Alto Palácio a Serra dos Alves: Conheça a primeira Travessia Oficial do ParnaCipó

Vista sul durante a Travessia. O Espinhaço com suas características:
Afloramentos rochosos, campos rupestres e ampla vista desimpedida
Localizado a aprox. 100 km ao norte de Belo Horizonte, Minas Gerais, o Parque Nacional da Serra do Cipó foi criado em setembro de 1984.

Desde então a Unidade recebeu algumas benfeitorias e ações, como uma nova sede mais próxima ao Distrito da Serra do Cipó, portarias e a abertura à visitação de alguns dos seus muitos atrativos naturais; além é claro de ações reguladoras.

Conquistou importante posição no âmbito da pesquisa; bem como grande número de visitantes que a cada ano procuram conhecer e desfrutar das suas belezas naturais.

Como uma área de beleza singular, desde há muito tempo o sonho de conhecê-lo de forma mais aprofundada através da realização de travessias nunca deixou as cabeças de muitos montanhistas; pois como sabemos, é à pé que verdadeiramente se conhece um lugar. Porém, foram necessárias mais de três décadas de espera para que este sonho começasse a se tornar realidade...

Atualização Agosto 2017:
As reservas para esta Travessia passaram a ser feitas através do ECOBOOKING; e não mais em contato direto com o ParnaCipó

Graças ao Projeto Piloto de Travessias no Parque Nacional da Serra do Cipó; fruto do empenho da gestão e voluntários da Unidade; o sonho de mais de 30 anos começou a sair do papel em fins de 2015.

Trata-se de um Projeto audacioso, com previsão de implantação nos próximos 5 anos e que inclui a abertura de algumas variantes de Travessias pela Unidade.

Trecho de trilha pelo alto da Serra do Palácio
Dentro do Projeto Piloto, o primeiro trecho de Travessia liberado à visitação regularizada é aquele que vai da antiga sede do Parque na região conhecida como Alto Palácio, no município de Morro do Pilar.

Toma direção ao limite sul-sudeste da Unidade; para depois prosseguir até o arraial da Serra dos Alves, no município de Itabira.

Foi este o trajeto que escolhemos para curtir o Carnaval 2016. Faríamos a Travessia no formato recomendado de 3 dias e 2 noites, com tempo para curtir e descansar.

Como teríamos à nossa disposição um quarto e último dia, visitaríamos algum atrativo nos arredores da Serra dos Alves. Acabamos por escolher a Cachoeira dos Marques como atrativo final, pois não poderíamos tardar no retorno pra BH na terça de carnaval. Assim, para facilitar a compreensão e separar a Travessia, que foi nosso objetivo principal, apresentarei uma sequência de três postagens, sendo:

1 ► Apresentação e Descritivo da nova travessia no ParnaCipó (abaixo, nesta postagem);
2 ► Relato da realização da nossa Travessia Alto Palácio x Serra dos Alves
3 ► Relato da nossa visita à Cachoeira dos Marques na Serra dos Alves

Travessia Alto Palácio a Serra dos Alves: Origens


Vista sul durante a Travessia. O Espinhaço com suas características:
Afloramentos rochosos, campos rupestres e ampla vista desimpedida
Antes da criação do Parque Nacional da Serra do Cipó, suas terras foram amplamente utilizadas para criação de gado, pois grande parte da atual área de proteção é formada por campos rupestres.

Esse tipo de vegetação é muito apreciado pelo gado e mais ainda por criadores, pois favorece o manejo e reduz custos com a criação.

Com isto, havia o trânsito natural de gado, tropas, criadores e moradores, que através de trilhas cortavam as serras locais.

Passados 30 anos desde a criação da Unidade de Conservação, ainda é possível identificar muitos desses rastros pelo interior do Parque, inclusive aqueles da ligação da região do Alto Palácio à Serra dos Alves.

Além disso, não é segredo absoluto no meio do montanhismo que esta rota específica continuou sendo realizada de forma clandestina mesmo após a criação do ParnaCipó, utilizando algumas variantes conhecidas, sobretudo aquelas mais próximas aos vales do interior da Unidade.

