São João da Chapada a Diamantina Via Biribiri e Serra dos Cristais

Rio Pinheiro e seu largo leito arenoso
A Trilha do Algodão é uma rota de aproximadamente 75 km que liga Biribiri, município de Diamantina à Vila de Santa Bárbara, município de Augusto de Lima; passando pelo Distrito de São João da Chapada.

Em junho de 2016 realizamos o trecho entre o distrito de São João da Chapada e Santa Bárbara. Na ocasião deixamos de fora o trecho entre São João da Chapada e Biribiri.

Isto porque pretendíamos percorrê-lo no sentido inverso, esticando a pernada até a cidade de Diamantina; passando pelo Parque Estadual do Biribiri.

Esse ramal Sul possui boa oferta de água e paisagens marcantes, destacando curiosos afloramentos rochosos e o belo Rio Pinheiro, um dos afluentes do Jequitinhonha com suas grandes praias fluviais.

A isto soma a histórica Vila do Biribiri e suas cachoeiras nos arredores; permitindo intensa experiência. Assim, outra vez voltamos à região de Diamantina para a realização do trecho; uma outra opção às badaladas rotas mais ao Sul do Espinhaço...

Relato Dia 1


Embarcamos em Belo Horizonte por volta de meia noite do dia 3 de setembro, desembarcando pouco antes das 6h00 no Distrito de São João da Chapada. Logo após o desembarque, a Ave Maria veiculada no alto falante da Matriz inundou o lugar; uma tradição ainda presente no interior das Minas Gerais.

Lugarejo com temperatura costumeiramente amena, aguardamos pouco mais de meia hora para tomarmos um cafezinho na padaria do lugar. Enquanto jogávamos conversa fora, o sol começou a dar as caras, prenunciando mais um dia quente e sem possibilidade de chuva na região.

Os primeiros moradores começavam a circular no pacato Distrito; grande parte se dirigindo à padaria local; onde além do café aproveitamos pra umas últimas comprinhas. Após o café, ajeitamos as cargueiras e começamos a caminhada por volta de 7h30.


Rota realizada e disponibilizada no Wikiloc
Além de possibilitar estudar e visualizar a região, você poderá baixar este tracklog (necessário se cadastrar no Wikiloc); e inclusive utilizá-lo no seu GPS ou smartphone (necessário instalar aplicativo). Recomendamos que utilize esta rota como fonte complementar dos seus estudos. Procure sempre levar consigo croquis, mapas, bússola e outras anotações que possibilitem uma aventura mais segura. Quanto melhor for o seu planejamento, melhor será o seu aproveitamento. Recomendável que leia este relato para melhor compreender esta rota.
Pratique a atividade aplicando os Princípios de Mínimo Impacto

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Cruzeiro nas proximidades do
cemitério de São João da Chapada
Deixamos a padaria e seguimos em direção ao cemitério local; localizado à entrada do Distrito, próximo a um antigo cruzeiro e junto à estrada para Diamantina.

Beiramos o muro do cemitério e entramos à esquerda na última rua do Distrito, caminhando uns 40 metros até chegar a um quebra corpo na cerca de arame à nossa direita.

Passamos pelo quebra corpo e através de uma trilha batida descemos pasto abaixo no sentido leste. À nossa esquerda saem outras trilhas, inclusive uma que cruza uma antiga e pequena ravina.

Nos mantivemos na trilha praticamente em linha reta e em declive suave, quando às 7h45 chegamos em uma captação de água no fundo do vale, onde há alguma sombra de generosas e frondosas árvores; bem como encontro de algumas trilhas que vem da esquerda.

Casinha à direita da trilha.
Arredores estavam repletos de flores...
Continuamos a caminhada por uma trilha que sai abaixo da captação de água. Pouco adiante cruzamos uma cerca e seguimos por trilha batida, sempre em declive.

À nossa esquerda desembocam algumas trilhas cuja origem é aquela lá atrás, que cruzava a pequena ravina.

Seguimos a trilha principal já com muitos afloramentos rochosos nas imediações e beirando uma cerca à nossa direita. Avistamos à nossa esquerda em meio à capoeira um velho casebre que parece ser de algum curral.

