tem perna boa pra caminhar, uma dica é começar bem cedo no Pouso da Cajaíba. Antes de chegar a Martin de Sá, no alto do morro, entrar na bifurcação à esquerda e esticar uma ida na praia da Sumaca, que é bela e deserta localizada no extremo leste da Joatinga. Retornar e pernoitar em Martin de Sá. No segundo dia, antes de Cairuçu das Pedras seguir à direita e visitar o famoso Poção. Retornar e seguir para Ponta Negra. No terceiro dia bem cedo ir de modo leve à Cachoeira do Saco Bravo, que fica no Costão. Retornar à Ponta Negra, pegar a cargueira e seguir para o final da Travessia. Estes ataques consumirão no mínimo 3 horas de rápida caminhada (exceção do Poção, que se faz em 1h00) e somente são recomendados àqueles experientes e com bom faro de trilha.

►► Se o aventureiro é experiente, curte explorações, lugares mais afastados e tem perna boa pra caminhar, há outras possibilidades na região e isso vai depender da quantidade de dias livres que o aventureiro tenha disponível! Isto inclui a volta no Saco de Mamanguá; ou ida ao Pico do Cairuçu; ou ao Farol da Juatinga, por exemplo.

Distâncias


Belo Horizonte a Parati: aproximadamente 600 km

Como chegar e voltar - de ônibus

Cidade referência Belo Horizonte

Ida: Viação Útil até Angra dos Reis → Viação Colitur até Parati
Volta: Coletivo Viação Colitur (linha 1040) de Laranjeiras até Parati → Colitur até Angra dos Reis → Viação Útil até BH

► Não há ônibus direto BH - Parati, necessitando fazer baldeação em Angra dos Reis. Mesmo assim a frequência é escassa. Pode ser que a melhor opção seja ir primeiro para o Rio de Janeiro (Útil ou Cometa) e de lá seguir para Angra dos Reis.
► Para aventureiros de SP ou RJ há linhas de ônibus direto para Parati.

Como chegar e voltar - de carro

Cidade referência Belo Horizonte

Opção 1: BR 381 até Campanha → BR 267 até Caxambu → BR 354 até Capivari Distrito de Pouso Alto → MG 158 até Divisa MG-SP → SP 52 até Cruzeiro → Via Dutra até Guaratinguetá → SP 171 até Divisa SP-RJ → RJ 165 até Parati

Opção 2: BR 040 até Levy Gasparian → BR 393, passando por Vassouras → RJ 127 até Mendes → RJ 133, RJ 145 e RJ 139, passando por Piraí → BR 494 passando por Rio Claro → BR 101 até Parati.

► Consulte o Mapa, clique aqui
Atualização Julho 2016: A Estrada Cunha a Parati está pronta, de modo que torna-se a melhor rota para chegar a Parati vindo de BH e Sul de Minas. Assim, Via Fernão Dias a viagem costuma ser mais rápida.

Considerações Finais


► Camping: Para a Rota Tradicional importa saber que há camping em Martin de Sá (único, do Seu Maneco); Cairuçu das Pedras (único, do Seu Aprígio que é cunhado do Seu Maneco); Ponta Negra (há três, mas recomendo o Camping do Ismael) e Praia do Sono (há uma penca deles por lá, para todos os tipos e gostos).

► Não é permitido acampar nas praias desertas no trajeto da Travessia. 

► Há quartos para locação em Martin de Sá (Seu Maneco) e em Ponta Negra (Teteco e Branca). 

► Barcos: Para aventureiros solo ou em grupo pequeno e que queira serviço mais simples a melhor dica é seguir para o cais de Parati e lá procurar por barcos que estão indo para o Pouso da Cajaíba. O mesmo se estiver em Parati Mirim. Em Martin de Sá e Ponta Negra também há barqueiros. Já na Praia do Sono barco não é problema. Há uma penca deles que fazem o trajeto Sono-Laranjeiras em apenas alguns minutos. Se optar por esse serviço, ao desembarcar no luxuoso condomínio, um veículo o transportará gratuita e rapidamente do condomínio até um ponto de ônibus lá no Oratório. 

► Alimentação: No camping do Seu Maneco é possível almojantar sob encomenda. No local não se vende bebida alcoólica. Em Ponta Negra há dois bares e restaurantes que servem refeição, porções e bebidas. Na praia do Sono há várias opções para alimentação, petiscos e bebidas. Entretanto, se fizer a caminhada em dia de semana, pode ser que tenha dificuldades, em especial em Pouso da Cajaíba e em Ponta Negra, pois as praias ficam desertas. 

► Trilhas: está batida e no trecho entre Martin de Sá e Ponta Negra, que costumeiramente era o mais complicado e  o mais difícil da travessia há sinalização nas bifurcações mais importantes. Na Praia de Martin de Sá há uma opção de trilha que leva até o Saco das Enchovas, onde irá se encontrar com a trilha mais antiga. Essa variante é mais plana que a antiga e vai mais próxima ao costão. 

► Leve repelente, há mosquitinhos ferozes no litoral.

► Há sinal de celular Tim e Vivo em alguns pontos da Travessia. 

► No final da travessia na Vila do Oratório, próximo a pracinha do ponto final da linha 1040 há uma casa de um argentino (esqueci seu nome) em que se pode tomar uma ducha refrescante no quintal. É fácil identificar, pois há uma placa enorme de estacionamento no portão de entrada. É uma boa pedida para um final de caminhada. 

► Apesar de alguns não curtir grupos, afirmo que esta travessia é perfeitamente possível de ser realizada em grupos, desde é claro, que se já se tenha o hábito das caminhadas! 

► Por que realizar a Travessia em três dias se a distância total são pouco mais de 20 km? Simplesmente porque não vale a pena, a não ser que não curta praia. Ademais, no nosso caso, qual cristão vai se deslocar para um lugar tão bonito a 600 km de distância para fazer 'correrias e atropelos'? Fora isto há dois fatores a considerar e que não podem ser desprezados: o calor e a umidade. Essa dupla suga o aventureiro até o fim... 

► Atualização Julho 2016: A Estrada Cunha a Parati está pronta. Ufa!!! Assim, para quem é da região de BH, Sul de Minas, Vale do Paraíba recomendamos este acesso. Só ficar atento porque como a rodovia cruza o Parque Nacional da Serra da Bocaina há restrição de circulação no período noturno.

► Confira algumas Dicas Básicas para a prática de atividades outdoor

► Pratique a atividade aplicando os Princípios de Mínimo Impacto

Bons ventos!
Última atualização: Nov 2017

2 Comentários

  1. Chico! amei! que delicia! queria tanto ter ido.. vê se vc consegue fazer outra dessa ano que vem, de preferencia em um feriado! Ou me avise se souber de algum grupo indo. Tenho muita vontade de fazer!

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    1. Oi Lívia,
      Tudo bem contigo?

      Realmente a ponta da Joatinga é um lugar marcante, belíssimo!
      E ano que vem voltarei por lá e certamente te avisarei. Certeza de que gostará muito, é um show de lugar!!!

      Obrigado pela visita e pelo comentário.
      Abração

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