A diferença é que com o atual Projeto Piloto de Travessias, o Parque normatiza e regula o uso da rota, desenvolvendo traçado um pouco diferente daquele já conhecido; e que busca não interferir em áreas intangíveis da unidade, além de possibilitar um caminhar mais seguro, sem deixar de lado os aspectos naturais cênicos.

A Travessia Alto Palácio a Serra dos Alves


Rota realizada e disponibilizada no Wikiloc

Além de possibilitar estudar e visualizar a região, você poderá baixar este tracklog (necessário se cadastrar no Wikiloc); e utilizá-lo no seu GPS ou smartphone (necessário instalar aplicativo). Recomendamos que utilize esta rota como fonte complementar dos seus estudos. Procure sempre levar consigo croquis, mapas, bússola e outras anotações que possibilitem uma aventura mais segura. Melhor planejamento, melhor aproveitamento.

Procuramos realizar a rota o mais próximo possível do traçado oficial disponibilizado na época pelo ParnaCipó. Porém, em alguns pontos sem trilha definida, pisoteada ou inadequada; ou mesmo em alguns pontos de saída desviamos do traçado em alguns metros, o que pode ser considerado normal, uma vez que a rota não se encontrava sinalizada. Sugiro que leia nosso relato da travessia.

Outra importante informação é que após essa realização sugerimos alguns ajustes ao ParnaCipó; que nos anos seguintes foi efetuando pequenas mudanças em pontos específicos da Travessia. Assim, ao realizá-la procure acompanhar a Rota Oficial e atualizada que o Parque disponibiliza a todos que farão reservas e realizarão a Travessia.

Pratique a atividade aplicando os Princípios de Mínimo Impacto

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Percorrendo áreas dos municípios de Morro do Pilar, Itambé do Mato Dentro e Itabira, segundo o Projeto Piloto do Parque Nacional da Serra do Cipó, esta Travessia (em teste) pode ser dividida em três partes:

1) o trecho do início no Alto Palácio à Casa de Tábuas;
2) o trecho entre a Casa de Tábuas e a Casa dos Currais;
3) o trecho entre a Casa dos Currais e o arraial da Serra dos Alves.

Essa divisão vai de encontro com o Projeto que prevê a realização da Travessia em três dias e duas noites; um modo que permite ao caminhante curtir as paisagens, descansar e observar o terreno, tendo assim condições de oferecer à Unidade eventuais sugestões corretivas.

Vista Oeste para o Vale do Bocaina, interior do ParnaCipó
Seguindo a vertente norte-sul, de um modo geral a rota permeia a divisão de bacias do Tanque à leste e Bocaina à Oeste.

Os atrativos principais da Travessia são o visual desimpedido em variados pontos; o monumental Mirante do Travessão e os vastos campos rupestres com sua intensa e agitada vida animal e vegetal.

Na parte próxima ao Arraial da Serra dos Alves há o Cânion Boca da Serra, acidente visualmente impactante e que possui algumas cachoeiras no seu interior (Luci, por ex.) e nas proximidades (Cristais); além é claro da charmosa Vila da Serra dos Alves com seu pacato modo de vida.

Apesar dos antigos sinais de trilhas pela rota, o traçado definido pelo Projeto Travessias possui variantes menos usuais e que requerem atenção por parte dos caminhantes, em especial sob neblina ou chuva.

Percorre terrenos mistos, com aclives, declives, rochas e cascalhos; além de vegetação arbustiva em alguns pontos. Ora a trilha apresenta bom pisoteio, ora desaparece por completo, como é característico nas velhas e conhecidas "trilhas de vaca" pelo Espinhaço.

É também uma rota pouco sombreada e apresenta escassez de água, principalmente no trecho entre a Casa de Tábuas e a Casa dos Currais. Oferece paisagens marcantes e possibilita visão de grande parte do interior do Parque; além dos arredores norte e leste extra-parque.

A partir do Travessão por enquanto ainda não oferece rota de escape em casos de desistências da caminhada. Sendo um bioma frágil, é imperativo que se procure manter dentro do traçado elaborado pelo Projeto, minimizando impactos no meio natural, bem como facilitando a marcação e identificação do trajeto.

Pontos de pernoite e acampamento


Os pontos definidos para pernoite durante a realização da Travessia Alto Palácio a Serra dos Alves estão na Casa de Tábuas e na Casa dos Currais. É expressamente proibido acampar ou pernoitar fora desses pontos.