Passamos por um curto trecho de capoeira e logo à frente por uma casinha à nossa direita, com várias plantações no quintal. Logo adiante a trilha se aplainou, tendo à nossa esquerda belas formações rochosas formando um paredão.

Um bonito paredão beira trilha...
Uma trilha batida e de leito arenoso segue no sentido nordeste, porém, precisamos retomar o sentido sudeste.

Desviamos de alguns afloramentos e identificamos a trilha menos batida. Rapidamente chegamos a um mirrado ponto de água às 8h15, a primeira água do dia.

Cruzamos o rego d'água pulando pedras e logo adiante a trilha sumiu, uma vez que haviam sinais de queimada recente. Uns passos adiante e identifiquei a trilha discreta.

Passamos por uma cerca velha e a trilha torna-se mais marcada, percorrendo um trecho entre novos e contínuos afloramentos rochosos. Os arredores pareciam um jardim, com muitas quaresmeiras e jacarandás.

Casebre à nossa esquerda
A trilha batida beirando uma cerca faz uma curva para o leste e às 8h25 deparamos com um pequenino casebre com sinais de uso à nossa esquerda, porém fechado.

Em suave declive seguimos o trilho arenoso, sempre margeados por belas formações rochosas. Adiante um pequeno e pedregoso aclive rodeado por vegetação mais viva, com algumas sombras.

Formações rochosas pra soltar a imaginação...
Estamos cruzando a Serrinha da Guiné (IBGE), porém como se trata de uma pequena serra e com muitos recortes, a trilha se desenvolve sem grandes variações, procurando sempre as passagens mais suaves.

Adiante, o terreno encontrava-se bastante seco e as sombras vão se tornando escassas. Porém, por sorte, encontramos algumas poucas sombras; quando aproveitamos para fazer uma parada para lanche e descanso às 9h00.

Nesta formação rochosa à direita da trilha 
havia um rancho em uma lapa...
Retomamos a caminhada às 9h20 tendo uma paisagem sem variações: trilha arenosa, suave e arredores secos e com belíssimos afloramentos rochosos.

Incrivelmente observávamos muitos arbustos floridos e uma infinidade de insetos, mesmo com o sol já torrando o lugar.

Passamos por um novo trecho de formações arbustivas e adiante saímos em campo aberto, com visual mais amplo. À nossa direita, cerca de 300 metros da trilha uma bela formação rochosa mais alta (foto).

No seu sopé foi possível observar uma velha cabana construída junto a uma de suas lapas. A trilha em suave declive passa entre duas rochas que parecem formar um portal... Trecho muito bonito (foto)!

Portal de Pedras
À nossa direita outras imponentes formações rochosas, separadas por um leito seco, que em época de chuvas corre um fio d'água e enxurradas. Caminhando próximo, o leito à nossa direita vai se aprofundando até nos separar da encosta rochosa ao sul.

A trilha então se distancia e em uma curva forma-se um belo mirante. Paramos para alguns clicks às 9h50 e o pessoal da dianteira desapareceu...

Voltamos a caminhar agora por alguns lajeados. Cruzamos uma porteira e aproximamos de uma capoeira mais encorpada, tomando sentido sudeste. A ação do vento em alguns coqueiros próximos nos dá a falsa sensação de existir por ali uma cachoeira.

Trecho muito gostoso e sombreado, o que nos alivia do calorão. Após cruzar a curta capoeira a trilha se alarga. Saímos em terreno mais aberto, com a presença de alguns coqueiros e visual para o Sul e Sudeste. Fizemos uma paradinha estratégica para aglutinação e descanso.

Outra bonita formação
Sem delongas retomamos a caminhada e foi possível observar mais distante ao sul trechos que percorreríamos no dia seguinte. A trilha larga em suave declive nos leva em direção à uma velha porteira.

Cruzamos a porteira que estava aberta e ignoramos uma falsa saída à direita. Iniciamos uma descida íngreme e em zigue zague por trilha larga no sentido norte; rodeada por uma capoeira.

