Cachoeira Retiro Velho no ParnaCipó



Retiro Velho:
Poço generoso mesmo com pouco volume de água

A Cachoeira do Retiro Velho no ParnaCipó se localiza no Ribeirão Palmital, na junção com o Córrego do Gavião, encosta Sul do Vale da Bocaina, distante aproximadamente 8,5 km da Portaria Retiro. Sua queda é similar às das suas irmãs da região e seu poço é amplo e ensolarado. Apesar da relativa proximidade, não há trilha nítida e ampla para acessá-la; fato que a torna bem menos visitada que suas irmãs Gavião-Andorinhas-Tombador.

Na manhã de quarta feira do dia 21 de julho 2021 corri para a Catedral Metropolitana de BH. Por lá fiquei aguardando o Polar, para nos juntar ao Cláudio e juntos rumarmos para o ParnaCipó. Antes das 9h00 chegou o Polar. Foi quando descobri que no mesmo ponto de encontro lá já estava o Cláudio. Puxa vida, preocupado em perder o bonde nem me dei conta disso.

Apresentados, viagem suave rumo a Serra do Cipó. Passava bem das 10h00 quando chegamos à portaria do Retiro do ParnaCipó. Nos ajeitamos e em torno de 10h30 iniciamos a pernada rumo à Cachoeira do Retiro. A despeito do inverno fazia calor. Aliás, no Espinhaço não há inverno como no Sul de Minas.

O caminho é aquele batido que leva ao Vale da Bocaina e às suas encostas Norte e Sul. Prosa animada, em torno de 11h00 passamos pelo Bambuzal, tendo assim vencido aquele trecho inicial em calçamento e estradinha. Este é um pedaço empoeirado e um pouco cansativo para se caminhar.

A partir do Bambuzal seguimos pela trilha ampla em bom ritmo. Passamos pelo Dona Odília e às 11h35 mais ou menos chegamos no Panelas. Por lá fizemos uma parada para lavar o suor da cara e o Polar trocar algumas peças de roupas.

Antes de prosseguirmos apareceu um rapaz vindo do sentido da Gavião perguntando sobre a trilha para esta cachoeira. Polar o informou e de fato ele havia tomado a direção errada naquela bendita bifurcação que há logo adiante que toca rumo Norte.

Vale da Bocaina:
Trilha ampla que leva ao trio Andorinha-Tombador-Gavião
Travessão ao fundo

Pois bem, retomamos a pernada pela trilha arenosa e plana pelo Vale da Bocaina. O sol judiava bastante! Em torno de meio dia chegamos ao ponto da cruzada do Ribeirão Bocaina. A convite do Polar corremos até a Cachoeira do Gavião para uma espiada.

Rapidamente retornamos até o Bocaina, quando vimos que o rapaz da dúvida lá no Panelas já se aproximava da Cachoeira. Em torno de 12h20 e sob forte calor cruzamos o Ribeirão Bocaina e tomamos a trilha da esquerda-Leste, ignorando a direita-reto-Sul que segue para a Cachoeira das Andorinhas.

A trilha discreta segue pela margem esquerda do Bocaina; sendo a mesma que leva para as Cachoeiras do Palmital e João Fernandes. Aproximava das 13h00 quando iniciamos aquela forte subida tendendo à Sudeste. De fato o sol ardia no lombo e sombra por ali era raridade.

Seguimos pela velha e discreta trilha repleta de cascalho e um ou outro degrau. Pingando de suor fizemos uma paradinha de cinco minutos nas sombras de algumas rochas. Tempo suficiente apenas para um beliscar alimentar e desacelerar as batidas.

Só essa vista já compensa o esforço
Vista Leste

Retomamos morro acima e passamos por aquele belo Mirante voltado para o Leste. Região do Travessão ao fundo muito bonito, apesar do calor do meio dia. Próximo das 13h15 iniciamos suave descida, tendo visada para os morros do Leste e Sul, por onde vem despencando o Ribeirão Palmital e Gavião.

Já próximos de aplainar a descida deixamos a trilha principal que ruma para o Poço Preto e saímos à direita, sem trilha definida. Foram poucos metros e em torno de 13h20 chegamos à parte alta da Cachoeira do Retiro Velho.

Poço da Retiro visto da sua parte alta

Na parte alta circulamos pelo leito, que apresenta enormes rochas e algumas estreitas corredeiras. Seguimos até o topo da queda, abrindo visada para o bonito e amplo poço lá embaixo. Àquela hora era por demais convidativo.