A Casa de Tábuas
A Casa de Tábuas é um abrigo pequeno e rústico; estilo de um paiol de madeira, que fora construído para ser base de apoio aos criadores de gado antes da região tornar-se Parque.

Com a área transformada em Unidade de Conservação, houve uma realocação do 'paiol' para o ponto atual, que é próximo a fontes de água.

Tornou-se então uma base de apoio para brigadistas, guarda parques e pesquisadores durante suas incursões na porção leste do Parque; e agora, como ponto de apoio a caminhantes.

Com apenas um cômodo, possui um antigo fogão à lenha e alguns catres em seu interior; além de uma varandinha em um dos lados. Não oferece água encanada; nem latrina.

O espaço para armada de barracas nos arredores encontra-se bastante bruto e irregular. O banho somente é possível nas águas do Córrego Palmital, que jorra aos fundos da construção.

Casa dos Currais ao fundo.
Apesar dos esforços da Unidade, todas as vezes
que passei pelo lugar vi a presença de gado nos arredores
Já a Casa dos Currais é também anterior à criação do Parque e seja no passado, ou no presente, desempenha as mesmas funções da Casa de Tábuas.

É uma construção mista de pau-a-pique e madeira; com dois cômodos divididos em "sala" e "cozinha" com fogão à lenha, tendo inclusive alguns catres no seu interior.

No lado externo possui dois currais; e por isso acabou nomeando o lugar. Oferece na parte externa uma varandinha rústica; um cano com água; um fechadinho com chuveiro de latão e uma latrina; além de algumas árvores frutíferas e até uma hortinha.

O espaço para armada de barracas é amplo e com gramado mais regular. O banho, além da possibilidade do uso do chuveiro de lata, corre nos fundos da construção o farto córrego da Mutuca.

O Trajeto


A antiga sede Alto Palácio do ParnaCipó
1 Iniciando na Sede do Alto Palácio (foto), antiga e primeira sede do Parque Nacional, no km 121 da rodovia MG 10, município de Morro do Pilar.

Na sequência, a travessia segue trilha em aclive sentido sul-sudeste, atingindo e percorrendo um trecho da cumeeira da Serra do Palácio, uma área de campos com amplo visual em todos os quadrantes.

Antes de atingir o topo Norte do Cânion do Travessão, ocorre a descida da serra do Palácio, trecho com trilha em formação.

Há um bom ponto de água quase ao final da descida e na sequência ainda em suave declive atingirá a região onde se localizam as conhecidas pinturas rupestres e alguns afluentes do Córrego do Capão (IBGE).

Junto às pinturas rupestres, a rota se encontra com aquela mais batida que origina na região da Pousada Duas Pontes. Através de trilha em declive e com presença de cascalhos cruzar novo ponto de água e à esquerda deste se dirigir ao Mirante do Cânion do Travessão (foto), que é um lugar grandioso e impactante, divisor natural das bacias do São Francisco e Doce.

O monumental Cânion do Travessão
A partir do Travessão, a rota segue uma discreta trilha em um longo trecho em aclive, ainda em direção sul-sudeste, à margem esquerda do Ribeirão do Peixe (IBGE).

Cruzando o riacho (ponto de água - irá cruzar o mesmo riacho por duas vezes) a rota continua em leve aclive por apagada trilha em um curto trecho sentido leste. Há uma passagem de alguns metros em uma capoeirinha úmida e com uma vala.

Vista sul: picos no segundo dia do trajeto. Ao centro região da Casa de Tábuas
Após, desviando de alguns trechos com muitos afloramentos rochosos, a rota retoma o sentido sul-sudeste. Por campo aberto com trilha em formação atinge uma área de campos, seguindo até o topo do morrote.

No topo do morrote intercepta antiga trilha vindo do oeste, marcando o fim do trecho em aclive no primeiro dia programado. Este é um ponto de rara beleza em que se pode observar grande parte do trecho percorrido ao norte.

A partir desse morrote, a velha trilha inicia um longo trecho em declive, tendendo à sudeste até atingir o fundo do vale nas proximidades de alguns afluentes do Córrego Palmital, uma região com capoeiras e pontos úmidos (há água boa).