Casa próxima aonde fizemos longo descanso
Enquanto descíamos observávamos lá embaixo no vale a continuação da nossa rota. Às 10h20 passamos por uma casa com moradores, cujos cachorros fizeram imensa algazarra.

Passamos pelo curral à frente da casa e em declive aproximamos de um curso d'água. Havia por ali tudo que queríamos: sombra e água fresca. Fizemos então uma longa parada para descanso e lanche; às margens desse afluente do Rio Pinheiro.

Casa na margem esquerda do rego d'água
Somente retomamos a caminhada às 11h00, cruzando o riachinho por uma pinguela. Do outro lado caminhamos defronte a outra antiga casa à nossa direita.

Curiosamente a residência fechada e com muitos sinais de desgastes tinha painel solar e dois carros na garagem: um Fusca e uma Brasília!!! A velha casa parecia estar em recuperação!

Pouco adiante da casa encontramos com um morador local. Cumprimentos e passamos a percorrer uma velha estradinha, em discreto aclive.

Passamos por alguns lajeados, belas formações rochosas e um ponto com um poço de água parada repleto de sapinhos!

Logo adiante chegamos às 11h30 em um ponto em que a estradinha faz uma curva de 90 graus e segue para o norte. Nós porém, deixamos a estradinha em favor de uma discreta trilha no sentido sudeste.

Poucos metros adiante e ao que parece, a trilha passou a percorrer restos de uma outra antiga estradinha. Seguimos cruzando o cerrado em suave declive mantendo o sentido sudeste. O calor estava de matar, porém como é comum no cerrado, as sombras são esparsas e vazadas.

Ignoramos uma saída discreta à direita (que vai dar em um afluente do Rio Pinheiro) e prosseguimos a descida praticamente em linha reta. A essa altura o vale do Rio Pinheiro com suas prainhas já era visível.

Aproximamos então do rio através de antigas trilhas e beiramos a cerca do Parque Estadual do Biribiri. Cruzamos a cerca em uma ravina e pronto, chegamos ao areião do Pinheiro às 12h30.

Leito do Rio Pinheiro
Tiramos as botas e cruzamos o Rio com água pouco acima das canelas. Do outro lado, em uma rara e pequena sombra deixamos as tralhas.

Fizemos uma longa parada para aproveitar o pocinho do rio para um refresco, afinal o calor estava de matar. O Rio Pinheiro é um afluente do Rio Jequitinhonha.

No tempo da seca possui baixo volume de água e seu leito assoreado forma inúmeras praias de areias finas e brancas. É um rio muito parecido com o Pardo Grande, que corre para o oeste e é afluente do Rio das Velhas.

Como estávamos adiantados na caminhada, ficamos um bom tempo por ali aproveitando a paz do lugar. O único ruído foi de alguns motociclistas que faziam trilha na região. Pareciam vir da conhecida estrada que contorna Biribiri...

Somente às 13h50 subimos o pequeno barranco e retomamos a caminhada através de uma trilha na margem direita do Rio Pinheiro. Logo adiante, quando o rio faz uma curva para o sul cruzamos o rio.

Nesse ponto cometi um erro, pois ao invés de descer alguns metros pelo leito arenoso cruzei imediatamente o rio, saindo em uma capoeira de passagem complicada.

Depois de alguns arranhões, curto varamato e cruzar a cerca do parque novamente, além de um rego d'água, interceptamos a trilha batida da margem esquerda do Rio.

Poucos metros adiante passamos defronte ao porto, o verdadeiro, fácil e certo ponto de passagem do Rio Pinheiro! Que cabeçada; bem que a Ângela havia me alertado!!!

Interessante que em tempo anterior que por ali estive passei pela capoeira sem dificuldades; pois explorando o rio na ocasião o ponto abaixo da curva estava bastante profundo.

Mas dessa vez estava raso e de fácil transposição. E claro, foi por ali que os motociclistas cruzaram o rio; fato que eu deveria ter me lembrado...