Após algumas fotos retornamos até o ponto da chegada. Cruzamos para a margem esquerda do Palmital para investigar a antiga descida que fazíamos pelo corte no paredão. Porém, alertado pelo Polar observamos então uma discreta trilha descendo a encosta na margem direita.

Ainda na parte superior da Retiro

Retornamos, cruzamos o Palmital novamente e subimos curto trecho da encosta até algumas rochas salientes e destacadas na paisagem. Ali quebramos 90 graus para a esquerda e começamos a descer a encosta pela trilha discreta. Em poucos minutos chegamos ao leito. Cruzamos o curso d'água e às 13h40 nos estabelecemos na sombra de uma rocha defronte ao poço e queda da Retiro Velho.

De fato a descida revelou-se muito simples se comparada àquela de antigamente. Curiosamente não me lembrava dela em tempos passados. Certamente não existia! Talvez porque a vegetação da encosta hora esteja muito rala, fruto de incêndios recentes no Parque.

A Cachoeira do Retiro Velho apresenta formato cascata, cujas águas escorregam pelas rochas. Seu poço é amplo e misto em profundidade. Voltada para o Oeste, o poço é livre de sombra e ensolarado em grande parte do dia. Deságua nesse mesmo poço o Ribeirão Gavião, cujas águas despencam por vertiginoso leito rochoso vindo do Sul. Agora juntos, Palmital e Gavião seguem pelo leito rochoso, onde bem mais abaixo formarão a Cachoeira das Andorinhas.

Retiro

O local aonde se encontra a Retiro Velho é de fato um conjunto muito bonito! Mesmo no inverno, que é uma época em que o volume de água das cachoeiras reduzem consideravelmente.


Subindo o Gavião


Após longo e merecido descanso, enquanto Cláudio e Polar foram refrescar as partes, eu tomei o leito do Gavião e fui subindo pelas rochas. Com vários poços, pequenas corredeiras e cascatas o lugar é mesmo incrível. Fui matando a saudade também da vista para o Oeste-Norte.

Cascata no Gavião

Prossegui a subida e minha intenção era seguir até o nivelamento do leito; um ponto pouco acima do conjunto de cascatinha do Gavião. Para minha surpresa avistei acima um rapaz, que vinha na direção contrária. Ao nos aproximar bingo: era Gabriel, um paulista apaixonado pelos cânions e leitos rochosos do Cipó.

Leito do Gavião
Isto é muito mais que parece!

Depois de uma boa prosa e grande surpresa retornamos juntos até o poço da Retiro Velho. E por ali ainda fizemos uma horinha e umas imagens. Foi de fato algo inusitado e incrível encontrar o Gabriel por ali. Nem se combinássemos encontro nesse formato mil vezes isto iria acontecer!

Região da Retiro
Arredores muito bonitos

Com o adiantado da hora e a necessidade em retornar para fora do ParnaCipó - infelizmente é proibido o pernoite dentro da Unidade de Conservação - pouco depois das 15h30 deixamos a Retiro Velho pelo mesmo caminho da ida. A boa novidade agora era a companhia do Gabriel.

Foto da tarde

Caminhando tranquilamente, às 16h20 passamos novamente pela cruzada do Bocaina. Uma hora depois passamos pelo Bambuzal. Logo à frente paramos para comprar uns picolés na Dona Caetana, afinal aquela era uma tarde de calor. Pontualmente às 17h45 cruzamos outra vez a Portaria Retiro, colocando fim à nossa pernadinha.

ha ha ha ha ha ha 

Dali embarcamos e deixamos Gabriel no miolo do Distrito da Serra do Cipó, pois ele ainda faria importantes incursões na região nos dias seguintes. Nós outros tocamos non stop até BH. Juntamente com o Cláudio, Polar nos deixou novamente na Catedral Metropolitana pouco após 19h30. Estava um pouco cansado, mas feliz por ter matado saudades da Retiro e arredores. Como nos provou outra vez, aquele é um lugar surpreendente...

Serviço

Cachoeira Retiro Velho - Parque Nacional da Serra do Cipó

Localizada no Ribeirão Palmital - Alto do Vale da Bocaina, encosta Sul

Distância desde a Portaria Retiro: 8,5 km (17 km ida e volta)


Como Chegar - De carro - Referência Belo Horizonte

Rodovia MG 10 até Distrito da Serra do Cipó. Dali seguir para a Portaria Retiro

Retorno pelo mesmo trajeto da ida. É possível estacional nas proximidades da Portaria Retiro.