Voltando para o sul, a rota em apagada trilha atinge a Casa de Tábuas, ponto determinado para pernoite. Este primeiro trecho totaliza aproximadamente 16,6 km.

 Este é o trecho mais longo dos três dias da Travessia, por isso recomendável iniciar a pernada no máximo às 9h00. Aproveite para visitar as quedinhas no Rio do Peixe na região do Travessão. Localizam-se à esquerda da trilha de subida da Travessia (podem ser visualizadas desde a trilha), sendo um ótimo ponto para refrescar-se em uma área ausente de sombreamento.

Vista sudoeste do interior do Parque
2 A partir da Casa de Tábuas, a rota mantém a direção predominante sul-sudeste, com partida em aclive pelos campos rupestres, contornando uma capoeira ciliar do Córrego Palmital por trechos com ou sem trilha pisoteada.

Em dias claros é possível observar parte do trecho a percorrer. Atingido um morrote, nova trilha ressurge e, em declive suave permeia nova capoeira margeando alguns exemplares de canelas de ema que impressionam pelo seu tamanho.

A partir desse ponto, apagados sinais de trilha ressurgem e direcionam para uma capoeira mais encorpada que recobre a base oeste de um morrote. Apesar da entrada um pouco ainda confusa, no interior da capoeira a rota percorre os velhos sinais de antiga e erodida trilha, portanto facilitando a navegação.

Ao final da capoeira a velha trilha emerge em campo aberto repleto por afloramentos rochosos, permitindo amplo visual norte e oeste do interior do Parque (foto). Prossegue em leve aclive passando por uma tronqueira e margeia um pequeno cocuruto, cujo topo há novamente canelas de ema gigantes.

Mesmo com a presença de neblina a Serra do Lopo marca o lado leste
Agora na direção sudeste e alternando trilhas de vaca, a rota prossegue por um trecho de campo em leve aclive, seguindo na direção do ponto mais elevado dessa porção do Parque Nacional, que alguns chamam Pico do Curral (foto).

É feito o contorno do Pico pelo lado oeste, permeando entre as rochas e passando por uma abertura em uma cerca de arame.

Continuando por campos entre rochas, após o contorno do Pico a rota intercepta uma outra velha trilha de vaca, que percorre o fio do morro rodeado por campos espetaculares.

O visual é estonteante e desimpedido pelos lados oeste, leste e sul. Ao norte, sobressai o topo do pico contornado, permitindo constatar que é facílimo alcançá-lo por esse lado.

A velha trilha prossegue pelo campo até que, ao centro do penúltimo morro avistado na sequência dá-se uma guinada sudoeste sem trilha definida e em forte declive. Chega-se então a um estreito vale, cabeceira das nascentes da Cachoeira das Posses. Nesse mesmo vale cruza uma velha cerca de arame. Imediatamente inicia novo aclive por misto de campo e rochas; portanto também sem trilha marcada.

Ponto mais elevado do Parque. Ao fundo, Serras do Cipó e Lapinha
Atingido o topo do morrote, um misto de rochas e campos, o visual novamente impressiona. À leste/sudeste as Serras do Lobo, Linhares e dos Alves; e porções sul do Parque. É possível observar ao norte, muito distante a Serra da Lapinha (foto). Este é um bom ponto para descanso e contemplação.

Após, novamente forte declive por um trecho repleto de rochas e ausente de trilha. O fundo de outro vale encharcado é atingido. Não há água corrente no local, apenas pocinhos de água parada fruto do escorrer dos morros adjacentes.

Atualização Importante: A rota foi ajustada nesse ponto: da cerca de arame até o vale seguinte. Agora faz-se o desvio desse morrote pela sua direita. Há relativo pisoteio no trecho.

Novo aclive sem trilha pisoteada; para no topo despontar em um imenso e suave campo aberto, que é percorrido em suave declive na direção sul.

Vastos campos ao Sul: Pico da Dalina ao fundo
Nova e velha trilha de vaca é interceptada, percorrendo-a por longo trecho (foto). Hipótese seria passar pelo topo do último morrote de campos, porém a rota desvia mais abaixo.