Poção da Cachoeira do Rio Pinheiro
(ou Lavrinha)
Depois do perrenguinho, seguimos pela trilha batida em suave aclive. Nivelada, cruzamos uma tronqueira e tínhamos à nossa esquerda um belo paredão rochoso; e à nossa direita os capões de mata ciliar do Pinheiro.

Passamos por uma discreta saída à direita que em época anterior aproximei do Rio Pinheiro. Porém, escaldado pela capoeira anterior preferi fazer o feijão com arroz e seguimos pela trilha marcada.

Logo adiante, a trilha se alarga, se transformando em uma velha estradinha. Cruzamos uma tronqueira e pouco depois por dois pontos de água; sendo o segundo muito bom.

Em aclive adentramos em uma matinha por um trecho de velha estradinha. Em um ponto descampado passamos por um belo mirante de onde se via a Cachoeira no Rio Pinheiro.

Logo à frente ignorei uma saída à direita (um atalho para chegar ao rio) porque um amigo havia me informado que havia encontrado marimbondos por ali. Não comentei isto com ninguém para não causar apreensão eheheh...

Então, prosseguimos na estradinha mais batida em declive, para ao nivelar fazer uma curva para a direita, e depois para a esquerda; nos aproximando novamente do Rio Pinheiro.

Cachoeira e poção no Rio Pinheiro
(Lavrinha)
Cruzamos uma cerca de arame farpado que protege as margens e chegamos ao Rio Pinheiro; que é raso e possui amplas margens arenosas. Sem tirar as botas cruzamos um braço do raso rio.

Fomos caminhando leito acima pelo banco de areia em direção à Cachoeira do Rio Pinheiro ou Lavrinha, como é chamada localmente. O banco de areia formava uma espécie de ilha no lugar.

Ao nos aproximarmos da Cachoeira, para cruzar o outro braço do Rio não teve jeito: tivemos que tirar as botas. Rio cruzado, chegamos ao local do nosso pernoite às 15h10.

Tratamos de ajeitar os lugares para armar acampamento. Enquanto o Luciano se ajeitou mais próximo ao Rio, nós outros cruzamos outra cerca e nos ajeitamos metros adiante em um local plano, menos rochoso, porém com muitos brotos, pois o lugar havia sido roçado recentemente.

Praia fluvial
O restante da tarde foi dedicada ao ócio, curtindo a praia no Rio Pinheiro. No ponto escolhido para pernoite há a queda da Lavrinha; formando um poção que compensa a pequena queda.

Fora isso, vários poços medianos e com água mais quente se formam leito abaixo. Um belo lugar, ideal para diversão sem pressa!

Aproveitei para subir às rochas na margem esquerda e ir à parte superior da cachoeira. Visual incrível do Rio, com a Serra do Pinheiro (ou Lavrinha) ao fundo. Mais tarde retornei à barraca.

Depois de umas prosas e com a chegada da noite fiz a janta. O céu estava bonito, mas devido ao cansaço normal da viagem logo adormecemos. Acordei pela madrugada e o céu estava nublado; e em dado momento até passou uma fina garoa refrescando o calor...


Foto do dia anterior: Rio Pinheiro
2 A manhã de domingo amanheceu parcialmente nublada. Desarmamos acampamento, tomamos café e pouco depois das 8h00 iniciamos nossa caminhada rumo à Vila de Biribiri.

Sem trilha definida subimos o pasto tomando rumo sul. No topo do morro aproximamos de uma cerca de arame.

Cruzamos a cerca e interceptamos em meio à vegetação uma antiga trilha que vem do Rio Pinheiro. Mais adiante cruzamos outra cerca bem em frente a uma casa em construção.

Passamos a percorrer curto trecho de uma estradinha sentido leste visando a estrada principal. Em poucos metros cruzamos uma porteira e desembocamos na estradinha Biribiri- Bairro do Pinheiro.

Estradinha para Biribiri
Tomamos a direita e novamente o rumo sul. Topamos com alguns automóveis na empoeirada estrada, que segue em aclive acentuado.

Discretamente vamos tomando rumo sudeste até que às 9h00 chegamos a uma bifurcação importante. Para o Sul segue uma estrada para Diamantina.