Como Chegar - De ônibus - Referência Belo Horizonte

Viação Serro ou Saritur até o Distrito da Serra do Cipó. Dali seguir à pé até a Portaria Retiro.

Consulte as empresas sobre horários e frequências. Analise a logística, pois isto é parte fundamental do sucesso na realização de uma trilha.


Considerações Finais

► Unidade de Conservação - Parque Nacional da Serra do Cipó. O Parque não oferece sistema de reservas, cobrança de ingresso, pernoite ou cobrança de uso de trilhas; pois não há infraestrutura implantada. Quando visitamos unidades que se encontram nessas condições é recomendável que mantenhamos contato com a Unidade e avisemos das nossas intenções. É importante que a Unidade tenha ciência de quem está caminhando pelas terras do Parque, pois isto poderá ser orientado; além de gerar estatísticas, estudos e melhorias.
Contatos do ParnaCipó: 31 3718-7469 | E-mail parna.serradocipo@icmbio.gov.br

► Trilhas e Trajeto: Predomina o sentido Oeste-Leste-Sudeste.. Sombreamento em aproximadamente 2% do trajeto; ou seja, praticamente inexiste. Trecho com estradinhas vicinais entre a Portaria do Retiro e o Bambuzal. Entre o Bambuzal e o encontro do Bocaina-Palmital trecho com trilhas amplas e sinalizadas. Ambos trechos iniciais praticamente em nível. A partir do Córrego da Bocaina trilha antiga, desgastada, erodida, suja e confusa em alguns pontos. Há também curtos trechos ausentes de trilhas. Há pontos com trilhas se cruzando e algumas bifurcações, requerendo atenção na navegação. Predominam subidas, íngremes e alongadas. Há córregos a cruzar.

► Experiência em Trekking: Recomendável não ir solo realizar essa trilha, em especial se apresentar pouca experiência em Trekking. O trajeto a partir do Córrego do Capão/Bocaina requer conhecimentos e dedicação. A distância ida e retorno totalizam aproximadamente 17 km. É uma distância considerável para ser percorrida em um único dia; e ainda curtir os atrativos. Portanto, optando em visitar os atrativos iniciar sempre no primeiro horário.

► Logística de Acesso: Início e final na Portaria do Retiro do ParnaCipó. É possível chegar ao local de automóvel ou de ônibus; nesse caso complementando à pé. Acessos asfaltados ou com calçamento.

► Camping - Estrutura: (Infelizmente) Não há estrutura de camping no ParnaCipó. Todo atrativo deve ser visitado em um único dia. Não há estabelecimentos comerciais no ParnaCipó.

► Água: Há pontos de água pela rota, sendo bem distribuídos por todo o trecho. Inicie sempre abastecido e use purificador!

► Exposição ao Sol: Intensa. Use protetor solar.

► Época de realização: O melhor período para realização é de abril a setembro; que é a época mais seca na região. Porém é quando as águas das cachoeiras estão mais geladas e em menor volume; bem como as fontes de água escasseiam. Mas é mais seguro, uma vez que sob chuva forte a rota se inviabiliza, pois há córregos e rios importantes a serem cruzados.

► Segurança: A qualquer ponto deve-se retornar até a Portaria do Retiro do ParnaCipó. Tenha em mente que em circunstâncias adversas os deslocamentos podem ser longos. Não há estrutura de busca e resgate seja no ParnaCipó ou nos arredores. Não há sinal de telefonia celular pela rota; nem obviamente terminais telefônicos.

►Segurança: Ao praticar Trekking prefira utilizar calças compridas e camisetas com mangas longas. Isto oferece maior proteção frente à vegetação e eventuais insetos; além de minorar a ação do sol.

► Atenção: Ambientes naturais abrigam insetos e animais selvagens ou peçonhentos. Isto é natural; é normal. Portanto, seja ao caminhar ou ao assentar esteja sempre atento. Ao manusear vestuário e equipamentos verifique com atenção se não há presença desses animais ou insetos. Também esteja atento quanto a presença de animais selvagens de grande porte; evitando assustá-los.

► Cash: no Distrito da Serra do Cipó aceitam-se dinheiro e cartões.

► Carta Topográfica: Baldim


► Pratique a atividade aplicando os Princípios de Mínimo Impacto


Bons ventos!

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