Ao se aproximar de uma área com pequena mata avistada à direita, a trilha toma rumo sudoeste em direção a uma cerca de arame; onde há uma trilha batida sentido oeste-leste, que segue em direção ao topo dos Borges.

Na direção contrária, percorre-se esta trilha batida que direciona à oeste sem variações em terreno plano. Uma porteira e um ponto de água são cruzados e adentra-se em uma bela e inusitada mata atlântica.

Após uma saída à direita, novo curso d'água é cruzado e a trilha batida emerge no pasto adiante, chegando na Casa dos Currais em poucos metros, ponto determinado para pernoite. Este segundo trecho totaliza aproximadamente 11 km.

 Em todo o trecho entre a Casa de Tábuas e a Casa dos Currais há escassez de água. Somente há ponto perene de água já se aproximando da mata atlântica bem próxima aos Currais. Por isso, não deixe de se abastecer suficientemente na Casa de Tábuas. Eventuais outros pontos de água pela rota são distantes, escassos ou temporários.

Os vastos campos no terceiro trecho da Travessia. Isto é de uma beleza de difícil descrição...
3 A partir da Casa dos Currais a trilha segue em aclive por uma velha trilha sentido sul, permeando longo trecho de campos (foto).

Ao se nivelar impressiona o Pico da Dalina adiante, bem como a própria área de campos em suaves campinas, emolduradas ao fundo com os topos da porção Sul do Parque Nacional.

Este trecho de trilha é bem marcado e não há nenhum ponto de água nos arredores. Impossível não observar a fragilidade do ecossistema.

Inesperadamente e aparentemente sem motivo algum, o traçado oficial deixa a velha e batida trilha sentido sul e agora segue por campo ausente de trilha em suave declive para o sudeste. Ultrapassa um ponto de água (temporário) e uma velha cerca de arame que 'parece' ser limite do Parque; para em aclive e por restos de trilha de vaca atingir um curral de arame mais acima" (leia observações abaixo, ilustrada com uma imagem).

Vista extra-parque: Cabeceiras do Cânion Boca da Serra ao centro.
Ao fundo, à esquerda Serra do Bongue; à direita Serra dos Alves
A partir do curral, a área do Parque Nacional já ficou para trás; adentrando agora em terras da Cia. Vale. Uma trilha em declive sai do curral e intercepta outra mais batida vinda desde oeste logo abaixo.

Em declive e com alguma erosão na trilha, o visual próximo e à frente do Cânion Boca da Serra emoldurado ao fundo pela Serra dos Alves impressiona (foto). É possível desviar alguns metros da trilha e contemplar a beleza das cabeceiras do cânion...

Sem variações a trilha prossegue campo abaixo, passa ao lado de uma destoante casa verde em ruínas.

Logo abaixo ignora uma trilha à direita que leva ao interior do cânion Boca da Serra e Cachoeira da Luci. Estabilizada, a trilha passa em frente à antiga e desativada Pousada da Luci.

Pico da Dalina acima do Cânion Boqueirão
A partir desse ponto a trilha vira uma estradinha 4 x 4 em péssimo estado. Pouco abaixo em um trecho sombreado, há uma saída à esquerda que em poucos metros levará à Cachoeira dos Cristais.

Na sequência e logo abaixo há à entrada oficial dessa cachoeira. Dois pontos de água são cruzados para em declive atingir as margens do Rio Tanque.

Dali, cruza o rio e intercepta uma estradinha vicinal que vem do norte. Tomando à direita seguirá para o arraial da Serra dos Alves, que já é avistado desde a descida da Pousada da Luci. Este terceiro trecho totaliza aproximadamente 11 km.

 Em todo o trecho entre os Currais e a Serra dos Alves somente há ponto perene de água no interior do Cânion Boca da Serra; nos fundos da Pousada da Luci; na Cachoeira dos Cristais e pouco antes do Rio Tanque; ou seja, todos já na parte final da rota. Por isso, não deixe de se abastecer suficientemente nos Currais. Eventuais outros pontos de água são escassos e temporários.

Imagem  GE do trecho que achei duvidoso.
A rota na cor magenta é a Oficial que recebi.
A na cor vermelha é a que desenhei após a realização da Travessia,
seguindo a trilha já consolidada que existe no trecho
(na verdade existe uma continuação até um ponto mais abaixo,
que marquei encontro de trilha, mas preferi manter até
apenas o curral de arame para facilitar).
►► Particularmente não achei justificável o desvio apresentado na parte final do terceiro dia nas proximidades dos limites do Parque Nacional com a área da Vale (Veja imagem).