Seguimos no rumo sudeste tomando a estradinha menos batida à esquerda. Agora nivelada, logo passamos por algumas casas. Vamos margeando o Ribeirão das Pedras pela sua esquerda.

É um trecho que alterna pequenos aclives e declives, sem variações consideráveis e com algumas residências nas imediações. À nossa esquerda e do outro lado do Ribeirão das Pedras a bonita encosta do interior do Parque Estadual do Biribiri.

Ribeirão das Pedras ao norte de Biribiri
À medida que avançamos a estrada se aproxima bastante do Ribeirão das Pedras. Por volta de 9h30 observamos logo abaixo belos e apetitosos poços propícios a banho.

Pelos poços de fácil acesso não havia ninguém, apesar do calorão que já fazia àquela hora da manhã.

Olhando ao sul na Serra do Biribiri é possível observar o tradicional Cruzeiro. Encontramos com um ciclista, caminhamos curto trecho e às 9h45 botamos os pés na Vila de Biribiri.

Sossego em Biribiri

A Igreja do sec. XIX
O calor judiava e desabamos na sombra da ampla praça gramada. Logo tratamos de nos refrescar no Restaurante do Adilson, onde fizemos um pit stop para uns comes e bebes.

O ciclista que encontramos pela estrada logo chegou à Praça juntamente com o Luciano: tratava-se de um funcionário do Parque e amigo de longa data do Luciano. Gente fina, trocamos boas prosas!

Aproveitei pra visitar a Praça e o exterior da Igreja do Sagrado Coração de Jesus datada de 1876, que encontra-se em processo de restauro. Alguns visitantes circulavam pelo lugar; mesmo assim a paz reinava absoluta...

Beirava às 11h00 quando começamos a deixar Biribiri para continuar a caminhada. Na Vila permaneceram a Thaís, Bruno e o Saqueto, juntamente com as mochilas cargueiras, pois nosso resgate iria até Biribiri.

Eu optei por seguir com minhas tralhas. Ao deixar a Vila, encontramos com o nosso serviço de resgate.

Nos despedimos e em aclive passamos a percorrer a estradinha Biribiri-Diamantina. Às 11h05 passamos pelo Portal da Vila.

Adiante, cruzamos o Ribeirão das Pedras onde há ruínas de uma antiga ponte e serviço de captação de água. Após curto aclive chegamos às 11h10 à bifurcação da Estrada para Diamantina. Tomamos a estrada da esquerda sentido Cachoeira dos Cristais.

Cachoeira dos Cristais
O sol torrava nossos miolos e a ausência de sombra complicava nosso rendimento. Em grupos passamos pelo estacionamento da Cachoeira em torno de 11h35 onde um grupo de motorizados desembarcavam. Adiante, cruzamos antiga ponte sobre o Córrego dos Cristais.

Bastaram poucos passos para chegarmos à bifurcação da direita, que nos levou até a Cachoeira dos Cristais. Apesar da pouca água, o poção da cachoeira estava convidativo. A queda em si não é alta, mas o conjunto rodeado pela típica vegetação é muito bonito.

Havia vários visitantes aproveitando a cachoeira. Sem delongas os amigos logo já foram entrando na cachu... Aproveitei pra comer alguma coisa e fui até a parte superior da Cachoeira. Já o  Hélio Prates do Blog Caminhos do Mato que fazia a travessia conosco também esteve por lá para dar uns mergulhos...

Passava das 12h45 quando começamos a deixar a Cachoeira dos Cristais rumo à Diamantina. Por um atalho interceptamos logo acima a trilha na margem direita do Córrego dos Cristais, no sentido leste, que segue para Mendanha. Poucos metros à frente e em meio à matinha deixamos essa trilha por uma antiga e discreta saída à direita.

Chegamos ao Córrego e fizemos a transposição pulando pedras. Aproveitamos para nos abastecer porque dali em diante água seria mais escassa. Às 13h00 começamos nossa caminhada definitiva no sentido sul percorrendo uma antiga trilha de cascalho em meio ao campo rupestre. O sol a pino judiava àquela hora do meio do dia!