Quem baixar a rota que disponibilizei no Wikiloc constatará que até dei uns giros nos arredores tentando encontrar motivos; porém não encontrei nada significativo; a não ser uma água temporária que cruzamos no fundo do pequeno vale.

Nesse trecho há uma trilha consolidada que faz um contorno sul-leste que favoreceria o deslocamento (a mesma que vínhamos seguindo e deixamos em favor desse deslocamento sem trilha), não sendo necessário percorrer área de campos sem trilha definida.

Pelo que entendi, isto fora fruto de algum atalho quando do trabalho de campo que ocasionalmente permaneceu na rota distribuída pelo Parque.

De todo modo, é um trecho curto, onde é possível navegação visual e não oferece complicações. Recomendo àqueles que baixar e utilizar a trilha que disponibilizei no Wikiloc, ao chegar no ponto "Sair à esquerda  - Trecho sem trilha"; por favor ignore a saída evitando o desvio e siga pela trilha batida no sentido sul, em direção ao Pico adiante. Em pouco tempo fará uma guinada para leste e interceptará novamente a rota no ponto "Curral de Arame".

► Atualização Junho 2016: O Parque Nacional da Serra do Cipó corrigiu esse trecho em desvio por área virgem que julguei estranho. Coincidindo com a minha opinião, o Parque manteve a rota consolidada no trecho, o que sem dúvidas foi a opção mais adequada.

Então, ao percorrer o trecho ignore eventual saída à esquerda e se mantenha na trilha. Você continuará no sentido sul por curto trecho e fará uma curva para o leste, cruzará uma porteira da cerca divisória Parque-Vale e começará a descer sentido cabeceiras do Cânion Boca da Serra. Trecho tranquilo, em campo aberto e com visual, o que facilita a navegação.

Como realizar a Travessia


Atualização Agosto 2017:
As reservas para esta Travessia passaram a ser feitas através do ECOBOOKING e não mais em contato direto com o ParnaCipó

Cachoeira dos Cristais na parte final da Travessia, já fora da área do ParnaCipó
Contate o Parque Nacional da Serra do Cipó através do e-mail parna.serradocipo@icmbio.gov.br e faça sua solicitação.

Você irá receber alguns formulários e um informativo básico da Travessia. Preencha os formulários com os dados solicitados, assine o Termo de Responsabilidade e envie para a Administração da Unidade.

Estando tudo certo, o Parque retornará autorizando a realização da Travessia; enviando inclusive a rota oficial para uso em GPS; além de uma série de recomendações e informações.

Recomenda-se antecedência de 15 dias na solicitação e você poderá fazer a rota sentido Norte-Sul ou Sul-Norte. A cota diária de caminhantes é limitada a 30 pessoas. Segundo informações do Parque, em breve o sistema de reservas passará a ser feito de modo on line; porém a data ainda não foi informada.

Como chegar | voltar

Cidade referência: Belo Horizonte

 De ônibus

Ida: Viação Saritur (BH a Morro do Pilar) ou Viação Serro (BH à Conceição do Mato Dentro).
Desembarcar no km 121 da rodovia MG 10, logo após a estátua do Juquinha, na antiga sede Alto Palácio do Parque Nacional. É um ponto conhecido na região. Este acesso é totalmente asfaltado.
Volta: Para deixar a Serra dos Alves você terá que se deslocar ou até o distrito de Senhora do Carmo (aprox 15 km - estrada de terra) ou até o distrito de Ipoema (aprox 18 km - estrada de terra).

Há ônibus que liga o arraial ao distrito de Senhora do Carmo, porém apenas uma vez por semana. Eventualmente circulam em outros dias. Se informe na Empresa Santos (31 3831-2278).
De Senhora do Carmo a Itabira há estrada asfaltada (35 km) e ônibus em alguns horários diários. Se informe sobre horários e frequências na Empresa Santos (31 3831-2278) ou Empresa Marco Aurélio (31 3831-4537).
De Itabira pode-se embarcar diretamente para BH via empresa Saritur, com vários horários diários.
De Ipoema pode-se embarcar diretamente para BH via empresa Saritur. Há um horário à tarde, com linha oriunda de Itambé do Mato Dentro.