Serra dos Cristais
Em aclive fomos ganhando altura pela trilha pouco batida. Seguíamos pela Serra dos Cristais, uma área do Parque Estadual do Biribiri. Imprimimos um ritmo constante na subida, uma vez que parada seria só sofrimento naquele mundo sem sombra alguma!

A trilha um pouco suja nos mostra que é muito pouco utilizada. Às 13h30 alcançamos um platô onde aproveitamos para fazer uma paradinha numa abençoada sombra.

Dez minutos depois retomamos a caminhada passando às margens de vários ipês amarelo em flor. Coisa linda de se ver...

Serra aonde fica a Casa dos Ventos
Rodeado pela serra observamos no alto ainda distante e à nossa direita a Casa dos Ventos do Parque Estadual do Biribiri. É um ponto estratégico e de observação do Parque.

Continuamos a subir e começamos a encontrar água às margens da trilha. Metros acima a água escorre pela trilha, resultado de um abatimento no brejo logo acima à nossa direita.

A subida não dá trégua e a vegetação arbustiva e alguns afloramentos rochosos nos fazem companhia.

Por volta de 14h15 e já vencido o trecho principal da subida encontramos com uma sombra próxima a alguns afloramentos e à beira da trilha. Tratamos logo de fazer uma parada recuperadora...

Universidade. Ao fundo, o Pico do Itambé
Às 14h35 retomamos a caminhada agora por trecho suave e rodeado por campo de altitude. Logo adiante aproximamos de uma cerca que divide o campo de um pasto de braquiária, abaixo e à nossa esquerda.

Observamos também à nossa esquerda e relativamente próxima a Universidade Federal do Vale do Jequtinhonha, localizada às margens da BR 367. Ao fundo e bem distante vemos a silhueta do belo Pico do Itambé, o Sentinela do Sertão Mineiro.

Seguimos até o canto da cerca e a trilha bifurcou. Tomamos uma discreta saída à esquerda em meio à vegetação arbustiva e que margeia a velha cerca. A trilha bem apagada vai rodeando o pasto acompanhando a cerca. Mais adiante começa a se distanciar da cerca e prossegue entre a vegetação arbustiva. A terra estava esturricada, mesmo assim belas flores nos faziam companhia.

Rapidamente aquela trilha suja nos levou até uma estradinha vicinal que liga alguns sítios que observávamos desde lá atrás, quando nos aproximamos do pasto. Caminhamos poucos metros pela estradinha e às 14h50 a deixamos em favor de uma trilha à nossa esquerda. Em suave declive a trilha bem marcada vai nos levando ao sentido sul.

Às 15h05 cruzamos o Córrego da Roda, que devido a secura não passava de um rego d'água. Aproveitei pra coletar um pouco de água para lavar o suor e me refrescar.

Continuamos a caminhada e já observamos o casario de um bairro à nossa esquerda na encosta do morro antes da rodovia BR 367. A vegetação de campos toma conta da paisagem à oeste...

Ipê na Serra dos Cristais
A caminhada rende e adiante tomamos a trilha da esquerda em uma bifurcação. Passamos pelas linhas de alta tensão às 15h15 e cruzamos uma estrada; a mesma que deixamos em favor da trilha lá próximo aos sítios antes do Córrego da Roda. Mais alguns metros e interceptamos a Trilha dos Escravos, conforme placa afixada.

Passamos por outra placa, beiramos uma cerca e começamos a descer. Lá embaixo já nos dava boas vindas a Histórica Cidade de Diamantina, Patrimônio da Humanidade.

Bastaram poucos passos para chegarmos à BR 367 às 15h40, dando por encerrada a nossa Travessia, com tudo nos conformes e dentro do horário programado.

Rapidamente embarcamos na van que já nos esperava. Eu pretendia fazer uns clicks da cidade ali do alto, bem como tirar o suor do rosto. Mas como a rodovia não tem estacionamento isto ficou pra outra ocasião. Prosseguimos até um restaurante à beira da rodovia aonde almoçamos.