Importante:
Antes de realizar a travessia, mantenha contato com as empresas de ônibus via telefone ou confira no site das empresas Saritur e Serro todos os horários e frequências para não ser surpreendido.
Na Serra dos Alves é possível conseguir algum morador com automóvel para levá-lo até Senhora do Carmo (15 km - estrada de terra) ou Ipoema (18 km - estrada de terra).

 De carro:

Ida: Siga pela rodovia MG 10 até o km 121, logo após a estátua do Juquinha, na sede Alto Palácio do Parque Nacional. É um ponto conhecido na região. Este acesso é totalmente asfaltado.
Volta: por estrada de terra deixe a Vila da Serra dos Alves e se dirija até Ipoema. Em Ipoema siga para Santo Antonio do Amparo via estrada asfaltada; e depois prossiga pela BR 381 até BH.

Importante: 
Lembre-se que em Travessia início e fim da trilha se dão em locais distintos. Fundamental combinar com outrem o deslocamento in/out boca da trilha.

Observações finais


►►Leia o relato da nossa Travessia realizada no Carnaval 2016. Clique AQUI

 Esta Travessia faz parte de um Projeto Piloto, portanto adaptações na rota poderão ocorrer. Por isso é importante que montanhistas realizem a travessia, façam suas observações e relatem à Unidade de Conservação. 

 Esteja ciente: a Travessia não está suficientemente sinalizada. Há muitas saídas, entradas e passagens ainda confusas. Por isso, é importante que se percorra a rota com um gps; ou mesmo com a rota em smartphone. Percorrer a trilha com gps possibilita passagens quase sempre nos mesmos pontos, facilitando o pisoteio e assim consolidando o trajeto. 

 Apesar de longos trechos em campos, há muitos aclives e declives pela rota. Apesar de não serem intensos, esteja preparado. Igualmente é comum a presença de rochas e cascalhos em vários pontos. 

 Esta é uma Travessia com poucos pontos de água, em especial no trecho Casa de Tábuas-Casa dos Currais; portando abasteça adequadamente. Também há pouca sombra por todo o trajeto da Travessia, como é comum pelo Espinhaço. 

 A partir do Cânion do Travessão, pelo menos nesta fase do Projeto Piloto não há rota de escape consolidada. 

 Não há estrutura nos pontos de pernoite; portanto leve barraca e outros equipamentos. Apesar da presença dos antigos "abrigos" citados, estes são pequenos e precários. Embora possa bivacar no interior dos mesmos, não vá afiançado nessa possibilidade; pois é difícil saber o número de montanhistas que estarão na rota. Então, vá preparado para acampamentos no estilo natural, com banho predominantemente em córrego.  

 Não há sinal de telefonia móvel pelo trajeto; muito menos energia elétrica. 

 A antiga sede Alto Palácio do Parque Nacional é um ponto isolado, sem vizinhança ou comércio nos arredores. 

Não faça fogo em hipótese alguma na Unidade: a vegetação do Parque é muito frágil e se incendeia com facilidade. E por favor, leve sempre o seu lixo!

 Por enquanto, não há cobrança de ingressos; ou uso de trilha; ou uso de camping no ParnaCipó.

 Recomendo a realização da rota sentido Norte-Sul (Alto Palácio a Serra dos Alves); pois ao final além de ter algumas cachoeiras como prêmio, você encontrará menores aclives pela rota e terminará a travessia em um arraial com algum comércio. Na Serra dos Alves há pousada, restaurante, bar e mercearia.

►►Ao realizar a Travessia, apresente ao Parque suas críticas e elogios. Isto pode ser importante para eventuais tomadas de decisões. Se possível, tiver algum tempo para dedicar e em especial se residir mais próximo ao Parque, estude a possibilidade de se tornar um voluntário da Unidade. Quando participamos das atividades e dos processos; e nos disponibilizamos em ajudar de alguma forma, os resultados são sempre mais satisfatórios. Entre em contato com a Unidade e se informe como proceder para se tornar um voluntário!

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Bons ventos!

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