Queria ter passado pelo Centro Histórico, mas também ficou pra outra ocasião. Após o almoço tardio, pouco depois das 17h00 embarcamos na van. Fazia uma tarde linda e ensolarada. Viagem de retorno sem alterações, por volta de 21h00 desembarcamos em Belo Horizonte.

Nóis
Foi uma Travessia muito proveitosa. Excluindo os arredores de Biribiri, onde a presença de visitantes é praxe, não encontramos com nenhum outro caminhante pela rota!

Para quem gosta do Espinhaço é uma rota bacana e de fácil realização; uma alternativa às badaladas e tradicionais travessias do Espinhaço Sul. É uma paz que só vendo... Obrigado especial aos novos e velhos amigos pela paciência e companhia. Até a próxima!

Serviço


A Travessia São João da Chapada a Diamantina - Via Biribiri - totaliza aproximadamente 33 km, com rota predominantemente no sentido norte-sul. O relevo é o típico do Espinhaço, mas sabiamente a rota procura as junções de vales e campinas, resultando em uma rota com pouca variação na altimetria.

Destaque para as Serra da Guiné nas proximidades de São João da Chapada; e para a Serra dos Cristais, entre Biribiri e Diamantina.

A vegetação predominante em toda a rota são os campos rupestres e as matas de galerias; muito embora apresente vegetação mais viçosa em alguns pontos úmidos e baixios.

Com alguns cursos d'água importantes, destacam o Rio Pinheiro com seu largo leito arenoso, um típico afluente do Jequitinhonha; além do Ribeirão das Pedras, afluente do Rio Pinheiro e que corre ao norte de Biribiri; além do Córrego dos Cristais, afluente do Ribeirão das Pedras que corre ao sul de Biribiri.

Como grande parte das trilhas em Minas Gerais, as origens da rota São João da Chapada à Diamantina remontam à época dos tropeiros, que cortavam a região vindo do norte de Minas para Diamantina. A rota é um misto de estradinhas (30%) e trilhas (70%), podendo ser dividida em duas partes principais.

primeira parte vai de São João da Chapada até a Vila de Biribiri, sendo o trecho inicial da Trilha do Algodão (ou final, conforme o sentido percorrido). O nome Trilha do Algodão refere à rota utilizada para transporte de mercadorias e matérias primas em tropas entre duas tecelagens existentes em Biribiri  e em Santa Bárbara. A unidade de Biri-Biri fechou no início da década de 70; porém a unidade Tecelagem Santa Bárbara continua em funcionamento até os dias atuais.

segunda parte vai de Biribiri até Diamantina, uma rota atualmente pouco utilizada e que percorre a Serra dos Cristais, portanto dentro da área do Parque Estadual do Biribiri.

Os atrativos da rota, além da paisagem típica e animais do Espinhaço, destacam-se as praias fluviais do Rio Pinheiro, os poços convidativos do Ribeirão das Pedras e a bela Cachoeira dos Cristais.

Como conjunto histórico, o destaque vai para a Vila de Biribiri, com seu casario e antiga fábrica bem preservados.

Já o Distrito de São João da Chapada, distante pouco mais de 30 km da sede de Diamantina é muito bonito, com antigas casinhas que parecem cenário de cinema. E para quem estiver com tempo torna-se imperdível uma visita ao Centro Histórico de Diamantina.

Distâncias aproximadas


Belo Horizonte ao Distrito de Guinda: 290 km
Distrito de Guinda a São João da Chapada: 25 km (estrada de terra)
Belo Horizonte a São João da Chapada: 315 km
Belo Horizonte a Diamantina: 300 km
Diamantina a São João da Chapada: 35 km
Diamantina a Biribiri: 12 km (estrada de terra)

Como chegar e voltar

Cidade referência: Belo Horizonte

De ônibus

Ida: Empresa Pássaro Verde até Diamantina → Empresa Transparente (38 3531-5117) até São João da Chapada
Volta: Empresa Pássaro Verde de Diamantina à Belo Horizonte

► Faça consultas virtuais ou telefônicas às empresas de ônibus confirmando horários e frequências. 

De carro

Ida: BR 040 até o Trevão → BR 135 até Curvelo → BR 259 até após Gouveia → BR 367 até altura do Distrito de Guinda → Estrada para São João da Chapada
Volta: BR 367 de Diamantina à Gouveia → BR 259 até Curvelo → BR 135 até o Trevão → BR 040 até BH

► Atente-se que início e fim da Travessia se dão em locais distintos e distantes. Necessário programar resgate.

Hospitalidade & Alimentação


São João da Chapada
Utilize o Turismo Solidário → Rede de hospedagem em casas de família, gerando renda aos locais. Pernoite, café da manhã, almoço e jantar. Informe-se no link acima.

Vila de Biribiri
Aluguel de Casa para hospedagem pertencente à Estamparia → 38 3531-1065 e 38 98814-0636
Restaurante do Adilson Biribiri → 38 99749-9757

Considerações Finais


► Unidade de Conservação: A rota percorre áreas do Parque Estadual do Biribiri na sua parte sul. O Parque encontra-se em fase de implantação da sua infraestrutura. Portanto não há camping, praça de serviços ou centro de visitantes no Parque. Há sinalização nos atrativos principais.  Em visita, recomendável avisar a Unidade sobre suas intenções.

► Trilhas e Trajeto: O trecho entre São João da Chapada e as proximidades do Rio Pinheiro dá-se predominantemente por trilhas; e um pequeno trecho por estradinha precária e antiga. O trecho entre o Bairro do Pinheiro e até a Cachoeira dos Cristais passando por Biribiri dá-se por estradinha local. O trecho final entre Biribiri e BR 367 nas proximidades de Diamantina dá-se exclusivamente por trilhas. Os trechos de trilha alternam alguns bastante discretos e outros mais marcados. Há trechos com vegetação beira trilha mais alta e em vários pontos há algumas trilhas que se cruzam, podendo ocasionar alguma confusão ao caminhante. Sob chuva forte ou intensa pode não ser possível realizar a rota, pois há riachos e ribeirões a serem cruzados.

► Logística de Acesso: Há ônibus que liga Diamantina à São João da Chapada, mas somente um horário diário, à tarde. A estrada entre Guinda e São João da Chapada é de terra. O final da Travessia pode ocorrer na BR 367 ou mesmo no Centro de Diamantina, bastando que o caminhante percorra um trecho da Trilha dos Escravos. Atente-se que esse trecho da Trilha dos Escravos percorre a periferia de Diamantina e infelizmente há relatos de furtos a caminhantes.

► Camping: não há camping pela rota. Não há camping em Biribiri; sendo proibido acampar nas imediações da Vila. Eventuais acampamentos são no estilo natural e somente devem ocorrer até o Rio Pinheiro e fora da área do Parque Estadual do Biribiri.

► Água: Há água pela rota da Travessia em vários pontos, não sendo necessário transportar grande quantidade diária. Use sempre purificador!

► Tempo de realização: Dois dias são suficientes para a realização da Travessia com calma e bom proveito dos atrativos. Para aqueles mais experientes e ágeis é possível percorrê-la em apenas 1 dia no modo speed.

► Segurança: É uma travessia que permite rotas de escape, sendo a principal na Vila de Biribiri, onde se poderá antecipar o retorno à Diamantina contratando serviço de táxi. Em São João da Chapada há sinal de telefonia móvel (Vivo). Em Biribiri não há sinal constante. Ao final da Travessia há sinal das principais operadoras.

► Exposição ao Sol: como é comum pelo Espinhaço, a trilha é exposta e há pouca sombra pela rota. Use protetor solar.

► Tarifas: não há cobrança para uso de trilha; nem camping, pois se ocorrer será ao estilo natural. Não há cobrança de ingresso ou uso de trilha na área do Parque Estadual do Biribiri; ou na Vila de Biribiri.

► Cash: leve dinheiro trocado e em espécie. Pequenas localidades não aceitam cartões ou cheques.

► Carta Topográfica: Diamantina


► Pratique a atividade aplicando os Princípios de Mínimo Impacto

Bons ventos!

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